Capítulo 1

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  Toma um pouco do café e solto um sorriso ao senti-lo passar pela minha garganta. Poucos cafés eram como esse, mais esse ano a colheita foi muito melhor. Não diria que amo café, apenas sou uma grande apreciadora de um bom café. Chego a lembrar de minha infância.

  Eu amava quando minha mãe me chamava para tomar café da manhã. Ela sempre dizia: ''Café ou leite meu bem?'' Tinha dias que bebia café, outros bebia leite mas nada como um bom café com leite.

  Eu cresci em um lugar muito bom, mas eu era rodeada de solidão. Eu vivi estudando, minha casa era distante da cidade grande, eu não ia para escola ou ao menos saia de casa, minha mãe comprava tudo que eu precisava nada de mais nem de menos. Era tudo o necessário.

  Fui preparada para ser dona de uma fabrica. Quando entrei para faculdade eu consegui fugir e fazer oque queria, ser escritora. Com uma grande imaginação, sonhos, esperanças, tristezas, é o que eu queria para mim. Felizmente atingi meu objetivo e consegui escrever um livro.

  A garçonete chega com um largo sorriso.

- Amabel? - Diz a garçonete com um bloco de anotações. Ela aparentava ter 16 anos, uma bela jovem.

- Senhorita Amabel Byrne pra você! - Digo enquanto tomava mais um pouco do café.

- Claro...

  Nunca gosto que me chamem de Amabel. As únicas pessoas que me chamava de Amabel era meus pais e isso era oque eu menos queria lembrar. Abro o caderno em que estava escrevendo o meu segundo livro ''Esperando por esperar''. Ainda não tenho capítulos prontos mais tenho em mente a história. Bato com o lapis na mesa para tentar pensar em como devo escrever mas nada vem em minha mente.

  Vejo a garçonete trazer uma bandeja que contia um bolo de baunilha e um copo com um líquido vermelho. Minha raiva sobe ao ver ela trazendo aquela coisa. ''Hahaaa!'' Bato com a mão na mesa me levantando.

- Você sabe que eu odeio bolo de baunilha. Na verdade eu não odeio, não suporto! - Bato na bandeja e tudo que havia ali cai.

- Amabel...

- Pare de me chamar assim. - Passo a mão em meus cabelos. - Não precisar trazer mas nada.

  Ela treme e esbarra em um homem que a segura pelo braço.

- Tudo bem mocinha? - Diz o homem atras dela.

  A garçonete apenas pega o bolo do chão se vira e se vai.

- Precisava tratar ela assim? - Diz o homem.

- Não é da sua conta!

  Apenas me viro e me sento novamente. O homem se senta de frente para mim e me encara. Ele tem cabelos encaracolados e uma barba mal feita, seus olhos são castanho escuros e usa o capuz de seu casaco vermelho.

- Você é tão ruim assim?

- E você é tão... É tão... Tão...

- Já se embolou muito. Sou Alexander Davis, grande escalador, pintor, escultor. Com certeza um ótimo aventureiro. - Ele sorri e come um dos petiscos que estava na mesa.

- Não quero saber! - Me levanto pegando as minhas bolsas e indo em direção a porta.

  Começo a andar em direção ao meu apartamento. Tento respirar o frescor que pairava sobre o ar. Já é inverno e tenho que me apressar para tentar escrever algo, falta apenas dois meses.

  Não sei se consigo escrever algo em dois meses. A editora já esta desistindo de mim, se eu não conseguir continuar lá, não sei oque sera de mim. Eu não ganhei muito com o outro livro, minhas contas estão atrasadas e já estou cheia de dividas.

  Abro a porta do meu quarto e jogo a bolsa no sofá. Sento no sofá e procuro o livro na bolsa. ''Cadê meu livro?'' Grito. Tento procurar de novo quando ouço a campainha tocar.

- Quem é? - Digo abrindo a porta .

- Eu acho que alguém esqueceu algo! - Olho e vejo aquele homem da cafeteria.

  Eu solto um sorriso ao ver que meu livro estava em suas mãos. Um grande alivio cai sobre mim.

- Esse suspiro é por mim ou pelo livro? - Ele fica apoiado na porta com um largo sorriso.

  Pego o livro das mãos dele e confiro se ele não fez nenhuma bobagem. Eu não ia aguentar a perda do livro. Olho a capa que era linda, é um vermelho de veludo com uns detalhes dourados.

- Gostei das anotações! - Ele sai da porta e se senta no sofá.

- Você é muito intrometido e abusado sabia? - Digo alto e em bom som.

- Mas tem alguns problemas... - Ele diz me ignorando. - Na ideia do livro.

  Dou uma alta gargalhada ao ouvi-lo falar tamanha besteira, ele não sabe de nada. Como alguém pode entrar assim na casa minha casa e fala tamanha besteira? ''Mas que idiota!''

- Sai da minha casa! - Grito. Ele se levanta e tenta falar algo. - Sai agora, vou chamar a policia.

  Ele vai até a porta e me olha nos olhos.

- Você precisa de mim Amabel. - Ele se vai e eu fecho a porta. Caio no chão e fito o teto até meu corpo cansar e adormecer...

IMAGINATION - 1 Série Contos E ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora