Nem queria mesmo uma dose do seu amor... Eu queria a garrafa toda.
É que... Eu nunca gostei mesmo de sair provando vários sabores, prefiro aquele que me encanta logo de primeira. Não sei se esse é um dos meus maiores erros na hora da escolha, eu me encanto demais porque suponho demais. Algo que me prende a atenção imediatamente, e logo me da aquela vontade de investigar e tentar enxergar o que tem por trás de toda aquela mistura de sabores.
É porque, na verdade, eu acho o frasco realmente muito bonito, e o cheiro então... Ah, nem se fala! E ai eu fico louca, ansiosa para degustar daquele líquido que em questão de segundos me fascinou.
Só que o problema é que eu me fascino pela garrafa, aquela que parece ser tão especial, que eu nunca vi nada igual na minha vida, que tem todos os requisitos e que se mostra de uma forma totalmente incrível e ideal para mim. E eu, tomada pela ansiedade, vou lá e quero beber a garrafa toda, sem ter demoras para me deliciar.
Mas acontece que nem todo conteúdo que tem dentro se assemelha ao que vemos por fora. As vezes nos enganamos totalmente, as vezes uma coisa não se encaixa tanto com a outra, e só raramente, muito raramente, as duas visões se encontram, e ai a gente acerta na escolha.
Só que... A maioria das que escolhi não chegaram nem perto de ser a água no meio do deserto, e por isso, quando foi finalmente o momento em que pude provar... Pronto, foi ai que me decepcionei! Mais uma vez. Mais uma vez me deixei levar pela ilusão. Por achar que o seu conteúdo poderia ser até melhor do que o seu frasco. Mas não, infelizmente outra vez não foi assim.
Eu fiquei confusa, porque eu nunca quis apenas um gole. Eu não gosto de tomar as coisas pela metade, não gosto de abrir, beber e ir embora. Eu gosto de ficar. Eu gosto de saborear aquela bebida quão mais longo o tempo puder ser. Eu não tenho pressa na hora da degustação. Eu gosto de me aventurar, sonhar, amar junto aquilo. Eu não gosto de provar e ir embora.
Mas na verdade, eu acho mesmo é que o amor é cego. E foi ai também que eu percebi que eu não preciso desperdiçar garrafas. Que eu posso ser do mesmo jeitinho que sempre fui, e só preciso fechar os olhos quando eu for saborear tal coisa. Talvez... O cheiro poderia ser o meu melhor guia? Ou talvez eu devesse procurar saber mais sobre aquilo, ouvindo do próprio dono da bebida? É, talvez eu devesse acalmar essa minha ansiedade. Só assim, acho que eu não criaria tanta expectativa.
Expectativas é o que mata alguém com tamanha ansiedade. Nos tortura por dentro e vai esmagando cada simples sentimento, só por aquela ideia besta que a gente cria. Só por insistir em achar que sabe da bebida, quando a gente não chegou nem aos pés de saber.
Precisei mudar isso em mim. Precisei fechar os olhos um pouco e ouvir o seu som, tentar entender, na verdade, o que aquilo realmente queria me dizer. Deixar os meus verdadeiros sentimentos me guiarem, e não aqueles tomados pela pressa de querer beber.
E só assim, foi o tão esperado momento em que provei aquela bebida sem um dos meus sentidos: a visão. Fiquei impressionada, quase que, assustada! Que coisa mais deliciosa, que mix de sensações! Eu queria mergulhar naquele líquido tão diferente e que me proporcionava tantas coisas boas.
Eu sentia que poderia tomar várias doses daquele amor. E sim, eu queria muito ver como era aquela garrafa, mas dessa vez não pela sua estética, mas para tirar a prova de que nunca devemos fazer escolhas superficiais. Pelo que apenas aparenta ser ou proporcionar.
Abri os olhos. Fiquei paralisada. Um contexto diferente mas extremamente envolvente. Nossas garrafas tinham o mesmo sabor, mas la no fundo, percebia-se que algo as diferenciava bastante.
Foi a melhor escolha que já fiz em toda a minha vida.
Escolhi toma-la para sempre.
✍🏼 Nayara Oliveira. @escritamor
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Textinhos
De TodoNão é uma história, nem conto, nem biografia... É apenas um lugar em que vou postar alguns textos de desabafos, poesias ou conselhos que gosto de escrever em determinados momentos da minha vida! Espero que gostem!! :) Só lembrando que: PLÁGIO É CRIM...