Thursday

74 11 6
                                    

Crepúsculo. Muito mais do que aquele filme sobre vampiros cobertos de glitter, era o horário preferido de Jongdae durante a primavera. Era quando os dias começavam a ficar um pouco mais longos, mas não a ponto do calor invadir a noite como uma persona non grata. Em pleno final de abril, o vento soprava fresco e suave, fazendo carinho nas cerejeiras que ameaçavam florescer. Tinha certeza de que, a qualquer momento, poderia acordar e ver pequeninas flores enfeitando as ruas de rosa e branco. E, apesar de ser um inimigo nato do espírito primaveril e, consequentemente, de toda a concentração de pólen que lhe proporcionava crises sérias de rinite alérgica, Jongdae caminhava pelas ruas à meia-luz do fim da tarde, aguardando aquele momento como uma criança que aguarda a véspera de Natal. O dia do desabrochar das flores de cerejeira era uma surpresa agradável que Jongdae já previa em seu calendário.

Mas nada, nada poderia se comparar ao que sentiu quando virou a esquina da rua em que morava e deu de cara com Byun Baekhyun parado em frente ao seu prédio, a luz fraca e alaranjada do pôr do sol dourando seus cabelos claros, muito mais bonito do que deveria para alguém que tinha pedido um tempo para pensar. Porque, se dependesse de Jongdae, ele não daria a ele uma segunda oportunidade para sugerir aquilo, não quando tinha a pessoa mais linda do mundo parecendo a porcaria de uma criatura mitológica bem em frente ao seu nariz. Baekhyun estava sentado na escadaria do pequeno prédio de poucos andares com uma cesta de vime ridiculamente grande ao lado e, ao sentir uma aproximação, levantou o rosto, encarando Jongdae de baixo como um cachorrinho pidão.

– Se eu não me engano – Jongdae disse com as mãos na cintura e uma expressão séria, mas que deixava aparente seu divertimento nos cantinhos dos lábios curvados para cima – foi você quem veio com a ideia de dar tempo ao tempo e pensar sobre o que está acontecendo entre a gente.

Baekhyun se levantou, já jogando as mãos para o alto, rendido.

– Eu já estava morrendo de saudades! Não sei o que está acontecendo comigo!

– Não tem nem vinte e quatro horas desde a última vez que a gente se viu, Byun! – riu gostoso, carregando uma certa incredulidade no olhar.

– Eu já disse que não sei o que está acontecendo! Quantas vezes vou precisar repetir? – colocou as mãos na frente da boca como um megafone para o que gritou a seguir – OLÁ, VIZINHANÇA! AQUI ESTÁ BYUN BAEKHYUN, UM TROUXA POR KIM JON–

Foi interrompido de continuar o escândalo por um Jongdae alarmado e que não conseguia parar de gargalhar nem quando foi obrigado a tapar a boca de Baekhyun com as próprias mãos, fazendo ambos se desequilibrarem e quase caírem na escadaria. Por sorte, o Byun tinha bons reflexos e conseguiu se apoiar no corrimão de concreto antes que fossem ao chão, e eles riram muito até que estivessem escassos de ar.

– Você. É. Totalmente. Doido. – Jongdae pontuou, enlaçando a cintura do outro logo em seguida e estalando um beijo longo na bochecha macia. – Vem, vamos entrar antes que os vizinhos me processem por perturbar a ordem pública.

E os dois rumaram entre risos para dentro do apartamento aconchegante e nem tão pequeno, com Jongdae logo pedindo licença para tomar um banho rápido depois de se certificar que não iriam mesmo jantar fora naquela noite. No fim das contas, o banho nem foi tão rápido assim, pois Jongdae queria se preparar para sabe-se lá o que fossem fazer – ele ainda era um homem jovem e ridiculamente atraído por Byun Baekhyun, lembre-se – e ainda terminava de secar os cabelos com a toalha quando encontrou o florista parado em frente à janela grande da frente, observando os últimos raios de sol se escondendo preguiçosamente por trás dos prédios altos. Estava debruçado no parapeito, os olhos pequenos perdidos na paisagem da cidade grande, como se visse ali uma imensa obra de arte a ser contemplada. Jongdae sentia o estômago revirar em ansiedade – e um tanto de fome, não iria negar – mas não poderia simplesmente voltar a atenção para outra coisa que não fosse aquela cena. Admirava Baekhyun como o próprio admirava Seul, com o mesmo brilho nos olhos, empolgação e paixão, e suspirou profundamente com a cena, chamando a atenção do rapaz, que virou-se um pouco e apoiou o rosto nas mãos, ele mesmo espelhando a expressão encantada que via no outro.

Blooming DaysWhere stories live. Discover now