Capítulo 3

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Melissa Romano

Exausta. Eu simplesmente estou exausta.

Poderia deitar e dormir no chão agora mesmo, mas tem trabalho a ser feito, muito trabalho.

Minha rotina tem sido extremamente pesada desde que vim morar em Berlim.

Desde que Nicolas veio ao mundo minha vida mudou por completo. Poucos meses depois do seu nascimento, mudei de Munique para Berlim pelo fato de as coisas estarem dando errado e sentir necessidade de ter minha liberdade de novo.

O emprego que Kimmich havia conseguido pra mim era tudo que eu sonhava, arquitetura. Trabalhar com isso era simplesmente meu sonho, desde que me formei era o que mais desejava. Mas com as complicações da gravidez o sonho durou pouco, vendo que tudo estava desmoronando decidi pedir demissão e focar apenas no bem estar de Nic.

Passar os últimos 5 meses da gravidez de repouso e sob os cuidados do Joshua não foi nada do que eu esperava. Lógico que Josh cuidou muito bem de mim, mas se tem uma coisa que eu odeio é ser dependente de alguém. Depois de meses complicados e regados a um Kimmich coruja, dores e muitas consultas médicas, Nicolas finalmente nasceu. 

É a cópia fiel de Marco. Cada traço, capa pedacinho, tudo, exatamente tudo igual a ele. O sorriso, o cabelo, e principalmente, os olhos. Quando olho para o Nicolas é como se estivesse olhando o Marco. Não sei se isso me deixa triste ou feliz, no mínimo confusa. Ainda não superei totalmente o que Reus e eu vivemos, e o fato do meu filho ser a cópia fiel do pai não tem me ajudado muito.

Não tem palavras ou gestos que expliquem o que senti quando o tive pela primeira vez em meus braços. O mais lindo e puro amor que já senti em toda a minha vida, não existe maneira alguma de descrever o quanto eu o amo. Nicolas é minha vida, meu mundo. Foi por ele que sacrifiquei meu sonho, e hoje trabalho num bar em Berlim.

Aproximadamente um mês depois de Nic nascer decidi que já bastava de ficar as custas do Josh. Ele não concordou, e até hoje não concorda, com o fato de eu querer trabalhar tão cedo, segundo Josh eu devia continuar em seu apartamento curtindo meu filho e não me preocupar com questões financeiras. Não que as coisas estejam fáceis pra mim, mas eu precisava da minha independência. 

Os turnos na boate são sempre muito puxados, mas ao chegar em casa, mesmo cansada, e ver meu pequenino faz tudo valer a pena. 

Vim para cá atrás de um emprego em uma renomada empresa de arquitetura, mas as coisas não ocorreram como o planejado. No final das contas acabei por trabalhar no bar da boate, mas temporariamente acredito eu, ainda não desisti de correr atrás dos meus sonhos, e não planejo desistir, não tão cedo.

Sobre Marco, ele telefonou muitas vezes e como não parava nunca, decidi trocar de número. Também foi até Munique atrás de mim, mas não conseguiu me encontrar. Nunca quis saber de Nicolas, e também não quero que saiba. Ele não merece ser chamado de pai, não merece a criança espetacular que Nic vem se tornando. 

Meu pequenino tem 1 ano e 3 meses já, a cada dia que passa fica mais e mais parecido com o pai. Está começando a balbuciar algumas palavras e dando seus primeiros passos, é simplesmente gratificante acompanhar cada fase da sua vida, cada nova aprendizagem. Tenho aprendido muito com ele 

Termino de limpar o balcão de bebidas vou para a cozinha, me deparo com uma pia cheia de copos à serem lavados. Relaxo meus ombros e suspiro, a noite vai ser longa.

Nic vai ficar com a sua babá, porque não saio tão cedo daqui hoje. O bar foi alugado para uma comemoração particular de algum time, não me lembro qual, isso é muito normal por aqui. Sendo assim, vou trabalhar até muito tarde, sem previsão do horário de fim do expediente. 

Redenção (pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora