Capítulo 17 - Choque.

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Serena Narrando

  Naquele dia depois de irmos embora do parque de diversões, nós fomos deixar Sam em casa, depois foi a minha vez, e em seguida o Josh e a Mel.
Sendo sincera, eu não sei se ele ia deixá-la em casa, ou se eles iam dormir juntos, e nem quero saber.
  A tarde foi exaustiva e eu não via a hora de tomar uma ducha quente, vestir meu moletom e tirar um cochilo antes do jantar.
  Ao entrar em casa me deparei com mamãe na cozinha com um pano envolto na mão encharcado de sangue.
  Ela havia se cortado com uma faca, e apesar dela afirmar que não era preciso eu a arrastei para o hospital.
  Chegando lá, o médico examinou a mão dela com cautela e nos disse que como o corte era um pouco profundo teria que levar pontos.
  Quando finalmente voltamos para casa já era noite, exausta por passar quase três horas no hospital, levei mamãe para o quarto e a acomodei para dormir.
  Em seguida, eu fui para o meu quarto e me deitei na cama, pegando no sono quase que instantaniamente e acabei nem tirando os tênis para dormir.

Sam Narrando

  Desde que eu acordei, nunca tinha me sentido como senti a pouco. Feliz.
  Depois que acordei do coma não há sequer um dia em que eu não tente me lembrar do que já viví.
  E a cada tentativa falha, eu me entristeço mais.
  São momentos como esse que presenciei a pouco, que me fazem querer viver e que me incentivam a tentar me lembrar novamente.
  Quando minha mãe me falou da cirurgia, eu meio que fiquei em dúvida, não é de certeza que a cirurgia me faça lembrar de tudo o que eu perdí com o acidente, mas o que me fez ter certeza de que eu queria fazer essa cirurgia foi o fato de saber que se um dia eu fui completamente apaixonado pela Serena, eu poderia me apaixonar por ela novamente, e, pelo que parece, isso está acontecendo.
  Não há só um dia em que ela tente se aproximar de mim, e dizer que eu vou ficar bem.
  Para mim esse fato em sí já é uma grande prova de que Serena Madson está arrependida do que fez comigo no seu aniversário.

Melissa Narrando

  - Oi Serena, entra. O que houve com você ? - Pergunto com um certo receio de ouvir a resposta.
  - E..e..eu..fu...fui. - Serena gagueja tanto que eu decido interrompê-la.
  - Calma, calma. Me espera aqui.
Entro na cozinha com pressa, se algo aconteceu com a Serena isso não é nada bom a julgar pela forma que ela se encontra.
  Pego um copo de vidro, meio ele com água, e acrescento duas colheres de açúcar.
  Ao voltar para a sala, Serena ainda está tremendo, e uma lágrima escorre do canto de seu olho até o canto da boca.
  - Toma aqui. - Falo carinhosamente com ela.
  - Obri...obrigado. - Serena diz forçando um sorriso.
  - Agora, eu quero que você me conte o que houve pra você chegar aqui às dez horas da noite nesse estado. Amiga, parece até que você viu uma alma.
Após um instante de silêncio, Serena fecha os olhos, respira fundo, e começa a falar.
  - Eu estava dormindo em casa, quando acordei com minha mãe me chamando do seu quarto, então eu me levantei e fui até lá. Quando cheguei ao quarto dela, eu pude ver os lençóis brancos com manchas de sangue. - O corte da minha mãe voltou a sair sangue mesmo com os pontos, que acabaram se soltando, quando dormindo, mamãe virou por cima da mão, que por estar sendo amassada pelo peso do seu corpo, forçou os pontos, até que eles abrissem, então mamãe pediu pra mim ir a farmácia para comprar umas coisas para colocar na mão até amanhã, nós tínhamos acabado de chegar do hospital, e estávamos exaustas. A mamãe não queria ir pro hospital duas vezes em um dia para pontear a mão, então, como havia uma farmácia há dois quarteirões da minha casa, eu decidi ir a pé.
  -Pera aí ! Como sua mãe cortou a mão ?
  - Com uma faca. - Serena respondeu rapidamente.
  - E o que aconteceu para você estar assim ?
  - Deixa eu terminar. - Fala fazendo uma pausa - Quando eu estava voltando da farmácia com as coisas da mamãe, eu encontrei dois caras brancos altos e musculosos que me pararam e me arrastaram para um beco meio escuro, então quando eles estavam prestes há me estuprar, um homem passou em frente ao beco, então eu gritei por socorro.
  - E aí !? - Pergunto já nervosa.
  - Pra minha sorte, era um policial que estava de folga e vinha passando por ali, então ele entrou no beco, acendeu a lanterna, e pegou o revolver. Em seguida, ele mandou os garotos sem afastarem de mim, e chamou por reforços que depois de chegarem levaram os caras, então ele me perguntou se eu estava bem, e se eu queria fazer o exame de corpo de delito, mas eu me recusei. Então ele se ofereceu para vir me deixar em casa, mas eu pedi para ele me trazer pra cá, eu não queria chegar em casa nesse estado, a mamãe iria ficar preocupada, e quando eu a contasse o que tinha acontecido ela iria se culpar.
  - Ai meu Deus Serena, você tá bem mesmo ? - Pergunto preocupada.
  - Sim, eu tô bem.
  -Ainda bem. Eu não desejo isso a ninguém Serena, é muito horrível e repugnante.
  - Agora, por favor, vamos me deixar em casa, a mamãe deve estar preocupada.
  - Claro que sim. Eu nunca deixaria você ir pra casa à noite sozinha, depois do que você me contou. Só vou pegar o carro, avisar a minha mãe, e vamos okay ?
  -Okay. Tudo bem.

~Sexta 03 De Novembro De 2016~
               08:30 da manhã.

Josh Narrando

  Hoje eu acordei com o espírito de aventureiro, e adivinha.
  Decidi ir buscar o Sam para fazer trilha nas montanhas comigo.
  Agora nós estamos subindo as montanhas conhecidas como "Montanhas Stone".
Significa, "montanhas pedra" por serem cheias de pedras e rochas.
  - O que você está achando cara ? - Pergunto para Sam enquanto andamos na trilha entre grandes rochas.
  - Legal. Eu nunca tinha feito trilha, então tô gostando bastante.
  Ouço um celular apitar, informando novas mensagens.
  - Eu não acredito que você trouxe o celular pra fazer trilha, e que tá dando sinal aqui no meio desse monte de pedra e rocha.
  - Espera, é mensagem da Melissa.
  - Por que ela mandaria mensagem pra você sabendo que a gente tá fazendo trilha ? - Pergunto confuso.
  - Cara eu não faço a menor... - Sam para de falar de repente como se tivesse se assustado com algo.
  - O que foi cara ? Aconteceu alguma coisa com a Melissa !? - Pergunto meio desesperado.
  - Não, foi com a Serena. - Sam diz meio em choque.
  - E o que houve com ela ? Fala logo cara, você tá me deixando nervoso.
  - A Serena quase foi estuprada ontem. - Sam fala preocupado.
  - O quê ? Como ? - Pergunto ainda mais confuso.
  - Vamos voltar. No caminho eu te conto.
  - O quê ? Mas... - Logo sou interrompido.
  - Mas nada. Eu vou voltar agora pra apoiá-la, mas se você quiser ficar pra ir sozinho, é você que escolhe ! - Sam fala com firmeza na voz.
  - Tá bom, eu vou. - Falo meio decepcionado.

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