Lendas Natalinas

Estrela Do Sacrifício

⚠: Possui conteúdo sensível.

"A Estrela De Belém, também chamada de Estrela De Natal, além de representar Jesus Cristo, faz referência à estrela que guiou os três Reis Magos ao local de seu nascimento." 

Porém, nesta lenda, você descobrirá que nossas crenças possuem interpretações diferentes, e o que representa o bem, também pode representar o mal.

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Na tarde de 01 de dezembro, uma família foi comprar novos enfeites de natal para entrar no clima da mágica época do ano, estavam Mariana, Cássio e seus filhos, Fábio e Gabriela, no carro, a caminho de uma loja de decorações.

Chegando à loja eles compraram quase todo o necessário, guirlandas, sininhos, a árvore de natal, pisca-piscas e os enfeites da árvore, só faltou a estrela de natal, pois haviam se esgotado daquela loja, mas uma árvore que se diz de natal não poderia ficar sem uma estrela em seu topo. Sem muito ânimo, eles decidiram ir à outra loja, que ficava um pouco distante dali e precisaria de um tempo para chegar até lá.

Á caminho, o trânsito havia começado a congestionar, obrigando-os a ficar parados, nesse meio tempo, Fábio ficou olhando pela janela e reparou uma estrela brilhante no chão da calçada ao lado, parecia nova, bela e perfeita.

— Mãe, pai, olha ali! — disse Fábio, e apontou para a estrela. — Pega pra mim.

— Que linda filho — disse Mariana, também a observando. — Cássio, vamos pegar e ver de perto, talvez sirva pra nossa árvore.

— É linda mesmo, Fábio, vai lá e busca rapidinho enquanto temos tempo.

O pequeno concordou e saiu do carro correndo para pegar a estrela, pegou e voltou ao carro.

— Nossa ela é muito linda mesmo! — disse Gabriela impressionada com os detalhes deslumbrantes da estrela.

Após algum tempo o trânsito voltou ao normal e eles pegaram o caminho de volta pra casa, ansiosos com as decorações e desistindo de ter que passar em outra loja para comprar o que agora já tinham em mãos de graça e sem esforço.

Chegando em casa, as tarefas com as decorações foram divididas, enquanto Mariana e Cássio ajeitavam a parte exterior da casa, Fábio e Gabriela montavam a árvore de natal.

— Olha, parece que ela brilhou por dentro — disse Fábio, após ver algo dentro da estrela se mexer.

— Eu não vi nada Fabinho — disse Gabriela. — Mas, como vamos colocar ela em cima da árvore?

— Vamos deixar ela um pouco solta, não tem outro jeito.

Os dois finalizaram a árvore de natal e receberam aplausos de seus pais, que observavam pela janela do quintal.

A noite chegou e todos os pisca-piscas da casa brilhavam tanto quanto a luz do luar, todos já estavam dormindo, mas um pequeno barulho vindo da sala fez com que Cássio se levantasse silenciosamente para averiguá-lo, seu sono era leve, fazendo-o acordar ao menor barulho possível.

Com passos lentos foi até a sala e a primeira coisa que observou foi a estrela no topo da árvore, estava com um brilho natural, mas não era ligada á nenhum tipo de eletricidade, Cássio se aproximou para olhar mais de perto e teve a infelicidade de toca-la, logo sentiu algo diferente em seu corpo e sua expressão havia mudado, em seguida ele tirou a estrela da árvore e a levou apertando em sua mão até a cozinha, pegou uma faca e voltou ao seu quarto, onde virou Mariana e friamente enfiou a faca em seu peito, espalhando sangue por toda a cama, sem dar tempo de Mariana sequer suspirar.

Ainda segurando a estrela, que brilhava cada vez mais, ele foi ao quarto dos seus filhos e matou-os brutalmente com várias facadas, e a cada morte era como se a estrela ganhasse vida. Depois de refletir por alguns segundos, ele largou a estrela no quarto e sentou na cama, começando a suar lhe bateu um desespero, que pouco durou, em seguida ele pegou os corpos de seus filhos e levou á garagem, abriu o carro e os jogou no porta-malas, fez o mesmo com o corpo de sua esposa.

Muitos dias se passaram e Cássio levava sua vida "normalmente", sempre levando a estrela em sua mochila para todo lugar que ia, para trabalhar usava ônibus ou metrô e em conversas se esquivava de qualquer pergunta sobre sua família, como era fechado e de poucos amigos, ninguém notava sua estranheza.

A véspera do natal chegou, e Cássio estava sozinho, sentado no sofá da sala em quase escuro total, com as luzes dos pisca-piscas exteriores iluminando a janela. As 23h00 horas a estrela o "chamou", desta vez ela brilhava por completo, tão forte que clareava sua visão, a estrela flutuou e foi até a garagem sobrevoando seu carro, Cássio apenas a seguiu mudo e entrou no carro, os corpos de sua família ainda estavam presentes no porta-malas, provavelmente exalando um cheiro horrível, mas ele não demonstrava reação.

Era como se a estrela o guiasse, sem ao menos falar uma palavra, e ela o fez dirigir até uma floresta pouco iluminada e discreta, onde, possivelmente, ninguém teria chances de ver o que aconteceria ali.

Ele continuou seguindo a estrela, que sobrevoava em frente ao carro "mostrando" o caminho, e foi levado para dentro da floresta, onde parou, saiu do carro e tirou os corpos de sua esposa e filhos do porta-malas, os colocando no chão em sua volta, fazendo um círculo, após isso se sentou no meio dos corpos e virou o máximo de sua cabeça para cima, nesse momento a estrela subiu em direção ao céu estrelado e retornou em alta velocidade acertando o pescoço de Cássio jorrando sangue para todo lado, ocasionando seu rápido fim.

Segundos após sua morte, a estrela foi novamente para o céu e desapareceu, em seguida um OVNI de formato estrelar surgiu e se aproximou dos corpos estirados no chão emitindo uma forte luz sobre eles, que fez, em questão de segundos, os corpos e sangue espalhado sumirem do local sem deixar rastros, e antes do OVNI retornar para o lugar desconhecido de onde veio, uma nova estrela, idêntica a que ocasionou a mudança de comportamento de Cássio, foi jogada do céu ao chão, tão bela e chamativa quanto a anterior, "sem vida".

E ela ficou ali, no meio da floresta, a espera de um novo natal, um novo nascimento e um misterioso novo ciclo.