Capítulo Final

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Jogo meu corpo no sofá quando finalizo o que fazia, com uma mínima esperança de que Park aparecesse. Entretanto, tudo indicava que isso era uma impossível probabilidade, eu tentei me contatar com o garoto de várias maneiras, mas sem sucesso algum. E então aqui estava eu, passando meu primeiro natal sozinha.

Eu havia feito uma pequena ceia com algumas comidas, mas não sentia vontade alguma de comê-las e provavelmente ao final, acabaria as levando para algum abrigo. Minha sala estava singelamente arrumada para tal data, com pequenos enfeites espalhados e um pinheiro de porte médio ao canto.

Começo a sentir a solidão me tomar, se juntando a um pequeno arrependimento quando me lembro que havia recusado a visita de Namjoon. Meu olhar corre para o quadro preso na parede, aquele que tinha a metade com meu irmão, eu me lembro de quando havia o feito, uma pequena garota sentada em frente a lua, o que estava com Nam era um garoto em frente ao sol.

Durante minha vida toda o garoto fora meu suporte, eu havia feito este quadro quando tinha dez anos, talvez. Fora como um presente de natal, eu tinha o costume de fazer quadros escondida em meu quarto, minha família nunca deu relevância, mas Nam acreditava que seria um dom.

Olho no relógio, já eram quase dez horas da noite, minhas esperanças se esgotam quanto a visita de Park. Uma leve lembrança vem a minha mente, ela era de uns dez ano atrás, eu e Namjoon estávamos ansiosos com os possíveis presentes que estavam abaixo da grande árvore natalina na sala, a qual passamos quase um dia todo ajudando nossa mãe a decorar. Provavelmente a esta hora, estaríamos na mesa de jantar, apreciando a farta ceia a qual faziam questão de ter todo ano.

Quando eu era criança, a magia do natal parecia real e antes de abrirmos os presentes, eu e Nam montávamos uma caverna com cobertores e cadeiras, meu irmão me contava diversas histórias de Santa Harabeoji e seus milagres natalinos. Talvez fosse por este motivo que ainda havia alguma esperança em mim para esta noite. Quando somos crianças, vivemos acompanhados da mais pura inocência e as coisas mais simples se tornam mágicas e únicas, se em algum dia pudesse imaginar que as fantasias da vida me seriam ceifadas, pediria a Santa Harabeoji que segurasse o grande vilão da nossas vidas, o tempo.

Sinto-me ser tomada pela completa melancolia, em minha mente existem diversas reflexões acerca de tudo que eu havia feito para chegar até aqui, quais eram meus arrependimentos? Nenhum.

Eu desisti de muitas coisas por um sonho e uma paixão correspondida pela arte. Me envolvi com pessoas de caráter negativo, mas eu não me sentia arrependida por isso, elas me fizeram enxergar o quão o ser humano pode ser ruim e se esconder suas faces horríveis atrás de máscaras.

O tempo poderia ser terrível conosco, mas ele nos trazia muitos aprendizados e é responsável por muito do que somos. Ninguém nasce com um caráter pronto, diante as circunstâncias somos formados e adaptados, eu tenho completa certeza que na infância meus pais não se importavam com o dinheiro e a honra padronista, porém a vivência na empresa e a luta para aumentar os bens os fizeram assim. Eu não nasci apaixonada pela arte, mas no tempo em que eu era sufocada em meu quarto, pela necessidade afetiva, enquanto engolia meus sentimentos confusos, eu a encontrei como minha expressão única. A arte se tornou tudo o que eu precisava em minha vida.

A campainha da minha casa toca, pelo horário acredito que seja um coral natalino o qual tenta levar uma alegria mínima as pessoas nesta noite, talvez a presença deles me fizesse melhor. Me levanto, pego minha chave pendurada, girando-a para que abra a porta. Quando finalmente aberta, sinto o vento frio soprar, arrepiando cada parte do meu corpo, a neve caía fina, entretanto não havia ninguém no outro lado. Estico minha cabeça para o lado de fora, tendo a visão de toda extensão da rua e a algumas casas enxergo a figura de altura mediana, coberto por um daqueles grossos casacos de inverno, na tonalidade preta, e a touca vermelha cobrindo parte dos seus fios castanhos, com a típica bolsa preta pendurada em seu ombro.

Paint MeOnde histórias criam vida. Descubra agora