05
P.O.V – Haydée Pamplona
- Haydée, você tem certeza que esse tal de Tony não está dando em cima de você? – Irene perguntou, sentada na beirada da cama, enquanto eu estava escolhendo alguma roupa para a inauguração da exposição.
Já havia se passado um mês, depois daquele almoço com Glauco. Nossa relação estava mais amena, estável, sem brigas. Voltamos com a amizade que havia se perdido com os anos de casamento e separação. Às vezes, almoçávamos juntos, passeávamos com Mel e até mesmo planejávamos passeios para a viagem a Nova York, na formatura de Raissa. Estávamos muito bem, conversávamos bastante e nos entendíamos.
- Irene, pelo amor de Deus. Tony é apenas um amigo e quase meu chefe. – Respondo, revirando os olhos.
- Ele vive grudado em você. – Sibila, com malicia na fala.
- Óbvio Irene, ele está organizando a exposição comigo e estamos planejando tudo para a temporada em Nova York. Será o maior trabalho que já fiz na vida. Nos entendemos, nos damos bem, isso que importa.
- Vai dizer que ele não é o maior gato. Ah, Haydée, você precisa recomeçar a sua vida...
- Eu já recomecei e o meu trabalho é a prova disso. – Lhe encaro.
- Com outro homem. – Ela completa a frase, me encarando desafiadora.
Não tive tempo de responder as suas implicâncias, Esmeralda que estava deitada em minha cama, levantou e latiu praticamente rosnando para Irene. É, minha menina protegia a mãe. Era sempre assim, não podíamos começar a falar de homens que ela ficava arisca e raivosa. Até mesmo quando Irene falava mal do Glauco, de algum defeito seu... Mel o defendia com seus latidos altos.
- Tudo bem, Esmeralda. Não está mais aqui quem falou... – minha amiga levantou as mãos em rendição e minha querida filhota sacudiu a cabeça, voltando a se deitar.
- Você está com ciúmes da mamãe, princesa. – Sorri, indo abraçar a minha bolinha de pelos, que começou a lamber o meu rosto.
- Glauco treinou essa menina direitinho. – Irene indaga, recebendo mais latidos.
- É melhor você parar de falar do Glauco, vai acabar recendo uma bela mordida. – Brinco, enquanto faço carinho na minha princesa.
- Eu não quero correr esse risco, vou embora. – Se levanta, indo pegar sua bolsa em cima da poltrona. – Tenho que me encontrar com Laerte para resolver algumas coisas.
- Mande um beijo para ele... – digo, me despedindo.
- Tchau, Esmeralda. – Irene diz, recebendo um latido de volta.
- Agora, somos eu e você, princesa. O que você quer fazer? – Pergunto, vendo que a mesma estava numa preguiça... – Vamos brincar? Você quer brincar?
Ela não se anima e roda na cama, deitando novamente. Tento chamar sua atenção para brincarmos, mas ela nega expirando pesadamente. Dou um sorriso e deito-me ao seu lado, vendo que ela logo se aconchegou pertinho de mim.
- Tudo bem, preguicinha. Vamos ficar deitadas e ver um filme, ok? – Ela deita a cabeça em minha barriga e eu pego o controle para ligar a televisão, porém o toque do meu celular acabou me impedindo de completar a tarefa.
Era uma chamada em vídeo, de Raissa e Glauco, o que acabou me surpreendendo. Logo atendi a chamada e a tela do meu celular se dividiu em duas, com o rosto dos dois.
- Oi mãe! Que saudades! – Minha menina disse sorrindo, fazendo meu coração apertar de saudades.
- Meu amor, que saudades de você. – Respondo, com os olhos marejados.
- Esses pelinhos brancos, por acaso é a princesa do papai? – Não preciso nem dizer qual a reação de Esmeralda ao escutar a voz de Glauco. Ela quase derrubou o celular da minha mão.
