𝟎𝟐. Capítulo 2

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Jungkook não voltou.

Quando Taehyung acordou no dia seguinte, com os olhos inchados de tanto chorar na noite anterior, Jungkook não estava lá. Na verdade, nenhum vestígio de seu namorado estava lá. Aparentemente, ele tinha voltado tarde, muito depois de Taehyung adormecer sozinho, para arrumar todas as suas roupas e sapatos. Ele levou, inclusive, os seus produtos de higiene pessoal, já que ele e Taehyung usavam marcas diferentes. Jungkook tinha conseguido arrumar e levar tudo sem acordar o mais novo. A única coisa que deixou para trás foi uma nota e um monte de dinheiro, que cobria a sua parte do aluguel por dois meses. A nota dizia:

Sinto muito Tae, mas não posso ficar com você se ficar com o bebê. Não posso criar um filho. Você conhece todos os planos que eu tinha para nós dois, mas deixou uma criança atrapalhar tudo isso. Eu me recuso a desistir da minha vida para começar uma do zero por causa de um bebê que você não precisa manter. Alguém que você nem conhece. Eu sei que é difícil ser pai solteiro, e sinto muito por ter feito isso, mas quero viver a minha vida e queria que você tivesse desejado viver a sua também.

Com amor,

Jungkook.

Aquele bilhete deixou Taehyung tão desesperado que ele teve que enviar um e-mail para seus professores, de forma a avisar que não iria às aulas daquele dia. Felizmente, era sexta-feira, mas ele tinha reuniões de clubes extracurriculares nos fins de semana, então teve que enviar mensagens para os chats dos respectivos grupos para avisar que não poderia comparecer.

Todo o seu ser doía demais para sequer sair da cama e tomar banho. Por um tempo, ele apenas releu o bilhete repetidas vezes, chorando tanto que seu estômago e cabeça doeram. Ele queria odiar o bebê que carregava, queria correr para uma clínica de aborto e dizer-lhes para se livrarem dele imediatamente, mesmo que, a essa altura, não o fosse possível fazer. Mas ele não conseguiu. Ele não conseguiu odiar o bebê, porque ele não pediu para estar ali, e ele não podia odiar ou culpar alguém tão inocente. Então, ele quis se odiar, porque como ele poderia não pensar em como esse bebê impactaria tão negativamente a vida dele e de Jungkook? Como ele poderia esperar que Jungkook largasse tudo por um bebê que ele não precisava querer? Como ele poderia estar arrasado e com raiva porque Jungkook escolheu seu próprio caminho, exatamente como Taehyung escolheu o dele?

De certa forma, havia sido ele quem jogou fora cinco anos por alguém que somente sabia da existência a pouco mais de um mês.

— Não... não! — Taehyung murmurou enquanto balançava a cabeça e agarrava os cabelos de cada lado, tentando afastar os pensamentos de sua cabeça. Jungkook escolheu errado. Taehyung escolheu certo. Certo? Jungkook jogou fora cinco anos de relacionamento, não Taehyung. Certo?

Ele pegou o celular no local onde o jogou horas antes, depois de perceber que Jungkook o havia bloqueado em tudo. Ele rapidamente discou o número de Hoseok e, assim que o amigo atendeu e escutou o "oi" choroso do mais novo, não deu tempo para que Taehyung dissesse mais alguma coisa.

— Estou indo. — Falou e desligou logo em seguida.

Hoseok chegou quinze minutos depois com duas sacolas de uma loja de conveniência. Uma estava cheia de todo o tipo de besteiras, desde barras de chocolate a cheesecake de morango e muitos outros. O outro trazia duas latinhas de brisa do mar.

— Porque trouxe brisa do mar, Hoseok?

Taehyung perguntou, ao que Hoseok respondeu prontamente:

— Para afastar todo o cheio daquele que não deve ser mencionado.

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