XXI

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Acordei confusa, abri os olhos devagar, para acostumar com a claridade que vinha das enormes janelas. Passei os olhos pelo quarto e encontrei Peter, sentado em uma cadeira, dormindo.
—Peter? - falei sentindo a garganta seca.
—Ally? Você acordou... - disse ele pulando da cadeira.
—Você pode me dar um copo d'água, por favor? - falei sentando na cama.
—Claro, eu pego... só não faz esforço, tá? - disse Peter antes de ir até o bebedouro.
—Obrigada... - falei pegando o copo e bebendo a água.
—E aí... como se sente? - disse Peter sentando na cama, ao meu lado.
—Não sei... normal?! - minha resposta saiu mais como uma pergunta. —Você sabe de alguma coisa?
—É... melhor eu chamar o Dr. Banner. - disse Peter antes de sair.

Depois de alguns minutos esperando ansiosamente, Peter voltou ao quarto, acompanhado de Banner e Stark.
—Olá Allyson, como se sente? - disse Banner se aproximando.
—Eu to bem... eu acho. - falei balançando os ombros. —E então? Como foi? - pedi ansiosa.
—Bom, como havia lhe dito Allyson, a cirurgia poderia ter consequências. Eu fiz tudo que seus pais disseram, mas infelizmente, não funcionou. Assim que eu desativei a parte do seu cérebro, a que controla essa sua condição, seu corpo todo desligou junto com ela. Essa condição faz parte de você e infelizmente... você não pode viver sem ela. - disse Banner com a voz fraca.
—Não, não pode ser. Tem que haver algum engano, tem certeza que fez o que estava nos papéis? Temos que tentar de novo... - falei sentindo os olhos arderem.
—Me desculpa Allyson, eu fiz tudo que pude. - disse Banner cabisbaixo.
—Não, não podemos desistir, vamos tentar de novo e de novo, está tudo nos papéis, tem que funcionar... - falei tentando conter as lágrimas.
—Já chega Allyson, se eles não querem te contar, eu conto, você teve três paradas cardíacas seguidas, quase te perdemos, não podemos mais arriscar sua vida!!! - disse Stark gritando.

Naquele momento, a dor que eu sentia no peito aumentou e eu já não conseguia mais conter as lágrimas.
—Ally, você tem que entender... - disse Banner, mas o interrompi.
—Eu... só quero ficar sozinha. - falei limpando o rosto molhado.
—Tudo bem... - disse ele assentindo.
Ele e Stark saíram imediatamente, mas Peter continuou lá, segurando forte uma de minhas mãos, até que a puxei, fazendo com que entendesse que, naquele momento, eu queria mesmo ficar sozinha.
Assim que todos saíram do quarto, um buraco negro tomou conta de mim, as lágrimas, antes contidas, agora corriam livremente pelo meu rosto, deixando-o molhado. Eu não conseguia acreditar, ou melhor, não queria acreditar que tudo tinha dado errado.

A brisa fria do entardecer, batia levemente no meu rosto, junto com algumas lágrimas, que ainda insistiam em cair. Estava sentada no terraço do enorme edifício das Idústrias Stark, tirei o soro e os aparelhos que se conectavam ao meu corpo e subi até lá, já que não aguentava mais ficar naquele quarto, quando ouvi alguém chamar meu nome.
—Ally? O que tá fazendo aí? Você deveria estar descansando. - disse Peter preocupado.
—Até parece Peter, essa droga não me deixa sentir nada. - falei com a voz engasgada.
—Hey, vai ficar tudo bem... - falou Peter, tentando me acalmar.
—Não Peter, não vai ficar tudo bem, não precisa fingir, essa droga não vai sair de mim e aqueles... quem quer que eles sejam, vão continuar vindo atrás de mim, ou pior, das pessoas que eu gosto, como minha avó e eu me odeio por isso. - falei irritada.
—Você não tem culpa de nada disso Ally, pare de se culpar. - Peter disse pegando minha mão.
—Eu tenho medo Peter... eu não quero perder mais ninguém. - falei aos prantos.
—Calma Ally, vamos proteger você e dona Amélia, nada vai acontecer. Eu prometo! - disse Peter me abraçando.
—Obrigada. - falei soluçando e tentando limpar as lágrimas.
—Tudo bem, você só tem que me prometer que vai deixar eu cuidar de você Ally. - disse Peter colocando um fio de cabelo atrás da minha orelha e eu assenti, terminando a conversa com um abraço. Um daqueles que só Peter Parker sabia dar.

continuum | peter parkerOnde histórias criam vida. Descubra agora