Vroom Vroom

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– Ei, Kyungsoo.

Jongdae chamou o amigo aos sussurros, olhando para os lados para se certificar que não chamaria a atenção das pessoas que, à sua volta, se concentravam no próprio trabalho. Ele mesmo deveria estar fazendo isso? Sim, mas não conseguia pensar em outra coisa a não ser no corpo nu de Baekhyun se espreguiçando languidamente ao vê-lo quase pronto para ir para o trabalho. Era inacreditável pensar que aquele homem lindo demais para os seus olhos, que dias atrás jamais imaginaria ter uma chance de conhecer, há poucas horas estava pedindo, com um beicinho, que não fosse trabalhar naquele dia, mesmo que o próprio precisasse abrir a floricultura dali a alguns minutos. Se o trabalho de Jongdae fosse criativo como tanto sonhava, poderia ao menos canalizar toda aquela euforia em alguma coisa, mas o Excel era um programinha muito impessoal, então iria sobrar para o Do mesmo.

O rapaz na mesa ao seu lado redigia um e-mail, batendo nas teclas do computador como se quisesse matar o coitado que nada mais fazia do que transmitir mensagens de sabe-se lá qual pessoa desagradável estava do outro lado o irritando. E Jongdae nem sabia o porquê, mas se pegou comparando aqueles gestos brutos aos delicados de Baekhyun, os dedos afilados quase sempre colados ao smartphone, digitando rápido e suavemente, exatamente como as carícias que sabia fazer tão bem...

Hm? – Kyungsoo murmurou, fazendo Jongdae corar violentamente ao interromper seus pensamentos nada castos. Estava tão impaciente naquele dia que sequer se deu ao trabalho de formular uma pergunta completa ou mesmo ensaiar um olhar para o colega.

– Ontem rolou – checou novamente os arredores. – Aquilo, sabe? Eu e Byun, o florista... a gente passou a noite juntos.

Abriu um sorriso de orelha a orelha, esperando uma resposta orgulhosa do outro, mas o que recebeu foi um simples:

– E...?

Jongdae não poderia ficar mais indignado.

– Eu não acredito que você... – ele sibilou entre dentes. – Você ficou a droga da semana inteira me perguntando sobre isso pra empresa toda ouvir e a única coisa que tem pra me dizer é "E..."? Não, Do Kyungsoo... Pode ir pensando em algo lindo e agradável pra me dizer. – E cruzou os braços, como um bebê emburrado.

Kyungsoo deixou a digitação de lado e suspirou cansado, virando a base da cadeira de rodinhas para ficar de frente para o amigo. Seus lábios se esgarçaram em um daqueles sorrisos assustadores, e o rosto de Jongdae se contorceu em uma careta involuntária.

– Parabéns! – ele exclamou numa voz surpreendentemente baixa, juntando as mãos numa palminha solitária, tornando logo em seguida a focar a tela do computador e se esquecendo completamente da existência do outro.

– Todos os dias eu me pergunto porque ainda nos falamos. – resmungou, voltando a atenção para o próprio trabalho. – Isso não se faz com uma pessoa apaixonada.

Kyungsoo continuou fingindo que não ouvia nada, mas Jongdae jurou que viu um sorriso quase imperceptível querendo emergir naqueles lábios grossinhos.

No fim das contas, ele sabia, sim, porque eram amigos.

❀❀❀

– Ah, eu senti tanto a sua falta! – choramingou, acariciando e quase se jogando sobre a lataria pintada em azul celeste da moto recém chegada da oficina mecânica. – Não acredito que meu melhor amigo voltou!

– É assim, então? Pensei que eu fosse seu melhor amigo! – Minseok interviu, cruzando os braços.

– Você é mais do que melhor amigo, hyung – retrucou Baekhyun, passando um braço por cima do ombro do outro. – Você já tem status de família – e estalou um beijo na bochecha fofinha.

Blooming DaysWhere stories live. Discover now