Eu, JungKook e os Pestinhas

O Jimin Não Pode Ver Isso.

Alguém precisa, urgentemente, criar um manual de como dizer "não!" a Jeon Namjoon.

O garoto simplesmente veio até mim, grudou-se em meu colo — nada fora do normal — e, com aquele rostinho lindo e mostrando aquelas covinhas fofas, pediu com o maior carinho do mundo para que eu lesse alguma história para ele. Não é algo trabalhoso, só não tenho costume de fazer esses tipos de coisa. Mas como negar quando se tem um rostinho pidão bem na sua frente, falando "por favorzinho, tio Ji!" e você tem resistência zero?

Larguei Yoongi na sala assistindo desenho e segui o menor. Esse que não tardou em correr mais rápido do que o Papa Léguas em direção ao seu quarto.

— Qual história você quer, Nam? — perguntei-lhe, indo atrás de si que correu em disparada até uma de suas estantes de livros infantis.

— Essa aqui! — apontou para o livro que estava um pouco longe do seu alcance.

— Os três porquinhos. Ótima escolha — mandei-lhe um sorriso e fui me acomodando pelo chão, próximo a ponta da cama, esperando que ele se acomodasse em algum canto, que, no caso, foi o tapete de seu quarto, de frente para mim.

Quando vi que ele já estava atento, abri o livro e iniciei a leitura.

— "Era uma vez, três porquinhos que viviam na floresta com a sua mãe..." — Mal havia começado e Namjoon já iria me perguntar algo.

— Por que as histórias começam com "Era uma vez", tio Ji?

Criança curiosa.

— É algo típico desses contos, Nam — Expliquei. — Posso continuar? — perguntei, e o vi assentir no mesmo instante. — "Um dia, como já estavam muito crescidos, decidiram ir viver cada um em sua casa. Ela concordou, mas avisou-os para tomarem cuidado com o lobo mau..."

— Lá vem esse tal de lobo mau — ouvi Namjoon murmurar baixinho. Terminei por rir soprado de seu comentário.

— "... Os porquinhos procuraram um bom lugar para construir as suas casas e, assim que o encontraram, cada um começou a fazer a sua própria casa..." — E, novamente, Namjoon me interrompeu.

— Tio Ji, por que eles não moram juntos? Assim fica mais fácil se proteger do lobo.

— Ficaria sim, mas nem sempre é bom seguir o caminho mais fácil. Tudo isso irá servir como aprendizado.

— Ata... — prolongou a palavra e, em seguida, disse para que eu continuasse.

— "O porquinho mais novo, que só pensava em brincar, fez a sua casa muito rapidamente, usando palha. O porquinho do meio, ansioso por ir brincar com o mais novo, juntou uns paus e depressa construiu uma casa de madeira. O porquinho mais velho, que era o mais ajuizado, lembrou-se do que a sua mãe lhe tinha dito e construiu sua casa de tijolos. Assim, teria uma casa muito resistente para se proteger do lobo mau..." — Vi o rostinho pensativo do menor e logo notei que ele iria falar algo.

— Tio Ji, o mais velho é egoísta — comentou.

— Por que você acha isso? — perguntei, franzindo o cenho.

— Ele se lembrou do que a mamãe dele tinha dito e não ajudou os outros a se protegerem também.

Ai, que vontade de guardar esse menino em um potinho e proteger do mundo.

— Certo. Vamos ver onde isso vai dar — disse enquanto voltava a ler a história. — "... Um dia, andavam os três porquinhos a saltar, muito divertidos, quando aparece o lobo mau — pigarreei para forçar uma voz grossa. — "Olá! Vejo três deliciosos porquinhos à minha frente." — E com minha voz normal, continuei: — "Ao verem o lobo mau, fugiram, cada um para a sua casa..."