"Miranda, acorde."
Miranda ouviu uma voz suave lhe chamando. Ela abriu os olhos devagar e percebeu que estava em sua cama. Ela se sentou e levou um susto ao ver ao pé dela uma mulher com as vestes brancas com um cabelo comprido castanho. Uma luz emanava da figura, ao qual Miranda não conseguia reconhecer as feições, em certo momento, ela pensou estar vendo a si própria. Mais uma vez, ela não sentiu medo, só uma certa angústia.
"Você é outro Espírito?"
A mulher deu um leve sorriso.
"Eu sou o Espírito do Natal Presente."
Miranda não se sentiu bem, mas disse:
"Isso tudo é uma loucura, espíritos e tudo o mais. Acabe logo com isso, me leve para onde quiser."
O Espírito lhe estendeu a mão.
"Venha comigo".
Miranda se levantou e tocou os dedos do Espírito. De repente, ela estava nas ruas geladas de Nova York. Olhou ao redor e viu que era o presente, na época do Natal, com as ruas cheias de gente e enfeitadas do jeito que há pouco tinha visto. Um casal que vinha em sua direção lhe chamou a atenção: era Albert, seu antigo namorado de juventude, que agora estava um pouco mais velho, carregava algumas sacolas junto a uma mulher simpática e duas meninas, que Miranda reparou serem gêmeas e que não deveriam ter mais do que 10 anos. Entre tantas pessoas, Miranda conseguia ouvir apenas o que o casal conversava.
"Dias desses eu vi a Miranda. E difícil não reconhecê - la, além de estar sempre na mídia, aquele cabelo branco dela a destaca na multidão."
"Você sentiu saudades dela?", a mulher perguntou num tom irônico.
"Nem pensar! Eu quero distância daquela mulher. Mesmo que ela me visse, não me reconheceria. Ela não liga pra ninguém que não esteja no mesmo nível dela. Ela é muito talentosa, merece o sucesso que faz, infelizmente é um ser humano horrível. Fico feliz por não estar mais perto dela."
Miranda ficou incomodada com a fala do homem.
"Espírito, me tire daqui."
O Espírito estendeu a mão e Miranda a tocou. Agora estava num desses lugares onde se atende pessoas de rua. Havia um Papai Noel tirando fotos com as crianças e as pessoas recebiam presentes e comida. Muitos voluntários estavam ali ajudando a distribuir sopa. Um desses voluntários era Andrea, sua assistente. A moça estava com os cabelos presos num coque e oferecia a comida com um sorriso no rosto e sempre tinha uma palavra gentil para as pessoas. O filho de cinco anos da moça também estava ali, brincando com outras crianças. Miranda ficou encarando Andrea e sentiu seu coração bater mais forte. Ela nunca quis admitir, mas achava a moça bonita. Sempre a tratara com desprezo, fazendo até mesmo comentários maldosos para ela, a fizera chorar algumas vezes e mesmo assim, a moça continuava trabalhando com ela.
O Espírito tocou seu ombro e eles se transportaram para um pequeno apartamento. Dentro dele, ela viu Roy, seu motorista e uma mulher que deveria ser a esposa dele. Os dois conversavam com uma pessoa pelo computador. Era uma moça que segurava um bebê tinha mais um menino pequeno a seu lado.
"Que pena que vocês não puderam vir esse ano".
"Você sabe como é aquela mulher né, filha? Ela nunca dá folga a seu pai", a mulher falou ressentida. "Mas estaremos aí o mais breve possível, nem que for só um fim de semana, tá bom? A gente liga mais tarde. Tchau".
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Um conto de Natal
FanfictionAdaptado do livro "Um conto de Natal" de Charles Dickens, a história conta como uma mulher avarenta como Miranda Priestly pode ser transformada pelo espírito do Natal.