-Annyeong!- digo ao passar pela porta do ateliê e encontrar a costumeira figura atrás de uma das telas brancas.
-Annyeong...- Jimin levanta sua cabeça ao me ver, começando a guardar suas coisas, retira a tela do cavalete, a segurando de maneira que não estrague seu trabalho.
-Jimin!- tento o chamar mas acabo por ser interrompida.
-Eu preciso ir, Hye Lin.- o garoto evita contato visual, empurrado a porta com sua perna.
Sento-me em um dos bancos que haviam ali, já decepcionada com todas as tentativas de aproximação que foram falhas. Nos últimos dias, Park havia se afastado e usava de todas as maneiras possíveis para me evitar. Nós não ficamos mais juntos no ateliê, pois ele sempre acaba por sair quando entro. E desde então, eu me pego pensando no que havia feito para afasta-lo, ele estava me mostrando cada parte sua aos poucos, eu estava entendendo cada risco abstrato que o representava. E desde que se afastara, eu não conseguia concentrar meus pensamentos em outra coisa, que não fosse o meu possível erro.
O fato mais cruel é que eu havia deixado muitas pessoas irem, me afastado de outras, eu havia aprendido a conviver sem a presença delas. Entretanto, com Park Jimin não estava sendo da mesma maneira, eu não conseguia deixá-lo ir. Imaginar que eu poderia ter lhe feito algo terrível, ao ponto de afastá-lo, me deixava completamente aflita. Se eu tivesse errado em algum momento com ele, eu estava completamente aberta a me redimir.
Mas eu não consigo imaginar o que havia feito e ele não me dava a mínima chance de me aproximar, para arrumar qualquer coisa que não estivesse certa entre nós.
Ouço uma batida na porta e um papel passa pela sua fresta inferior. Me levanto rapidamente e o pego, era uma folha de papel branca com algumas manchas de tinta, estava dobrada ao meio. Separo as duas extremidades, lendo a caligrafia conhecida por mim.
"Curiosa Kim,
Me desculpe Hye Lin, eu não queria tratá-la desta maneira. Porém isso é melhor para nós dois. Eu não deveria sair de meu mundo e muito menos entrar no seu, estamos em polos completamente opostos. Minhas insanidades não estão aos níveis das suas e de jeito algum deveríamos cruza-las.
De alguma maneira não obstante, eu quero lhe agradecer por ter tentado, espero que seja completa com cada imperfeição sua.Park Jimin."
Meus olhos corriam rapidamente entre as palavras escritas, tentado encaixa-las e entende-las, porém minha primeira reação ao finalizá-la, é abrir aquela porta colocando rapidamente minha cabeça para fora, procurando a pequena figura de Jimin. Não havia sinal dele, meus pés andavam rapidamente pelo corredor, mas ele não estava em lugar nenhum.
-Hye Lin!- a voz me chama ao longe e eu me viro a sua procura.
-Yu Na! O que faz aqui?- pergunto ao encontrar minha antiga colega de casa.
-Eu vim buscar alguns documentos para dar início ao...- a mais velha inicia um conto sobre sua atualidade, mas eu não consigo prestar atenção em nada, apenas corro com meus olhos a procura de Jimin. -Omo Hye Lin! O que está passando em sua cabeça? -sinto um leve balanço no meu corpo causado por suas mãos.
Yu Na ao mesmo tempo que chama minha atenção, se demonstra preocupada. Eu penso por segundos em lhe dizer, ela era uma das poucas pessoas em que ainda restava minha confiança. Já havia me sufocado o suficiente com tudo, estava precisando dizer a alguém a bagunça que todo abstrato de Jimin estava me causando, as sensações novas a cada descoberta.
As pessoas que passavam no corredor pareciam me encarar, ainda me restava aquele olhar de início, quando me aproximei do garoto. Eu não me importava, mas me irritava, pela maneira injusta que um alguém poderia ser tratado apenas por ser diferente.
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Paint Me
FanfictionO natal pode parecer uma data mágica, entretanto Kim Hye Lin acaba por descobrir que toda a magia se encontra na quebra dos padrões tradicionais, e na maneira em que as pessoas enxergam o mundo nas outras. Park Jimin, acaba por lhe mostrar que peque...