Capítulo 7

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Marco Reus

Estava ansioso, e muito. 

Desde que recebi a mensagem de Lissa, confirmando que havia aceitado ir com nosso filho pra Dortmund, não conseguia parar de pensar nisso. Mal consegui pregar os olhos a noite toda.

Acordei cedo para resolver as coisas da viagem, liguei pro meu empresário e pedi que deixasse o jatinho a disposição, já havia arrumado minha mala e agora apenas aguardava a hora de voltar à Dortmund.

Estava sentado na sacada do quarto bebericando uma xícara de café, mirava a paisagem a minha frente e esperava ansioso para ver Lissa de novo e, principalmente, conhecer meu filho.

Nem ao menos sabia seu nome ainda, me preocupei tanto em chantagear a mãe dele e nem me dei o trabalho de perguntar.

Me recrimino, que tipo de pai estou tentando ser? Tenho muito à aprender, mas tenho medo de errar mais uma vez e perder tudo definitivamente.

Afasto esses pensamentos negativos. Consegui uma segunda chance, mesmo sendo de forma suja, e não pretendo desperdiçá-la, vou lutar até o último pra recuperar minha família, é o meu dever.

Acordo pra realidade quando sinto meu celular vibrar em cima da mesa, era ela.

"estamos prontos."

Só isso?

Nem um bom dia sequer, confesso que fico decepcionado, mas não surpreso. Não é como se fosse me tratar bem depois de tudo que fiz. Compreensível.

Paciência. É o mínimo que tenho que ter se quero reconquistá-la.

Deposito a xícara na mesa e levanto indo em direção ao quarto, pego minha mala e carteira, volto para sala e verifico se está tudo em ordem. Tranco a porta e sigo pelo corredor até o elevador, entro e enquanto espero chegar ao hall da recepção, pondero sobre como fazer as coisas da melhor maneira, sem invadir seu espaço pessoal mas também sem deixar qualquer jeito de Melissa escapar.

Estou nervoso com a ideia de tê-la nos meus dias novamente, recordo de anos atrás, de como era bom cada momento que passávamos na presença um do outro, tenho medo de errar, o mínimo que seja, e isso me custar a chance de viver esses dias novamente. Não me considero a altura de alguém que a mereça, mas darei o meu melhor para chegar o mais próximo disso, e não pretendo deixar que ninguém atrapalhe isso.

As portas do elevador enfim se abrem e caminho até a recepção para fazer o check-out.

— Espero que sua estadia aqui tenha sido agradável, senhor Reus! — diz a cordial recepcionista enquanto me lança um sorriso gentil.

— E foi, agradeço pelo ótimo atendimento. — dou uma piscadela e despeço-me em seguida.

Sigo até a saída do hotel, desço a escadaria e vejo meu motorista esperando ao lado do carro.

Sim, motorista. Quando percebi que ia ficar mais tempo do que gostaria, decidi contratar um, chamar um táxi a cada vez que vou sair não é muito a minha praia.

— Bom dia!

— Bom dia, senhor. — responde abrindo a porta do carro pra mim e pegando minha mala.

Entro no carro e então o nervosismo me toma de vez. Minhas mãos tremem e soam.

Em alguns minutos finalmente vou conhecer meu filho.

Meu. Filho.

Não sei como reagir ou o que falar, não sei o que fazer. 

Sinto minha respiração ficar cada vez mais acelerada.

Um remix de I Want To Know What Love Is toca no rádio, a música diz muito sobre o que quero daqui pra frente.

Eu quero saber o que é o amor.

Quero saber como é o amor de pai pra filho, quero que meu filho saiba, e sinta, meu amor por ele. Quero saber como é o amor em família, quero ter esse amor com a minha família. Quero saber como é o amor da Melissa, quero sentir o seu amor.

Desejo saber e sentir tudo isso, e retribuir esse amor para eles, e vou lutar até o último para conseguir.

Observo as belas paisagens de Berlim enquanto o carro se movimenta, poucos minutos depois o mesmo para em frente ao prédio de Lissa.

Ansiedade. Nervosismo. Medo.

— Volto logo. — aviso o motorista e tomo coragem pra sair do carro.

Fecho a porta e respiro fundo.

Vamos lá Marco, não seja covarde mais uma vez.

Caminho a passos largos para o prédio, quanto mais me aproximo mais nervoso fico.

Abro a porta, nem tenho tempo de entrar totalmente no prédio, pois dou de cara com Lissa e um pequeno amontoado loiro em seu colo.

Congelo.

Fico estático na porta. Ainda não notaram minha presença, o que me dá a vantagem de observá-los sem qualquer receio.

Lissa faz cócegas nele, seu riso infantil preenche o ambiente e eu poderia facilmente passar o resto dos meus dias ouvindo, é como se fosse uma canção, uma doce e angelical canção.

Perco noção de quanto tempo fico ali, apenas observando os dois, só me dou conta de que estou atrapalhando a passagem quando sinto alguém tocar em meu ombro e pedir licença. E então Lissa se dá conta da minha presença. Eles se dão conta.

A vejo mudar rapidamente de postura, aquela felicidade que minutos atrás dançava em seus olhos some e dá espaço a seriedade. Sinto meu coração se comprimir, como pude fazê-la me odiar dessa forma?!

Tento não parecer atingido com sua mudança repentina e vou em direção aos dois.

Concentro toda minha atenção para o meu filho, sinto uma felicidade genuína me tomar por inteiro a cada passo que fico mais próximo dele.

Paro a poucos centímetros dele e espero a permissão de Lissa para tocá-lo, logo ela o dá com apenas um olhar e então é como se algo se acendesse dentro de mim, como se agora minha vida tivesse um real motivo, como se cada segundo que eu vivia valesse totalmente a pena.

Tudo tinha um sentido agora. Meu filho.

Algo que estava apagado dentro de mim, instantaneamente se acende.

Um simples toque em seu rosto infantil me causou todos os tipos de emoções que eu sequer sabia que existiam.

Enquanto acaricio seu rosto, o conheço, imagino o que ainda está por vir, como tudo será daqui em diante com ambos um na rotina do outro. Estava totalmente perdido em milhares e incontáveis planos para nós daqui pra frente quando ouço Lissa.

— Nicolas. O nome do nosso filho é Nicolas. — me encara com os olhos brilhando de lágrimas.

Nosso. Nicolas.

Sinto meu coração aquecer com essas duas palavras. Enfim sei o nome dele e ouvi-lá por fim dizer nosso filho muda algo.

Sem nem pensar duas vezes, me agacho e abraço os dois com todas as minhas forças.

É como estar em um paraíso.

Eles, minha família, Melissa e Nicolas, são o meu paraíso.

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⏰ Última atualização: May 23, 2019 ⏰

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Redenção (pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora