9. Amor

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Pi...Pi...Pi...Pi...

Tem dias que a gente acorda muito triste. Acorda triste por não saber o que quer da vida, não saber quem somos no mundo. Não saber se quem a gente ama, ama a gente de volta. Não saber se quem a gente ama, vai acordar bem amanhã ou não. A sensação angustiante de querer saber como a pessoa que você tanto ama está é simplesmente sufocante.

Kim Taehyung se sentia exatamente assim. Ele não acordou com o sorriso quadrado no rosto. Ele não sabia o sentido de continuar ali. Ele estava duvidando do amor que Jung Hoseok dizia sentir por ele. Taehyung se sentia inútil por não poder ir para outra cidade com seu amor por causa do Alzheimer, afinal, ele poderia se perder em qualquer esquina e não se lembrar do caminho de volta.

Talvez por isso ele estivesse se sentindo tão inútil quanto estava se sentindo agora. Era horrível. Era estranho. Ele não sabia descrever as sensações que estavam perambulando por sua mente e seu coração. Era tudo tão novo. E ele queria fazer aquilo parar, mas sabia que para isso ele teria de parar de amar o Jung, simplesmente porque a culpa era do amor. O amor é como uma droga. Ele pode te deixar louco, feliz ou pode simplesmente te matar aos poucos.

E por pensar de mais Taehyung se deitou novamente na cama e começou a chorar. Virado de barriga para cima e com o travesseiro em seu rosto ele derramou mais lágrimas. Aquela chuva de água salgada que caía de seus olhos não parava. As pessoas dizem que a lágrima mais pesada é aquela que não cai. E talvez por isso ele se sentia leve por deixar todas as lágrimas caírem.

Ele não confia em si mesmo quando está sozinho, tudo se torna mais ameaçador quando não tem ninguém. Hoseok pediu para ele permanecer forte enquanto o mesmo estivesse viajando. Mas ele novamente estava se sentindo fraco, e o pior de tudo era que, no momento em que ele não queria pensar em nada, ele estava se lembrando de tudo.

E enquanto isso, Jung Hoseok continuava trabalhando nos papéis de divórcio. Já era o quinto dia que passava longe de seu ruivinho, o dono de seu coração. É maravilhoso ter alguém para amar, alguém que você pudesse confiar qualquer coisa, o amor é como um arco-íris, todas as suas cores aparecem e pode até assustar alguns. Assim como o arco-íris, as cores só vem após a junção da chuva com o Sol, ou seja, da terrível vida de Hoseok com a felicidade de Taehyung.

Ele nunca imaginou que amaria um homem, sempre se julgou o mais másculo-hetero-pegador-de-mulher. Ele olhava para esse passado e ria de si mesmo. Como era ingênuo. Talvez ele poderia se considerar bissexual, mas neste momento ele não conseguia se imaginar em um relacionamento com uma mulher. E caso perguntassem, ele responderia que era homossexual sem hesitar. Mas e o relacionamento dele com a Somin? Aquilo não era atração, aquilo não era gostar, aquilo não era amor.

Nesse - finalmente - último dia de viver cercado por papéis e mais papéis contendo palavras que ele não ousaria pesquisar no dicionário para não se assustar com o nível decadente de seu vocabulário, ele estava feliz, estava pensando em quantos beijinhos iria dar no seu ruivinho. Talvez cem, talvez mil, talvez um milhão. Ele apenas pensava em dar amor e carinho ao garoto que ele tanto amava.

Ele pensou amar Somin, mas comparando o que ele sentia pela loira com o que ele sente pelo ruivo, ele poderia dizer que aquilo era uma mera atração, ou talvez nem isso, talvez fosse o seu subconsciente falando que ele deveria casar-se com uma mulher bonita e gostosa para ser respeitado entre os homens. Ridículo. Esse tipo de pensamento pode ser facilmente taxado de ridículo. Ter uma mulher desejada ao seu lado não te faz mais ou menos másculo ou melhor que outra pessoa.

Se eu ainda me lembrasse de você • VhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora