Hostil

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"Possuo uma necessidade constante de mudar,mas confesso que,as vezes,sinto medo de que em uma dessas mudanças eu acabe me tornado uma versão pior de mim."

-Mais um café, por favor


Hostil.

Essa com certeza era a melhor palavra para descrever aquela primeira semana.

O loiro estava extremamente hostil com qualquer tipo de contato com o progenitor de seu filho. Chegando a não conseguir trocar três palavras com o mesmo sem ter pelo menos uma ofensiva ou agressiva.

Akihito não conseguia uma brecha para sumir novamente. Estava sendo vigiado quase vinte e quatro horas por um número ridículo de seis seguranças brutamontes olhos de águia que eram pior que chiclete no cabelo e quando não eram os olhos dos seguranças que o impediam de achar uma forma de fugir eram os próprios chefes de máfias que o observavam. Asami e Feilong estavam ficando tempo demais em casa. Principalmente o chinês que agora vivia com eles no apartamento do moreno. O loiro sabia que Asami não pouparia esforços para mante-lo com sigo, mas Feilong também?

Ficar sendo vigiado estava deixando o mais novo irritado o que acabava afetando diretamente o bebê que passou a mexer conforme o loiro se exaltava. Ficar todo aquele tempo se escondendo para cuidar de seu filho o deixou mais responsável comprado a quando descobriu sua gravidez, mas Akihito ainda era ele. Não desistiria fácil.

*

O loiro estava sentado no tapete da sala de estar com as costas apoiadas no sofá comendo com gosto sorvete de café misturado com pepino,brócolis,mel e canela.

A maldita vontade veio quando ele tinha acabado de acordar,mas na casa não tinha o sabor que o mais novo desejava então resolveu pedir a um dos seguranças sair e comprar para ele já que não estava com vontade de ir para a rua cercado pelos búfalos que Asami tinha arranjado para ficar de cão de guarda. O sujeito estreitou os olhos para o loiro, provavelmente desconfiando do pedido do mesmo já que todos tinham sido avisados da agilidade de escape do menor,relutante em atender o pedido, mas depois de um vaso ser arremessado no mesmo e o jovem de cabelos dourados assumir uma aura raivosa o mesmo foi atrás do que foi pedido. Não por medo do loiro,ele parecia um patinho de pelúcia com uma faca de plástico em mãos redondo e fofo, mas sim pelo receio do loiro fazer algo por não conseguir o que queria.

No presente momento o garoto estava em seu segundo pote de sorvete e tinha a noção que assim que a fome passasse tudo aquilo seria posto pra fora. Esse pensamento fez o loiro soltar um gemido de desagrado. Os seguranças ficaram em alerta com o barulho emitido pelo loiro e se puseram a posto ao seu redor.

- Algo errado?-Um deles perguntou.

- Tudo errado!-Akihito mostrou o dedo do meio para os guardas.-Vão se foder.

Nesse momento a porta abriu-se e por ela Asami e Feilong adentraram o apartamento. Os dois morenos encararam o pequeno amontoado ao redor do mais jovem.

- Algum problema?-O moreno de olhos azuis perguntou deixando sua pasta sobre uma cômoda.

- Aparentemente não chefe.-Um segurança respondeu.

Com um aceno de mão o mais velho dispensou todos os brutamontes. Feilong seguiu calmamente até o sofá em que Akihito se encostava sentando-se perto do loiro.

- O que esta fazendo?-O chinês questionou cruzando as pernas.

- Comendo não ta vendo?-O loiro resmungou enfiando mais uma cólera de sorvete na boca.

- Delicado como pétalas de cerejeira.-Feilong fechou os olhos com um meio sorriso no rosto.

Asami tirou a parte de cima de seu terno e sentou-se na outra extremidade do sofá perto do menor.

- Como foi seu dia Takaba?-O moreno encarou o conteúdo da tigela que o jovem comia.

-Por que vocês dois não vão transar?-Akihito trincou os dentes. Estava começando a desejar a presença dos seguranças novamente. Pelo menos eles não lhe interrogavam.- Faz um filho nele também,assim meu garoto vai ter um irmãozinho. Não vai ser problema já que você também é um HNTE Feilong, mas me deixem em paz.

-Já tenho uma criança pra cuidar, mas não sou tão desequilibrado quanto o Asami para ter um filho.-Feilong disse ignorando a irritação do loiro.- Sei qual a minha realidade.

Akihito voltou seu atenção para a tigela a achando menos saborosa do que a minutos atrás.

- Eu também...-O loiro murmurou.

Takaba sentiu seu rosto ser segurado e logo depois seus olhos dourados se encontraram com os azuis de Ryuichi.

- É um menino?

Os olhos de Akihito esbugalharam em surpresa. Tinha deixado escapar aquela informação sem querer,mas nem se deu conta até o questionamento do moreno. Akihito afastou o toque do mais velho de si agressivo.

- Não encosta em mim!-O loiro levantou saindo de perto dos dois.

- Vocês dois não tem jeito.-Feilong suspirou.

*

Akihito deu descarga e sentou no chão frio do banheiro. Sua respiração estava ofegante e não tinha confiança o suficiente em seus pernas para tentar se erguer então resolveu esperar seu corpo estabilizar para tentar qualquer movimento mais ágil. O loiro sabia que eles estavam do outro lado da porta,por isso mesmo tinha a fechado para evitar que os dois entrassem,mas agora queria tanto ter o maldito carinho que o pai de seu bebê fez apenas duas vezes em suas costas enquanto ele estava mal. Era a forma do mafioso demonstrar cuidado com sigo e com seu filho. Ambos eram inexperientes naquela situação. Passaram tantos apertos juntos sendo que o moreno sempre teve maestria em resolver as questões postas diante deles, mas no quesito filho ambos estavam quase no mesmo nível, pois o moreno não teve contato com o loiro durante os meses de gravidez passados.

Agora, sentado no chão frio, tudo que o loiro queria era ter o moreno por perto. O que gerava um conflito interno no jovem gestante. Queria e ao mesmo tempo não queria aquilo. Não queria sentir a necessidade do carinho do moreno. Não queria ficar tão frágil. Não queria estar começando a querer falar sobre o bebê. Mesmo não demostrando tinha consciência que Asami sabia. Ele o conhecia bem. Até demais.

O loiro olhou para seu ventre inchado o envolvendo como em um abraço.

-Nós temos que sair daqui.-O loiro sussurrou para seu garoto.

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