Capítulo 33 - Canalha.

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~Terça 21 De Novembro De 2016~

                No Mesmo Dia

Serena Narrando

  Sinto uma mão tocar meu ombro fazendo-me dar um pulo e um grito pensando em ser Alex.
  Alívio percorreu meu corpo ao perceber que se tratava de minha mãe.
  Viro-me rapidamente de frente para ela e abraço-a fortemente.
  Lágrimas insistem em cair de meus olhos e o tremor que percorre meu corpo parece que não vai passar.
  Sinto ela afagar meus cabelos e ouço-a falar que vai ficar tudo bem.
  Instantes depois, afasto-me um pouco dela e vejo sua expressão confusa.
  - Agora, você vai me falar o que aconteceu e o que você faz aqui essa hora. - Minha mãe diz firmemente fazendo-me estremecer.
  Não posso contar a verdade para ela. Apesar de tudo, eu ainda terei que fingir que voltei a namorar com Alex em breve.
  Olho em sua direção e percebo que ela ainda espera uma explicação.
  Sem tempo de pensar em algo eu simplesmente falo a primeira coisa que veio em minha mente :
  - Eu fui assaltada.

                             []

  Depois de contar essa mentira a minha mãe, voltei para casa acompanhada por ela.
  Ao chegarmos, encontramos Melissa deitada no sofá dormindo tranquilamente.
  Eu dei a minha mãe a mesma desculpa que havia dado à Melissa. Disse que ia ao mercado.
  Até que se tornou uma ótima desculpa, quem iria desconfiar disso ?
  Eu estava indo ao mercado e fui assaltada no caminho.
  Sinto-me uma péssima filha em ter que mentir para minha mãe.
  Ela não merece isso, mas se eu dissesse que Alex tinha tentado me estuprar ela nunca iria aceitar que eu voltasse com ele depois.
  Vou em direção à cozinha e bebo um copo d'água.
  Em seguida volto para a sala e acordo Melissa com a desculpa de leva-la para descansar em meu quarto.
  - Preciso desabafar Mel. - Falo lembrando do acontecido e sinto uma lágrima descer por minha bochecha.
  Ao perceber que eu estava chorando, Melissa arregala os olhos e se aproxima de mim abraçando-me fortemente.
  - O que aconteceu ? - Ela pergunta preocupada.
 
                            []

  Depois de contar tudo para Melissa escuto ela xingar Alex de todas as formas possíveis.
  Minha amiga sempre protetora.
  - Não acredito nisso ! Aquele filho da mãe tentou te estuprar ! - Melissa diz incrédula.
  Arregalo os olhos ao perceber que ela falou um pouco alto.
  - Xiiiii. - Falo com o dedo na boca. - Fale baixo. Minha mãe não pode escutar. Lembre-se que eu menti para ela. - Digo o mais baixo possível.
  Melissa assente e senta-se ao meu lado na cama.
  - Amiga, eu sei que isso tá sendo uma barra pra nós duas, mas nós temos uma à outra. Eu sempre vou estar ao seu lado para te ajudar em momentos difíceis assim como eu sei que você fará comigo. - Ela diz e me abraça novamente.
  Nesse momento me sinto amada. Eu nunca me senti tão acolhida em um momento de fragilidade.
  Por isso eu me orgulho até hoje de ter me tornado amiga dessa garota maravilhosa.
  Melissa faz isso com as pessoas, ela faz todo mundo se sentir especial.

