Por ele

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Os raios de sol matutino atravessavam as cortinas brancas que eram jogadas levemente para frente pelo suave vento frio tipico da época natalina. Os olhos castanhos dourados brilhantes como ouro derretido mantinham-se ficços nos cristais de gelo que lentamente desciam das nuvens para ir de encontro com o solo.

Um casaco pesado, um cachecol felpudo, um goro quente e luvas de couro para proteger a si mesmo e ao pequeno ser humano que permanecia quietinho dentro de seu corpo do clima frio.

Os fios loiros escuros do japonês estavam mais longos comparado a poucos meses atrás,seu rosto estava vermelho pelo frio e suas costas doiam pelo peso extra,porem o jovem não se importava. Trancou a porta de sua residência e já estava a chamar o elevador quando uma velha senhora veio a ter com ele.

-Bom dia jovem Akihito.-Ela o saudou.

-Bom dia senhora Tanuma.-O loiro sorriu para a mais velha.

-O clima esta frio hoje,tem até neve!-A senhora observou o obvio.-Não se esqueça de ficar sempre aquecido. Seu bebê senti o que você senti!

-Sim, obrigado.-Akihito agradeceu

A idosa se virou e despediu-se do mais novo. O sorriso nos lábios do loiro foi desaparecendo gradualmente conforme a senhora se afastava e assim que ela entrou em sua própria casa a expressão facial do jovem se assemelhava à neve que caia do lado de fora.

Fria

O loiro pegou o elevador e desceu,comprimentou as pessoas que vinham sendo seus vizinhos a mais seis meses e deixou o condomínio. As pessoas que encontrava pelas calçadas pareciam tão banais aos olhos do loiro. Todas tão preocupadas com seus próprios problemas, tão preocupadas com o tempo, tão preocupadas em ter mais tempo sendo que o pouco que tinham estavam gastando a procura de mais do que nunca conseguiriam ter em mais quantidade. Mas quem era ele pra falar delas?

Sua mão enluvada acariciou por cima do casaco o volume redondo em seu abdômen. Queria que o tempo passasse o mais rápido possível, queria ter logo ele em seus braços, queria ver o rosto e saber a quem ele puxará.

Seu bebê

A única família que tinha. A única pessoa que tinha um laço sanguíneo. Foi por ele que tinha feito o que fez. Tudo por ele.

O loiro entrou em um prédio de fachada simples,mas bem apresentável.

-Cheguei!

-Takaba!-Um rapaz foi até ele.-Bom dia, que bom que chegou. Não estou conseguindo falar com o bufê do evento de formatura do dia vinte e seis.

-Vou ver isso agora.-Akihito tirou as peças de frio.-Lembra de me trazer o orçamento do aniversário do dia dezenove.

-Sim.-O rapaz concordou e saiu.

Takaba sentou em sua mesa e assim que abriu o computador foi até o email do bufê. Tinha que resolver logo isso para se focar nas outras tarefas que tinha para fazer.

-Bom dia Akihito!.

O loiro quis revirar os olhos ao ouvir aquele timbre tão irritante, mas não o fez. Ao invés disso colocou seu melhor sorriso e a comprimentou.

-Bom dia Ai.

-Comprei um presente para o seu bebê.-A morena estendeu uma sacola com ursos de pelúcia estampados nela.-Espero que goste. Você e ele.

-Não precisava.-Akihito pegou o pacote ainda sorrindo.

O conteúdo era um macacão de bombeiros com sapatinhos amarelos como as botas dos agentes públicos.

"Por acaso ela acha que meu filho é uma boneca pra ficar fantasiando ele?"

-Obrigada Ai.-O loiro agradeceu.-É muito fofo!.

-Que bom que gostou!-Ai soltou animada.-Bebês são tão lindinhos com essas roupas.

-Sim.-O loiro concordou e por cima do ombro da morena viu o rapaz de antes vir até eles.-Agora é melhor nós dois voltarmos ao trabalho.

-Claro!-Ai concordou e saiu quase saltitante.

O rapaz entregou para Akihito o que ele tinha pedido.

-Logo vamos perder você.-Ele soltou.-Vai nos trocar por um moleque babão.

O loiro soltou uma baixa risada.

-Vou ficar de licença!-Akihito disse digitando.

-Dá no mesmo.-O outro reclamou.

-Vai trabalhar.-Takaba bateu com alguns papeis no braço do outro.

-Você só tem duas coisas na cabeça: Trabalho aqui e filho em casa e aqui.

-É óbvio que tenho que pensar nele.-Akihito empurrou o rapaz.-Agora vai trabalhar que nós dois ganhamos dinheiro com isso.

-Chato!

*

Akihito já tinha virado duas esquinas diferentes e eles continuavam em seu encalço. O loiro suspirou. Tinham demorado mais do que ele achou que demoraria, porem ainda sim eles apareceram. O mais novo parou sua caminhada e olhou por cima do ombro.

-O que querem?-Já sabia o que era, mas provocar sempre seria bom.

-Takaba Akihito, venha conosco!-O sujeito totalmente de preto disse.

O loiro estalou a lingua.

-Ok.

Os dois homens se entre olharam e depois encararam o mais novo.

-Não estou em condições de fugir nem de lutar.-Akihito apontou para sua barriga grande e redonda.

O cara que tinha dado a ordem pegou um celular em seu bolso e se afastou para fazer uma chamada enquanto o outro empurrou o loiro até o outro lado da rua onde um carro preto estava a espera deles.

-Pois é, parece que as coisas vão mudar de novo.-Akihito entrou no carro.-Mas ainda somos apenas você e eu bebê! Só nós dois.



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