continuum | peter parker

XVI

Saí correndo do prédio sem saber o que fazer, chorava compulsivamente e sentia como se minhas feridas não fossem mais curar. Mas de uma coisa eu sabia, só tinha um lugar que eu queria estar, então caminhei a passos lentos até o cemitério Fields. Ao chegar lá, fui até o túmulo de meus pais e sentei em frente à eles.
—Oi mãe, oi pai, sinto tanto a falta de vocês. - falei passando uma das mãos na lápide. —Queria que estivessem aqui, pra me explicar o que está acontecendo. Porque o acidente de vocês foi planejado? Porque preciso ser protegida? E de quem? - falei soltando um longo suspiro.
—Se você voltar, poderemos explicar Ally. - ouvi a voz de Peter e o vi se aproximando.
—Qual parte do "não me segue" você não entendeu? - falei limpando algumas lágrimas que corriam pelo meu rosto.
—Qual parte você não entendeu? Não ouviu que você não está mais segura agora? - Peter falou sentando ao meu lado.
—Eu não quero te ouvir Peter, você mentiu pra mim!!! - falei voltando a chorar.
—Eu sinto muito Allyson, mas foi necessário... - ele disse com a voz fraca.
—Eu tenho que voltar. - falei depois de alguns minutos. —Preciso de respostas. - falei levantando e Peter me seguiu.

Assim que chegamos ao prédio, fui direto para a sala de Stark.
—Voltou rápido! - Stark debochou de mim, sentado em sua cadeira.
—Não estou aqui para brincadeiras, tenho perguntas a fazer. - falei grossa.
—Sinta-se á vontade! - ele disse apontando para as cadeiras, onde
eu e Peter nos sentamos.
—Quem planejou o acidente dos meus pais e está me perseguindo? - vomitei as palavras de uma vez.
—Não sabemos exatamente quem eles são... - Stark disse com as mãos na cabeça.
—Porque eles querem ficar comigo? O que eu tenho de tão valioso, que precisa ser protegido? - falei com receio da resposta.
—Allyson, quando você ainda era pequena, seus pais descobriram que você era especial. Quando você caía e se cortava, seus machucados saravam quase que instantaneamente, quando você quebrou o braço, seus pais te levaram ao hospital, mas ao chegarem lá, o braço já estava curado. Então eles começaram a pesquisar sobre a sua condição e descobriram que você tem a habilidade da Cura. - Stark falou andando em círculos.
—E o que isso significa? - falei um pouco confusa.
—Significa que você consegue restaurar a saúde e a vitalidade de seres vivos. Resumindo, você é capaz de curar a si mesma ou mais pessoas e, como nunca te analisamos, não sabemos ao certo em qual nível você está, provavelmente um inicial, já que nunca trabalhou esse poder. - ele disse sentando ao meu lado.
—Como eu nunca descobri isso? - falei tentando processar as informações.
—Seus pais passaram a vida fazendo de tudo para esconder isso de você e de todos, eles queriam que você tivesse uma vida normal, por isso mesmo só vieram até nós quando suas pesquisas foram roubadas. - ele disse com a cabeça baixa.
—Como assim? - falei confusa.
—Seus pais foram uns dos maiores pesquisadores dessa sua condição, desde que descobriram, eles fizeram de tudo para se informar do assunto. Até que um dia, eles chegaram em seu escritório e as pesquisas não estavam mais lá, foi quando eles vieram até nós. - disse Stark.
—Foram essas mesmas pessoas que roubaram? - falei ligando os pontos.
—Provavelmente... - disse Stark.
—Então se eu entendi bem, meus pais morreram por minha causa? - falei sentindo a dor no peito voltar.
—Não, não foi sua culpa Ally... - Peter disse me abraçando.
—É claro que foi Peter, é tudo minha culpa... - falei me levantando.
—Ally, se acalma, por favor... - disse ele me seguindo.
—Vocês escondem isso de mim e agora pedem pra me acalmar? - falei sentindo as lágrimas caírem.
—Allyson, você precisa ouvir... - Tony tentou falar mas o interrompi.
—Não, eu não quero mais ouvir, só preciso ir pra casa. - falei indo até a porta. —Mais uma coisa... minha avó sabe disso? - falei antes de sair.
—Não, seus pais eram os únicos da família que sabiam... - disse Stark e eu assenti, abrindo a porta.
—Ally, deixa que eu te levo... - Peter disse se aproximando.
—Não Peter, eu quero ficar sozinha, vê se entende dessa vez. - bati a porta e saí, os deixando para trás.