Planos alterados

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—  Ela não resistiu Dr. Kim, apenas a criança. É uma menina.  

  Minseok olhou para o colega de profissão e suspirou. Era um dos melhores obstetras da cidade e se ele não tinha conseguido salvar a paciente, ninguém mais conseguiria.

 Olhou de esguelha para a sala de espera onde Dae estava aflito.

  Depois do choque do encontro súbito e sem graça, assim que a grávida desmaiou em seus braços, Dae entrou em seu modo omma e foi o primeiro a tomar o volante e voltar para a cidade. Min tinha feito o que podia naquelas circunstâncias mas achou que realmente o parto tinha sido atrasado e aquilo nunca era bom para uma mãe.

  Ele vasculhou o carro dela e só achou uma bolsa pequena com quase nenhum documento, o passaporte era a única coisa real da mulher, agora morta. Adria Bartolli, italiana, vinte e dois anos. O que ela fazia ali, quem era ela, o que fariam com a criança, tinha algum parente? Todas aquelas perguntas iriam ficar sem respostas, e o pior, por algum motivo, um sexto sentido sobre seu marido lhe dizia que ele não iria deixar a recém-nascida para trás, Dae diria que era o destino, que deixar a bebê seria um erro. Min suspirou de novo.

—  Dr Park, quais os procedimentos de adoção nessa situação? Precisamos nos certificar que a mãe não tenha nenhum parente vivo certo? Eu sempre adotei pelas vias oficiais, não sei os procedimentos nessa situação.

  O alto o encarou e depois lentamente sorriu.

—  Eu sabia que ia dizer isso, Kim, eu sabia. Vamos, eu vou verificar isso com você.



  Minoah acabou não indo trabalhar a parte da tarde, avisou o Café e ficou ali, surpreendentemente se divertindo com seus irmãos e o misterioso babá.

  O garoto tinha mel, era sua única explicação para o efeito que ele tinha nas crianças. E ele não se cansava também, sempre ria, sempre tinha algo para entreter os meninos e cozinhava, divinamente, não era um chef, como ela, mas o sabor da comida era como as comidas de avó. Sabor de lar, que cozinha profissional nenhuma nunca teria. Além disso arrumou o quarto dos gêmeos, o quarto da piscina de bolinhas e até alguns livros fora da estante.

  Sabia contar histórias como a Sherazade e a tarde colocou os gêmeos para dormir daquela forma enquanto Minoah observava os três na sala da cozinha, fazendo biscoitos para se distrair, se precisava entender algo, pensar em algo ou apenas relaxar, ela cozinhava, era sua terapia mental. E agora tinha aquele garoto para compreender, ele era uma charada e ela não resistia a uma boa incógnita.

  Ele soava como a Mary Poppins, o que a deixava confusa e chocada, ainda mais quando Suho pediu para ele cantar e Baek o fez, com uma voz limpa, cristalina e doce.

  Mary Poppins... Será que ele tinha uma bolsa mágica escondida?

  Se perguntou rindo.

—  As crianças dormiram.

  A voz macia a alcançou e ela se virou para a entrada.

  Ele estava ali, com o mesmo sorriso suave. Minoah riu baixinho.

—  Estava me perguntando se por acaso você tem uma bolsa mágica.

Corações DesesperadosOnde histórias criam vida. Descubra agora