Episódio VIIII: Eu não consigo mais fazer isso.

1K 135 117
                                    




Harry sai completamente derrotado de sua prova de Ciência Política, sabendo que levou bomba. E o pior é que independente da nota estará no seu boletim eletrônico no dia seguinte, ele não dá a mínima.

Verdades jogadas no ar.

Ele não dá a mínima.

Porque ele não liga para a disciplina, para o professor completamente irreversível e egocêntrico, para os projetos trabalhosos que queriam deixa-lo sem dormir – mas, ele não tinha força de vontade para trocar seu sono por aquela merda – e para sua prova chatíssima que tinha três páginas grampeadas, uma verdadeira tortura. E, definitivamente, ele não liga para a maldita faculdade de Direito.

Está em sua cabeça há meses. Ele sabe disso. E ele fingia não ver.

Melhor ainda, via e ignorava.

Bom, vamos lá.

Harry Styles nasceu de uma família quase completa de advogados. Foram gatos pingados os que não seguiram os caminhos de sua mãe Anne, seu pai Desmond, seus avôs maternos e paternos, seu tio paterno, suas duas tias maternas e o avô de sua mãe. Três primos dele, George, Mike e Serena, filhos da tia Madison – que reclama do desgosto em todos os jantares de família – seguiram caminhos considerados rebeldes.

Mike está por aí nas estradas inglesas tocando em pequenas casas de show com sua banda de pop rock, só aparece em casa no natal e é sempre com uma cor de cabelo diferente. George foi descoberto por uma agência e agora tem feito trabalhos para a Rauph Lauren e está muito bem de grana, mas, pff, isso não importa para seus familiares. Serena está fazendo ativismo contra o excesso de plástico nos oceanos e o uso de animais para testes de cosméticos, se formou em História da Arte e é professora em duas escolas de ensino médio, adotou o estilo minimalista e o veganismo, mora numa casa de dois cômodos e faz uso de bicicleta.

Os fios de cabelo de tia Madison ficam cada vez mais brancos quando ela escuta o nome dela.

Harry era considerado por todos o próximo propício à rebeldia, com sua banda de garagem, seu jeito engraçadinho e amigos malucos da escola. Gemma, sua irmã mais velha, foi para Harvard quando Harry ainda estava no ensino médio. Ele lembra que no jantar em comemoração à chegada da carta de aprovação, seu tio Gary disse que Gemma era a última Styles que seria advogada. Desmond riu, mas, dirigiu um olhar preocupado e carregado de pressão em direção ao filho mais novo que se sentiu totalmente coagido a parar de comer seus brócolis e dizer que também tinha interesse em advocacia, quando na verdade ele nem tinha pensado muito sobre seu futuro até aquele momento. Depois disso, tudo que ele fizesse estava okay, porque ele seria um juiz ou um advogado um dia.

Harry usa roupas excêntricas. Tudo bem.

Harry gosta de seus cabelos longos. Tudo bem.

Harry usa brincos nas orelhas. Tudo bem.

Harry gosta de esmaltes nas unhas. Tudo bem.

Porque ele seria um juiz ou um advogado um dia.

Mas, ele não tem mais tanta certeza há muito tempo e isso evoluiu até a resolução de que nunca teve certeza. Ou ao menos cogitou.

Não existe interesse.

Ele não quer ser advogado.

Caminhando pelos corredores da faculdade, querendo mais do que qualquer coisa ir para casa e ligar para Gemma e pedir para ela pegar um voo para Goldenville imediatamente e trazer os raios de sol de volta para a vida de seu irmãozinho, ele esbarra de ombros com um Louis muito agitado, no pior sentido que a palavra pode ter. Está com os cabelos lisos jogados nos olhos, enfiado, como sempre, em seus moletons cinzentos e esportivos, confortáveis e combinando, e um tênis de corrida preto com um ar de desgastado. Ele parece tão bravo que diz um curto "desculpa" por pura conveniência social, com as unhas prestes a rasgar a pele das palmas das mãos, até que Harry diz "hey" e então, ele percebe quem é que se bateu com ele.

Once in Goldenville | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora