Pedido inusitado

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Yixing visualizou a mensagem do amigo e suspirou.

Era aniversário de doze anos dos gêmeos de Minseok.

Ele foi praticamente intimado a ir e sabia que não tinha como recursar, mas queria, não por que não amasse aquelas crianças, ou o amigo e seu marido Jongdae, a qual ficou próximo e tinha como um amigo também desde que passou a conhecer o outro melhor. Min tinha toda razão, ele era especial e juntos tinham construído uma família maravilhosa...

Contudo, ir lá significava encontrar Tao e nos últimos meses ele tinha receio de que não conseguisse disfarçar mais seu amor intenso pelo jovem.

Suspirou e deitou a cabeça em sua escrivaninha.

Já tinha passado mais tempo do que seria racionalmente possível e saudável se questionando quando exatamente foi que seu olhar mudou para o filho gentil do seu melhor amigo.

Talvez no aniversário dele de dezoito anos, talvez antes, ele não tinha certeza, só soube que precisava se afastar ou enlouqueceria, o que era extremamente irônico por que ele era um psiquiatra, modéstia à parte um dos melhores em sua área e tinha vinte e três anos a mais que o dono de suas noites insones e de suas epifanias absurdas. Era uma relação que jamais aconteceria, por que sabia que Tao não o via dessa forma, o mais novo apenas o via como o segundo melhor amigo de um dos pais e o padrinho legal dos gêmeos.

E ele queria ser visto de outra forma, mas como poderia querer? Ele era muito velho para o outro, Tao tinha toda uma vida pela frente, ele não podia atrapalhar a vida do rapaz embora enlouquecesse de ciúmes quando Xiumin vinha ao seu consultório, e aquilo era uma espécie de tradição de muitos e muitos anos, e lhe contava como seu filho mais velho era amado pelos amigos e que recebia muitos convites para sair.

Só de imaginar o seu Tao em uma balada qualquer sendo tocado por outro ele sentia vontade de largar tudo e ir buscá-lo como um touro furioso, mas daí lembrava que não era nada dele, que Tao não era seu e que não tinha autoridade nenhuma sobre o mais novo e aquilo o estava corroendo lentamente, dolorosamente e intensamente de modo que já não suportava ouvir seu amigo falar dele, assim fugia dos almoços de domingo sempre com uma desculpa idiota e mudava de assunto quando Min vinha até ele, toda manhã de segunda feira e lhe relava sua semana feliz em sua família feliz.

Aliás, segunda feira era seu dia de suplício, por que agora, ver Min, significava lembrar de Tao, que significava que este não lhe pertencia e que logo ia arrumar algum maldito namorado da sua idade e que ia fazer tudo o que uma adolescente normal e saudável faria e que quando Yixing soubesse, se sentiria ainda mais louco, amargurado, ciumento e ranzinza, como o velho que era.

Tinha passado dos quarenta e nunca ficou tão depressivo sobre aquilo antes, até descobrir que era enlouquecidamente apaixonado por aquele jovem doce e divertido. Era tão apaixonado que provavelmente estava protagonizando a mais idiotas das situações, ou seja, ia realmente definhar como um solteiro isolado, apaixonado pelo filho do melhor amigo e torturado por todas as coisas que saberia que em breve ele iria fazer, por que Tao era bonito demais para ficar solteiro por mais tempo, ele nem sabia como o jovem ainda não tinha aparecido com um namorado em casa.

Não, espera, ele sabia, por que Xiumin era, pela graça dos anjos protetores dos bons pais, um pai ciumento e observador. Se aquilo acontecesse, ele ficaria furioso e viria lhe contar. Sem dúvidas.

E ele ia enlouquecer, simples assim.

—  Ahhhhh, eu não quero, não quero ir.

Corações DesesperadosOnde histórias criam vida. Descubra agora