Sam Narrando

  Sinto meu rosto levemente inchado pelo choro.
  Eu peguei meu celular, coloquei o fone de ouvido e coloquei a playlist automática pra tocar.
  Desde ontem a minha rotina tinha sido essa.
  Levantar, escovar os dentes, tomar banho e me deitar novamente.
  Na hora do almoço, Josh veio me chamar mas eu disse que não tinha fome.
  Ele estava um lixo.
  A roupa amassada e cabelo assanhado evidenciavam isso.
  Não é para menos, parece que Serena e Melissa haviam combinado um término coletivo.
  Ontem Serena terminou comigo e hoje mais cedo Melissa veio aqui na minha casa terminar com Josh.
  Não tenho nem palavras para expressar o que eu venho sentindo desde ontem e isso só piorou quando eu soube que Melissa também havia feito isso com Josh.
  O cara é louco por ela.
  Eu ouvi a discussão calorosa deles.
  Ou melhor, o que Josh disse, porquê a voz de Melissa era quase inaudível.
  Levanto-me da cama ao olhar a hora no celular e ver que já são quase seis horas da tarde.
  Tiro o fone dos ouvidos, guardo-os na gaveta do criado-mudo e vou para o banheiro tomar banho.
  Troco de roupa quando saio do banho e desço para jantar.
  Estou começando a sentir fome.
  Ontem no almoço eu só fiz revirar a comida no prato. No jantar eu nem sequer me dei o trabalho de descer para comer. - Sabia que não conseguiria.
  Hoje pela manhã eu comi uma torrada e no almoço eu só tomei um copo de suco de laranja.
  Agora será a primeira refeição que vou comer direito desde ontem.
  Ao chegar na cozinha encontro meu pai sentado na ilha da cozinha e minha mãe escorada no fogão.
  Meu pai me vê e sorri falando :
  - Ei filho, como você tá ? - Ele pergunta e chama a atenção de minha mãe que se vira e me vê sorrindo levemente em minha direção.
  - Tô bem pai. - Falo e tento sorrir.
  - Querido, tá com fome ? - Minha mãe pergunta mantendo o sorriso no rosto.
  - Sim. Onde está o Josh ? - Pergunto olhando de um para o outro.
  - Na sala, eu acho. - Meu pai diz e volta a olhar para minha mãe.
  Eu assinto e vou em direção a sala.
  Chego lá e encontro Josh sentado no sofá com a cabeça inclinada para trás e a boca aberta.
  A televisão está no mudo em um canal de filmes e séries.
  Pego o controle-remoto em cima do centro e desligo a TV.
  - Josh. - Falo em um tom calmo tentando não assusta-lo. - Josh ! - Chamo novamente em um tom mais alto e dou um leve empurrão em seu ombro.
  NADA.
  - Josh ! - Chamo um pouco alto dessa vez, fazendo-o dar um leve pulo no sofá.
  - Que foi ? - Ele pergunta em um misto de susto e raiva.
  - Vem, vamos subir. Você precisa tomar um banho.
  Ele resmunga alguma coisa e se levanta.
  Passo o braço envolta de seu ombro e levo ele até a escada.
  Chegando lá, tiro o meu braço do seu ombro e dou espaço para ele subir as escadas.
  Ao chegarmos em seu quarto, levo ele até o banheiro e falo :
  - Não me obrigue a te dar banho cara. Isso me daria uma vida de pesadelos.
  Ele sorri pela primeira vez e me mostra o dedo do meio.
  - Eu ainda consigo tomar banho sozinho imbecil.
  Sorrio e reviro os olhos com seu comentário.
  - Daqui a pouco eu venho te chamar pra jantar okay ? - Eu pergunto e ele assente começando a tirar a camisa.
  Saio do seu quarto e vou para o meu enquanto o jantar fica pronto.
  Quando entro no meu quarto e olho para a cama, é inevitável lembrar de Serena na noite da festa deitada na minha cama com aquele olhar de luxúria e desejo encarando-me naquele pequeno vestido preto que me deixou levemente excitado.
  Então, lembro-me das cartas que ela escreveu quando eu estava em coma e me recordo de Josh falando que elas haviam sido guardadas nas caixas da pequena despensa do meu quarto.
  Eu nunca cheguei a ler nenhuma, mas isso está prestes a mudar.
  Entro no local onde as caixas estão e abro uma encontrando as cartas com a letra bem desenhada de Serena.
  Sinto novamente aquela sensação que tanto me assombra desde ontem e enxugo a lágrima que começa a cair com o dorso da mão.
  Pego uma e começo a ler.

  Querido Sam...

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