Perdita

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Oh, I am going down, down, down.

I can't find another way around...


A partir daquele instante, Rose passou a cuidar de Sasha como uma mãe cuida de um filho. Steven, filho de Rose, tratava Sasha como uma irmã mais velha.

A vida dos DeMayo não estava fácil naquele país. Rose e seu esposo tentavam ganhar a vida, mas não era o suficiente. Peridot ajudava no que podia e seu tratamento era pago por sua conta. Não estava fácil, mas não estava impossível. Contudo, quando o médico de Sasha descobriu sobre um novo tratamento no exterior, mais eficaz e com melhor porcentagem de recuperação, Rose decidiu que era hora de sair de lá e voltar para sua cidade natal, Beach City, e Peridot iria com eles.

Sasha havia se esquecido da tal carta misteriosa. A casa da frente, onde Kiara e as outras moravam foi vendida para um casal estrangeiro.

Rose arrumou outro emprego de carteira e Greg, esposo de Rose, montou uma agência de talentos e virou empresário de Sadie Killer and the Suspects, uma banda de rock em ascensão.

Com esforço e dedicação, construíram uma boa casa na praia e transformaram o celeiro da família DeMayo em uma outra casa para alugarem e conseguirem uma renda extra. Steven entrou para a faculdade em uma cidade vizinha e se mudou para lá. Peridot começou seu novo tratamento na pequena cidade litorânea com a simpática doutora Maheswaran, especialista e principal pesquisadora dos novos métodos de cura. Ambas estavam confiantes com o novo tratamento. Peridot iria melhorar e não teria muitas sequelas... Talvez uma pequena perda de mobilidade, mas nada que alguns meses de fisioterapia não resolvam.

Tudo estava indo bem.


Peridot saiu para mais uma consulta médica. O ar estava puro e fresco. As flores estavam desabrochando. A primavera estava próxima.

O vento em seus cabelos era tão bom. Se sentia viva. A fazia quase esquecer que usava muletas para conseguir andar e da razão para usá-las. Caminhava feliz, cantarolando sua música favorita. Cumprimentou todos em seu caminho até o consultório. Passou por sua consulta recebendo um elogio da médica por sua evolução e rigorosa agenda de exercícios.

Então uma onda estranha atravessou seu peito. Uma sensação de tristeza a atingiu. Sasha queria chorar, queria correr para casa. Uma crise de ansiedade não a deixava respirar normalmente. Algo estava errado.

Peridot correu, correu o mais rápido que conseguia. Chegando perto da praia, Peridot encontrou um carro de polícia estacionado. Na porta, Greg estava de joelhos com as mãos cobrindo o rosto. Dois policiais tocavam seu ombro. Pareciam quer consolá-lo.

- Sasha!

Uma voz conhecida e embargada chamava por ela.

- Steven! O-O que...

Steven se aproximou rápido, os olhos estavam vermelhos e inchados e abraçou Peridot com força.

- E-Ela se... Ela se foi!

Peridot não estava entendo, seus olhos se umedeceram com as palavras, mas ela não as entendia. Quem se foi? Foi para onde?

- O-O que? O que aconteceu?

Sasha desfez o abraço e encarou os olhos do irmão de consideração.

- Mamãe... E-Ela estava trabalhando quando... O carro estava desgovernado... N-Não foi culpa do motorista! E-Ele apenas...

As mãos de Peridot tremeram e ela apertou os ombros de Steven, as lágrimas caiam sobre a areia, mas ela não podia se mover. Seus olhos se arregalaram e seu corpo tremeu, fazendo as muletas que lhe davam algum apoio caírem e a desequilibrassem. A força de vontade que tinha, a força que impôs a suas pernas decadentes, se esvaiu em um segundo e seu corpo tombou para a direita. Steven a segurou no último instante, mas Peridot não fazia questão de voltar a ficar em pé. Seus dedos ainda agarravam a camisa do jovem e sua expressão se mantinha a mesma, paralisada, vidrada.

Una Lettera Per TeOnde histórias criam vida. Descubra agora