- Calma, Mel. – Peço, vendo Raissa rir.
- Maninha, como você cresceu desde a última vez que te vi.
- Claro Raissa, já faz quase dois anos que você não vem ao Brasil. – Reclamo, vendo ela fazer um bico.
- Oh mãe, desculpe. Mas, já está acabando. – Raissa disse sorrindo.
- Tem certeza, filha? Você vai mesmo voltar para o Brasil, podendo começar a sua vida profissional nos Estados Unidos? – Glauco questiona.
- Pai, eu já recebi um convite para trabalhar em São Paulo, mas isso não significa que eu não possa trabalhar pelo mundo. Porém, tudo depende dos próximos meses. – Ela diz, misteriosa.
- Raissa, você está escondendo alguma coisa da gente. – Digo, convicta de que ela estava tramando.
- Quando vocês chegaram aqui? Você irá trazer a Mel? – Ela pergunta, mudando de assunto.
- Querida, não adianta mudar de assunto, sabemos que você está escondendo algo. – Glauco reforça, contendo o riso.
- Conto a vocês, assim que chegarem aqui. – Ela diz, com um sorriso meigo no rosto.
- Mel ficará num hotelzinho, não tenho condições de leva-la, afinal também irei trabalhar. – Informo, vendo ela ficar um pouco triste. – Mas, em breve você estará aqui conosco.
- Então, está tudo certo para a exposição em Nova York? – Glauco questiona.
- Segundo o Tony, sim. – Vejo que ele ficou incomodado ao escutar o nome de Tony. – Mas, tudo depende desta noite.
- É hoje a inauguração da exposição? Caramba, esse mês passou voando. – Raissa comenta. – Está ansiosa, não é?
- Você sabe que sim...
- Vai dar tudo certo, você é muito competente e tem muito talento. – Ele elogia e eu agradeço.
- Queria muito estar aí para te acompanhar, mãe. – Lamenta, e eu aceno.
- Não se preocupe, sei que você será a primeira a entrar na galeria em Nova York para apreciar a exposição.
- Eu estarei lá por você, querida. Não perderei de prestigiar a sua mãe, de jeito nenhum. – Glauco diz, me surpreendendo.
- Você vai? – Pergunto, ainda sem acreditar.
- Acha mesmo que não? É obvio que irei. – Ele sorri, com seus olhos brilhando, me deixando sem ar.
- Obrigada! – Dou um sorriso tímido, porém Esmeralda late, fazendo Raissa gargalhar.
- Poxa maninha, quebrou todo o clima. – Brinca. – Eu tenho que desligar, algumas coisas para resolver. Não esquece de me mandar fotos, ok?
- Certo, querida. Beijos! – Me despeço.
- Liga mais vezes, Raissa. Estava com saudades! Cuidado nessa cidade grande. – Ele diz, me fazendo rir.
- Pai, eu moro aqui há cinco anos. – Ela revira os olhos e manda beijos.
- Até mais tarde, Haydée. Tchau princesa, até amanhã. – Glauco diz, piscando e desligando em seguida.
Respiro fundo e fecho os olhos, porém sinto as lambidas de Esmeralda em minha mão, com toda certeza estava com fome. Levanto-me e vou até a cozinha, pegar sua ração, sendo acompanhada por ela. Olho para o relógio e eu tinha exatamente cinco horas até o horário marcado para o início da exposição. E ainda estava impressionada pelo fato dele ir me prestigiar.
- Glauco, Glauco... está diferente mesmo. – Fico pensando, mas novamente Mel chama a minha atenção. – Calma menina, irei colocar sua ração.
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Um (Des)Casamento Complicado #HAYCO
FanficApós uma separação traumática, por causa de uma traição, Haydée e Glauco tentaram seguir suas vidas. Ela frequentando a terapia para superar todos os traumas e problemas, e ele em um novo casamento com Lurdinha. Agora, tinham apenas duas coisas em...