Capítulo 5

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Marco Reus

— Caramba! Quem fez esse belo estrago aí? — pergunta rindo, puta merda como pode ser tão irritante?

— Não é da sua conta Mário, apenas me ajude e não faça perguntas. - respondo mal humorado.

Mal consegui falar com a Lissa e ainda sai com um nariz quebrado.

— Acho melhor a gente ir à um hospital, sabe né, sou jogador não médico. — o desgraçado tava rindo da minha cara e fazendo piadinha, hoje realmente não é o meu dia.

— Você tem razão, é jogador e não comediante, agora para de graça e me leva pro hospital.

Caminho a passos largos até a saída da boate com Mário, sem sequer me despedir dos meus colegas de time.

Pegamos um táxi a partimos em direção ao hospital mais próximo, meu nariz doía como o inferno, mas o que mais me deixava apreensivo era não ter tido uma conversa decente com Melissa.

*

Chegamos no hotel quase ao amanhecer.

Meu nariz estava no lugar e eu devidamente medicado para não sentir tanta dor.

Me despedi de Mário e fui para o meu quarto. Precisava dormir, mas não antes de achar algum meio de encontrar Lissa.

Entro no quarto, deixo as chaves na mesa de descanso, sento no sofá da pequena sala e enquanto tiro os sapatos ligo para o meu empresário e peço que providencie o endereço dela, não devia ser tão difícil.

Finalizada a chamada, levanto e vou para o quarto, deposito o celular no criado mudo ao lado da cama e sigo ao banheiro, precisava de um banho e relaxar.

Entro no box e fico ali alguns minutos apenas sentindo a água escorrer pelo meu corpo, e pensando no quanto minha vida mudou em uma única noite. Eu já havia desistido de procurar por ela, mas não significa que não a queira mais, e de maneira alguma pretendo deixá-la escapar de novo.

Dessa vez não, vou fazer tudo diferente.

Uma ideia me vêm a mente, não me parece a melhor, mas é a única que tenho por hora. Talvez Lissa me odeie mais um pouco por isso, mas é para o nosso bem, e do nosso filho.

Filho.

Essa palavra soa tão estranha, mais estranho ainda é o fato de isso não me causar mais sentimentos ruins. De parecer comum, e de fato é, porque eu tenho um filho. Um filho que rejeitei sem pensar duas vezes sequer.

Apoio a cabeça na parede e lamento. Fui tão tolo, ignorante, babaca...

Errei, e feio. Mas ainda tenho tempo de mudar isso, e vou.

Vou reconquistar Lissa e recuperar o tempo perdido com meu filho, devo isso à ele.

Termino meu banho e volto pro quarto, visto apenas uma boxer e me jogo na cama.

Exausto e com um nariz quebrado, mas feliz por ter a chance de fazer tudo diferente, de recuperar a mulher que amo e meu filho.


*

Melissa Romano

Droga. Mil vezes droga.

Não podia acreditar que ele estava aqui. Que sabe onde eu estou.

Nicolas.

Meu filho imediatamente me vêm a mente, e estremeço ao pensar na possibilidade de Marco querer tirá-lo de mim.

Jamais permitirei que me afaste do meu pequeno, não tem direito algum depois do que fez.

Corri pro banheiro depois de provavelmente ter quebrado seu nariz. Rio ao lembrar do meu feito, foi mais do que merecido.

Apoio-me na pia e encaro meu reflexo no espelho, encontro uma Lissa assustada e risonha. É surreal o que estou sentindo agora, um misto de medo mas ao mesmo tempo, felicidade?

Estou feliz em vê-lo?

Meu corpo inteiro se arrepia ao constatar que era a mais pura verdade, apesar do susto e do medo, eu estava feliz em ver Marco. Aquelas borboletas no estômago haviam surgido novamente.

Fala sério, sou muito boba!

Como posso me permitir sentir isso depois de tudo? Marco foi um canalha, merece apenas meu desprezo e nada mais.

Respiro fundo e decido que é hora de voltar ao trabalho, passo uma água no rosto e tento parecer o mais normal possível. Saio do banheiro e vou à cozinha, troco de função com minha colega por hoje, assim evitando qualquer contato com Marco.

Ocupo totalmente minha cabeça com o trabalho e o tempo passa razoavelmente rápido, chego em casa quase as 3 da manhã.

Meu primeiro intuito é de ver meu pequeno, de me certificar que ele está bem e ter certeza de que tudo vai ficar bem, pelo menos é no que eu quero acreditar.

Abro lentamente a porta do seu quarto e me deparo com um Nicolas dormindo serenamente. Me aproximo da sua cama, acaricio seus cabelos e beijo sua testa demoradamente, fico ali zelando seu sono.

Poderia facilmente passar o resto da vida assim, o observando.

Depois de muito tempo sentada na sua cama, sinto meu corpo reclamar e pedir descanso. Despeço-me do meu anjinho e vou à cozinha, abro as gavetas e armários procurando algum remédio pra dor e falho miseravelmente, por fim tomo apenas um copo de água.

Verifico como Hana está, a encontro dormindo no sofá, cubro-a e vou para o meu quarto. Tomo um banho rápido e encontro remédio pra dor no armário, tomo um e volto ao quarto, e enfim sinto o conforto da minha cama massagear minhas costas.

Solto um gemido de satisfação, não há nada melhor do que isso depois de um dia como o de hoje.

Reus domina minha mente, meus pensamentos.

Pondero sobre nosso reencontro, provavelmente ele vai apenas seguir a sua vida e daqui a alguns meses não vai se recordar de nada, muito menos de mim.

Isso me tranquiliza, foi apenas um susto, não é como se ele realmente se importasse, e eu também não deveria.

É errado eu o afastar de Nic, mas inevitavelmente minha mágoa fala mais alto que a razão, e não quero que isso mude, porque mudar significaria que sentimentos que eu acredito estarem enterrados, voltem à tona.

Egoísta. Estou sendo totalmente egoísta, considerando apenas meus sentimentos e deixando os do meu filho de lado. Não faço por mal, é apenas difícil pra mim ter que lidar com tudo isso sozinha.

Fecho os olhos e suspiro, fico assim por alguns minutos e então adormeço.

Redenção (pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora