Pedro voltou para a sua terra natal em seu carro, ele foi direto para a antiga casa de seus pais, a fazenda onde Gabriel morava era bem próxima, bastava andar um pouco pela estrada de terra, quando chegou Pedro encarou a estrado por onde muitas vezes ele e Gabriel correram juntos, algumas vezes paravam para se agarrar atrás das árvores, ele riu lembrando quando ambos rolaram na lama enquanto chovia forte.
Dentro da casa Pedro se deparou com muito pó e mais lembranças, por muitas vezes quando não tinha ninguém em casa, ele e Gabriel fizeram sexo na sala, no corredor, na escada e na cozinha, cada espaço parecia fazer ele lembrar de algo, Pedro começou a sentir um grande vazio no peito. "Talvez não tenha sido uma boa idéia voltar, porque para mim é tão difícil esquecer ele?!"
Com um pouco de dificuldade, Pedro arrumou boa parte das coisas e foi descansar, mas quando deitou na sua antiga cama começou a chorar lembrando de quando Gabriel invadia seu quarto de madrugada para fazer saliências. "Que droga!" Sem conseguir dormir, Pedro decidiu ir até um bar na cidade, antigamente ele sempre ficava aberto até de madrugada, como esperado ele ainda se mantinha aberto, haviam poucas pessoas rindo no lugar, quando Pedro entrou todos olharam para ele.
- Pedro?! -uma senhora loira, cheia de maquiagem e bijuterias se aproximou dele. - É você garoto?
- Sim, você não mudou nada senhorita Anastácia. -afirmou abraçando ela.
- Como você cresceu menino, pessoal, vejam, é Pedro, aquele menino tonto que vivia atrás do Gabriel igual carrapato! -todos cumprimentaram ele que ficou morrendo de vergonha por ser lembrado daquela forma. - O que faz aqui?
- Eu fui contratado para ser o novo médico da cidade.
- Isso é ótimo, fico feliz que tenha se formado, meus parabéns garotinho.
- Obrigado, foi difícil, mas consegui.
- Pessoal um brinde ao novo médico da cidade, Doutor Pedro! -Perguntou subiu na cadeira levantando o copo e brindou com alguns homens ao redor que parabenizaram Pedro.
- Obrigado pessoal... Anastácia, posso lhe perguntar algo em segredo?
- Claro, eu tenho muitas informações. -afirmou sorrindo, Anastácia era a jornalista da cidade, ela bebia muito e sempre se metia em confusão, mas qualquer um que precisasse de algo podia contar com ela.
- Tem notícias do Gabriel.
- Sim, ela está ótimo, acho que vai ficar noivo! -Pedro abaixou a cabeça e quase caiu da cadeira. - Ele assumiu a fazenda da família depois que o pai morreu, além disso assumiu para todo mundo que gosta de pinto! -ela riu após a última afirmação.
- O que?! -perguntou surpreso. - Quando estava comigo ele sempre teve vergonha, escondia nosso relacionamento a sete chaves!
- Pois é, todos rimos de você quando disse que eram um casal e ele negou tudo, mas no final das contas você disse a verdade!
- Que raiva, perdi a vontade de beber, quero ficar bem sóbrio para lembrar bem disso e estar com toda minha raiva desperta quando ver o Gabriel! -Pedro se levantou nervoso.
- Isso é ciúmes por que ele está com outro?
- Claro que não, estou nervoso por ele me fazer se trouxa, obrigado pela informação, boa noite!
Pedro voltou para casa puto de raiva, não estava acreditando que Gabriel contou para todos que era gay e que ainda por cima estava em um relacionamento sério com outro cara. "Se bem que passaram sete anos, ele tinha que seguir a vida dele... Mas ainda assim, me sinto mal com isso."
No dia seguinte Pedro levantou cansado por causa da noite mal dormida, mesmo assim ele teria um longo primeiro dia de trabalho no hospital da cidade, haviam muitas consultas acumuladas por causa da saída do outro médico. No hospital uma moça com traço asiáticos, muito magra e usando uniforme rosa o recebeu.
- Bom dia Doutor, sou a enfermeira Yara, sua sala está arrumada e as fichas dos pacientes estão na ordem que eles foram marcados para chegar.
- Bom dia... Eu te conheço de algum lugar. -a moça sorriu.
- Sim, nós estudamos juntos por alguns anos, até fizemos alguns trabalhos juntos.
- Ah, eu sabia, você é a Yarinha, que bom lhe reencontrar, como vai? -Pedro deu um rápido abraço nela.
- Estou ótima, muito feliz, me casei, tenho uma filhinha que é meu orgulho. -ela pegou uma foto que carregava no bolso e mostrou para Pedro.
- Sua família é muito bonita, sua filha é bastante parecida com você.
- Obrigado e você? Casou?
- Não, estive mais focado no trabalho, além disso ainda não achei a pessoa certa.
- Entendo, talvez encontre alguém na cidade, mas agora vamos para a sala, está quase na hora dos pacientes chegarem.
- Certo.
Ela mostrou o lugar para Pedro, tudo estava bem organizado, não tinha erro, como a cidade era pequena, com poucos habitantes e as pessoas viviam bem, haviam apenas mais dois médicos, um senhor gordo muito simpático e uma mulher linda, séria e que não falava muito. Pedro se estabeleceu na sala e começou suas consultas, a maioria eram apenas de rotina, ele reencontrou algumas pessoas nelas, a maioria parabenizou ele por voltar para cidade formado, até que ele chegou na última ficha do dia, aquele nome sem dúvidas era o mais familiar de todos.
- Gabriel Luan...
Chamou com a voz meio trêmula, o coração de Pedro disparou enquanto ele pensava o que dizer, ele ouviu o barulho de uma bengala batendo no chão, logo em seguida a porta se abriu, Gabriel entrou usando óculos escuro e a bengala, Pedro ficou surpreso ao ver ele com aquilo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dança No Escuro
RandomPedro sempre amou Gabriel, mas por vários motivos ele se magoou muito com o rapaz, acabando por deixá-lo e ir seguir seus sonhos, anos depois ele volta e descobre que muitos de seus julgamentos estavam errados.