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A silhueta se estendia tão brilhante e frágil no beco que Jeongin jurou ser de porcelana, com medo de se aproximar e quebrar. "Já estou tão revirado por dentro". Tocar-lhe ou apenas olhar parecia errado.

— Senhor Bangchan! O que está fazendo aqui neste frio? — limpou as lágrimas disfarçadamente e levantou em um sobressalto.

— Eu me aventurava pela cidade — respondeu serenamente, com as mãos no bolso, os pés afundando na neve. Yang, sem conseguir evitar, imaginou areia movediça. — Nem sempre de ônibus, inclusive, porque descobri que caminhar faz bem pra limpar a mente, esquecer um pouco do frio... — riu de leve.

Jeongin balançou a cabeça meio confuso. Não era pra ele estar a véspera na fazenda da prima, como haviam conversado? Era surreal demais pensar em sua presença maleável, como num sonho ou como os milhares de desenhos na parede, detalhando sempre um bocado de faltas, principalmente de si mesmo.

— E a fazenda? — indagou, movimentando-se na neve. — A sua família não ficou triste que você não está lá? — conferiu rapidamente o relógio de pulso que usava. — É muito tarde! Daqui a pouco o natal chega.

— Você não parece triste, Jeongin.

Enfrentar a dor parecia certo, então engoliu todas as lágrimas goela abaixo e tentou sorrir, sem entender de fato o que o motorista amigável queria dizer. Talvez quisesse acreditar naquela pequena, mas controlável, mentira. Era fácil, porque Jeongin era feliz. Só não estava naquele instante, o que parecia a coisa mais errada do mundo.

Fitando o cortiço, ele rapidamente abaixou a cabeça e acompanhou o silêncio que se seguiu, apenas o sopro da nevasca e flocos preenchiam a musicalidade do beco, porque até mesmo os moradores pararam de cantar. Ainda que não fosse de todo ruim, o velho medo de permanecer assim para sempre, sem poder gritar ou falar uma mínima coisa, acabar se esquecendo que tem voz... Parecia perturbador, na verdade, porque Yang gostava de cantar para si mesmo quando esquecia o significado de solitude.

— Por que o senhor está dizendo isso? Quer dizer, é claro que estou feliz, é natal! O coral dos meus desejos foi realizado, mas algo parece errado. Eu não sei o quão feliz estou.

— Porque você diz que minha família está triste, mas nem todos.

Jeongin não entendeu; simplesmente se recusou, porque era tarde demais, a neve sugando os dois para baixo: o profundo e instável momento de estabilidade que a conversa visava, sonhos natalinos e desejos puros. Porque era muito difícil escapar à negação, praticamente impossível coexistir mais uma vez, embora nunca deixasse de se entregar. Finalmente chorando, sem resistir, jogou-se nos braços do homem, dono do Coração Andante, cantando baixinho sobre alguém com vida demais para segurar entre as mãos, deixando escapar pelas brechas, sorrindo de graça, acreditando no merecer por merecer; no amor por amor.

— Eu tava errado — Jeongin disse quando Chan o pegou no colo. — Agora sim escuto um coral. E você? Tá escutando?

Chan não respondeu, mas caminhou para fora do beco numa alegria fragilizada, o vértice puro no coração de uma criança, e, grato, colocou-o no banco passageiro. Uma estranha sensação tomava forma, redesenhada pela capacidade de amar e ser amado, de se importar sem esperar retorno. Talvez demorasse para que as rodas do Coração Andante amenizasse esses sentimentos não tão sóbrios, mas, certamente, Bangchan não precisava de mais para entender o peso das ações.

Não muito diferente, Jeongin se desmanchava em lágrimas vívidas de felicidade, batendo palmas, pulando no banco, porque aquele velho espírito festeiro congratulava a esperança de ser amado, de esperar, por admiração, por acolhimento. O que seria de si sem os desenhos, sem pensamentos cativantes debaixo da neve espessa? Era como um cobertor de devaneios, um escudo para o coração de fogo, aquele que a chama nunca apagava mesmo sob tristeza e solidão; passageiro, ele agora sabia.

A fazenda surgiu após algumas horas; o relógio no painel marcava meia noite em ponto. Os fogos no céu estouravam bem no meio das nuvens e Jeongin prezou para que elas não se sentissem assustadas, pois ele não estava.

De mãos dadas, entraram pela porta da frente, dando de cara com a decoração dourada e berrante. Seus olhos brilharam em direção a cada meia estendida e globo enfeitado, suspirando e esquecendo por um momento da importância de tudo, preso em um mundo distante e eternamente feliz. Uma mão tocou seu ombro.

— Seja bem vindo, Coral dos desejos — era uma senhora usando um xale. E então Yang reparou nas diversas outras pessoas que apareciam detrás dos cômodos e dos brilhantes enfeites. — Chan falou muito de você. Espero que aproveite este momento. E que se sinta amado o tanto quanto nós já amamos você, mesmo repentinamente. Mas acho que não precisamos nos preocupar com isso por enquanto.

Sem conter as lágrimas, derrubou um oceano inteiro, aceitando com gratidão a oferta de fazer parte daquela família que nunca desenhara (até então) por completo em sua parede. Aliás, ela ainda era sua? Não queria pensar muito nisso. Não queria ser miserável, devolvendo silenciosamente o coração àquela família, entoando um coral interior que explodia esperança natalina e felicidade eterna.

O cheiro da comida se misturou ao da felicidade e ele caiu de cabeça na bagunça, excluindo aqueles que no pé que chegaram, se foram, porque ele queria estar onde estava.

— Eu sempre soube que você seria mais importante do que aquela maleta, então a joguei fora...e aceito chorar de felicidade pelo resto da minha vida por ter percebido o quanto que eu posso amar uma coisa sem ao menos ter grandes motivos para isso.

Com os olhos borrados, a imagem daquela linda mulher parecia imaterial. Sempre foi mais fácil enxergar uma alma perdida.

Era Cici.

— Ela é minha esposa — Chan disse, ao lado. — E agora sua mãe também.

E, pela primeira vez na terra, um anjo chorou cristais azuis de uma vida cheia de amor.

— Canta pra mim — Cici chorava. — Canta pra mim o coral dos seus desejos.

[...]

FELUZ NARAL FELIZ NARAL FELIZ NATALLLLLLLL QIQTDYFQYOCA 😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶💕❤💗💕💗💕🎉😔🎉🎉🎉🎉💕🎉💕❤❤💗💗😔💗💕💕💗💕🎉🎉🎉🎉🎉🎉🎉💕🎉💕💗❤💗😔💗😔😔😔😔😔😔😔😔😔😔😔💕💕🎉🎉💕💗💕💗🎅🎅🎅💗❤💗💕💗💕💗😭😭😭😭😭😭😭😭🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊🔊

caraca! eu amo vocês, mais um natal juntinhos!!!!!! espero que vocês estejam aproveitando na medida do possível e que eu possa ter tocado o coração de vocês, mesmo que tenha doido, porque talvez essa seja a forma de eu manter voces mais perto de mim. voces sao o coral que entoa os meus desejos e eu nao poderia querer algo melhor. obrigada por tudo!

nunca se esqueça que é amado; que voce poder vir a ser amado, mesmo que sem grandes motivos, porque o amor por amor é o mais bonito que você pode ter

por hoje é so, amigos!!!! nos vemos mais tarde. aproveitem os fogos, porque eles representam uma nação inteira batendo em um so coração

ㅡ i wish. stray kids | jeongin ! a christmas giftOnde histórias criam vida. Descubra agora