E se for...

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Glossário

Sakuras: cerejeiras.

Taidama: cheguei!

San: honorífico masculino ou informal.

Gomene: desculpa

Nani: "o que", "que".

Baka: idiota, bobo, tonto.

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Pov. Changbin


Ansioso.

Isso define tudo que estou sentindo depois de um mês conversando com Felix por mensagem, isso define o que eu fiz ontem.

Estava de boa jogado no sofá do Han, em sua casa desfrutando do silêncio cortado apenas pelos miados do gato laranja chamado Freddy Krueger porquê o gato parece um demônio com garras enorme que arranha todo mundo, até receber as costumeiras mensagens noturnas de Felix, ele só as manda a noite quando chega em casa depois do trabalho.

Ele é professor de dança e inglês em dois lugares.

Até aí normal, ele contou como foi o dia dele, eu contei como foi o meu, fez umas perguntas sobre mim, fiz o mesmo, até que ele perguntou se podemos nos ver novamente qualquer dia desses. Tá, foi ai que fiz a maior besteira da minha vida, o chamei para jantar no dia seguinte -- hoje -- e Felix aceitou.

Agora estou aqui, enfrente a empresa onde trabalho esperando o bendito chegar, o que demorou um pouco para não dizer muito. Logo vi os cabelos loiros começando a ficar castanhos no meio de vários cabelos negros, ainda não me acostumei dos japoneses ter cabelos parecidos senão iguais, na verdade ainda não me acostumei com o Japão, mesmo morando aqui a cinco meses, Felix parou a minha frente com um sorriso enorme, o inverno já está no fim então resta apenas o céu nublado e o ar gelado, a neve parou a poucos dias e o sol começou a aparecer mais, logo as cerejeiras ou se preferir sakuras vão desabrochar revelando o início da Primavera.

-- Taidama!- Diz animado fazendo uma leve curvatura.- Onde vamos Chang-san?

--Yah! A cada dia que passa você adere mais o japonês!- apesar de sermos ambos coreanos e dominando esse idioma Felix insisti em falarmos japonês.-- Vamos no Azumy, lá serve frutos do mar frescos!

--Oh! Mas lá é caro Chang-san!- Felix anda ao meu lado com as mãos no bolso e o olhar surpreso.

-Eu posso pagar, não vai pesar no meu bolso e você pode comer o que quiser!- Digo um pouco sério para ele entender que não é brincadeira.

-- Gomene! esqueci que você trabalha no ramo artístico enquanto eu sou professor de dança e inglês.- o loiro faz um bico mas depois ri da própria fala.

-- Não estou te insultando Lix...- Olho para a frente me sentindo um pouco... culpado? Frustado? Não sei.

-- Esse apelido é melhor ainda quando você diz...- O maior fica corado e abaixa a cabeça.

Arregalo os olhos com a clara demonstração de Felix e volto a olhar para frente pensando se ele sente o mesmo que eu, em tão pouco tempo estamos tão... próximos.

-- Chang-san?

-- Hm?

-- Tenho algo a dizer...

-- Diga

-- Vou... para a Austrália.

-- Nani!?- o olho sem acreditar no que o mais alto me disse.

Eu sei da história de Felix, claro ele me contou escrevendo uma bíblia é bem impossível eu não saber até os detalhes. Felix saiu com 15 anos da sua casa em Sidney, Austrália, para estudar na Coréia do Sul e logo depois fazer a faculdade de Dança, com 23 anos veio para o Japão, bem... agora ele tem 23 anos então... ele veio ao mesmo tempo que eu para cá, com o mesmo objetivo: novas experiências, novos conceitos.

--Está bravo?

-- Claro que não Baka!- o olho e Felix soltou um riso fraco.-- Qual o motivo de você voltar? Digo... ir para a Austrália.

--Minha mãe... ela me ligou estes dias e disse que foi diagnosticada com câncer de mama...- Felix começou a chorar.

Não, não é aquele choro na onde você perde o controle do corpo e se joga no chão em desespero, são lágrimas solitárias que descem uma atrás da outra e escorrem do queixo para o pescoço e se perdem na gola da camisa de mangas longas.

Senti algo se espatifar dentro de mim, aquela sensação de perda que pode ser definitiva se a mãe dele vier a óbito, Deus queira que não, mas câncer não é igual um resfriado.

Abracei a cintura do loiro com um braço por impulso e passei meu polegar em seu rosto tirando as lágrimas de cima das sardas bem desenhadas em seu rosto e levantei o rosto dele com o indicador, Felix me olhou nos olhos.

--Não chore, tenho certeza que ela não vai gostar de saber disso, se você tiver que ir vá, cuide de sua mãe, a ajude no que precisar, no momento ela tem que ser sua prioridade.- digo sério, Felix fecha os olhos e assente sem dizer nada e me abraça.

O Japão não é muito diferente da Coréia do Sul quando se trata de demonstração de afeto em público ou do preconceito com qualquer tipo de sexualidade e isso é notável quando vejo as pessoas da rua olhar torto em nossa direção e cochichar sobre este ato.

Respiro fundo e me afasto do loiro dando mais uma olhada em sua face e pego na mão dele o puxando até o restaurante sem dizer mais nada, Felix aproveitou esse momento para esfriar a cabeça e saborear os pratos japoneses que não havia comido ainda e fiz o mesmo que ele, pouco ligando para o valor no final pois o mais importante é ver aquele sorriso brilhante na face desenhada com sardas em todos os locais e as minhas preferidas são as envolta dos olhos.

E se for melhor assim?

E se tudo for apenas coisa do momento?

E se Lee YongBok não voltar?

E se eu nunca mais ver esse sorriso?

I.F | Chang•LixOnde histórias criam vida. Descubra agora