Episódio XIII: Orgulhosa do trabalho que você realizou. Bravo!

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O timing é perfeito quando o relógio biológico de Harry o desperta e o leva para a cozinha bem no momento em que Louis envia-lhe uma mensagem.

Ele caminha preguiçosamente, em uma cueca box preta e os pés descalços, pelo corredor estreito de seu quarto até a cozinha com a intenção de beber um copo gigante de água. Ele não acende nenhuma luz até chegar no local porque seu apartamento é insanamente branco e as luzes presentes são muito potentes e poderiam facilmente cegá-lo. Ele precisa redecorar porque o ambiente parece hospitalar e isso é muito incômodo para sua personalidade.

Harry boceja bem alto e resmunga alguns sons sem sentido, ainda muito sonolento, quando agarra a porta da geladeira de inox, fechando os olhos por alguns segundos quando a luz interna acende. Pega a garrafa em formato de abacaxi guardada em uma das bandejas de acrílico e coloca na pia preta de mármore para servir o conteúdo no copo de alumínio, anteriormente, parado no purificador de água fixado na parede de azulejos.

A tela de seu celular, esquecido na mesa de jantar muitas horas antes, quando ele chegou do treino – a temporada do futebol acabou, enfim, essa semana –, se ilumina e um toque suave de um segundo sai dos autofalantes. Sente vontade de ignorar e voltar para sua cama macia e confortável, com os lençóis e edredons cheirando a amaciante e perfume, mas, sua curiosidade fala mais alto e ele introduz a senha necessária e logo percebe que foi uma ótima decisão porque é uma mensagem de Louis.

"me chame de estúpido se quiser, mas, são 4h da manhã e eu quero muito ouvir sua voz (vc deve estar dormindo, né?)"

Sua bochecha dói pela a expressão contente que toma conta de seu rosto. Ele quase sente todo o seu sono se esgotar imediatamente, enquanto clica no íconezinho de telefone ao lado da foto de Louis com os olhos vesgos no whatsapp, posiciona o celular na orelha e se encosta na parede ao lado do armário branco e enorme das panelas, esperando por uma resposta, que não demora muito para chegar.

— Eu estou honrado por minha voz maravilhosa ser alvo dos seus desejos noturnos — É a primeira coisa que diz quando percebe que o outro atendeu —, nós estamos prestes a fazer uma sex call?

— Hazzy... — A voz de Louis é chorosa, tentando soar normal, mas, Harry sabe reconhecer a diferença, obviamente. — Eu pensei que você tava dormindo.

— Lou, você tá bem? — Harry pergunta imediatamente, percebendo que automaticamente sua voz e sua feição se tornam um poço infinito de preocupação.

— Yeah.

— Você acha que eu não sei quando você tá mentindo? Não funcionou quando você disse que gostou das minhas botas do Toy Story e não vai funcionar agora.

— Elas são horríveis — Ele admite rindo só por um momento enquanto sua garganta aperta e as lágrimas insistem em descer quando ele não quer que isso aconteça. — Eu estou pirando...

— Por que? — Ele questiona da maneira mais delicada e paciente que consegue encontrar, sem deixar que os impulsos de sua preocupação tomem a frente.

— Eu não sei, estava sonhando com meus pais e acordei completamente descontrolado, não acho que isso já tenha acontecido antes.

— Oh, baby — Harry se compadece, quase não notando a naturalidade com a qual o apelido inédito, usado por Louis uma única vez no encontro que eles tiveram, escorre para fora de seus lábios. Seu coração se racha um pouco quando ele imagina o garoto sozinho no sofá-cama, encolhido em seu cobertor, chorando sem qualquer amparo, ligando para ele porque é a pessoa que ele quer ouvir. Conhecendo Louis como ele conhece, sabe que deve ter sido complicado para ele decidir ligar e definir que Harry é a segurança que sente faltar em si mesmo, onde pode recupera-la. Isso é uma honra pra ele. — Por que acha que isso aconteceu?

Once in Goldenville | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora