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Eu? Eu sou Piter. Moro na Austrália, especificamente em Sydney, mas falo português também por ter familiares brasileiros. Tenho 15 anos e, obviamente vivo na mesma casa que meus pais Joe e Lucy Edwards.

- Meu pai conheceu minha mãe em uma viagem que fez ao Brasil e aqui estamos nós.-

  Um menino calmo e que não gosta muito de sair. Sou apaixonado por Kate, que é um ano mais velha que eu por questão de meses, e que aos meus olhos é a menina mais linda da escola onde estudo - Sydney's High School -. Ela é umas das garotas mais conhecidas - em outras palavras, populares -, rodeada por garotos bonitos, enquanto eu sou só mais um naquele colégio.

Esse é o problema.

Sou tímido e nunca tentei falar com ela.
Anthony, meu melhor amigo e meu irmão Olly me perturbam para que eu fale com Kate, mas...

                     □ □ □

- Piter, vem aqui embaixo, por favor! - grita minha mãe.

- Já vou, mãe! - grito de volta.

Acabo de guardar minhas coisas e desço a escada.

Ao chegar na sala me deparo com Anthony.

- E aí, Piter! Estava fazendo o quê? - pergunta.

- Nada de mais. Só estava arrumando umas coisas lá em cima. Veio aqui em plena sexta-feira por quê?

- Ué, por que "em plena sexta-feira"? Eu venho aqui direto.

- Porque toda sexta-feira você sai. 'Tú só vem aqui quando não tem nada para fazer ou nenhum lugar para ir.

- Atá. Mas, eu tenho que sair hoje sim. Só que vim te chamar.

- Você sabe que eu não gosto de sair e vem me chamar?

- Sim. Cara, você tem que parar de ser idiota e sair mais comigo e com os outros garotos. Tem que aprender a viver.

- Eu vou, mas nem vem reclamar comigo depois. Você sabe que eu não gosto de sair.- já sabia que não teria jeito de contrariá-lo e eu estava ciente de que nesse dia ele estaria pronto para me perturbar até eu aceitar ir.

                     □ □ □

Peguei uma camiseta qualquer, uma calça jeans, um tênis novo preto, arrumei o cabelo e passei perfume.

Desci até a sala e fiquei esperando meu amigo chegar pra írmos juntos. Já estava desistindo de ir por conta da demora do mesmo e, de repente, a campainha toca, me fazendo levantar para abrir a porta.

Era Anthony.

- Mãe, estou indo! - aviso.

- Ok! Não chegue tarde!

Minha mãe é uma pessoa bem legal e liberal, já meu pai...

Na real, eu nem entendia o porquê do meu pai ser um tanto durão comigo. Eu nem saio de casa direito. Nem faço nada e ele é todo estressado.

Aposto que se estivesse em casa, discutiria comigo dizendo que não deveria ir.

Saímos de casa e fomos até o ponto de ônibus onde pegaríamos um táxi por acharmos que era melhor. Pelo caminho ficava olhando as ruas por onde passávamos e acabei me distraindo.

Saio do meu transe quando Anthony avisa que tínhamos chegado. Desço do carro e vejo uma fila enorme formada na porta da matinê. - consigo reconhecer até uns dos garotos que andávamos as vezes no colégio -. Novamente quase desisti de entrar. Sou tão preguiçoso que não queria ficar alí em pé esperando.

Fico uns minutos naquela fila e depois entro. O local era bem grande, havia muitas pessoas, o som era muito alto e tocava uma música que não conhecia, mas era boa. Era bem cheio e as pessoas pulavam como dança, enquanto outras faziam passos combinados, e também tinham as que não faziam nada. Achei bem maneiro. Aos poucos fui me acostumando com o lugar e percebi que não era tão ruim assim parar de ser caseiro e sair um pouco.
Anthony estava se divertindo ao meu lado enquanto bebia algo que não sabia o que era.

Provavelmente não era algo com álcool, já que estávamos em uma matinê.

- E aí, Piter... Se divertindo? - pergunta meu amigo.

- É... Até que aqui é maneiro. Onde tem bebida?

- Alí. - apontou.

Fui onde ele me indicou e comprei um refrigerante.
Voltei para o meio da multidão e meu amigo já estava beijando uma menina. Tentei me divertir sozinho mesmo enquanto não dava a hora de voltar para casa.

           {Lucy Edwards}

- Não acredito que você deixou o nosso filho sair á essa hora, Lucy! - reclamava Joe.

- Meu amor, o nosso filho nunca sai, só fica dentro do quarto mexendo naquele celular o dia todo. O que é que tem eu deixar ele sair com um amigo? - responde Lucy.

- Querida, ele só tem 15 anos. Não deve ficar á essa hora na rua!

- Ele foi á uma matinê. Uma "baladinha" para adolescentes da idade dele. Ele é responsável, não vai fazer nenhuma besteira!

- Espera aí... Ele foi numa matinê?? Eu não acredito! Achava que tinha ido á uma festa na casa de um colega qualquer. Eu vou busca-lo agora! - diz saindo pela porta.

- Você não vai sair por essa porta, Joe! Para de ser desse jeito durão! Seja um pai legal pelo menos UMA vez na vida! Ele é pré-adolescente e não vai aprender a ser mais responsável se você prendê-lo assim! - gritava descontrolada.

Joe respira fundo.

Se senta no sofá, pensativo.

- É verdade, meu amor. Me desculpa. Não queria ser assim com ele. Sou desse jeito porque meu pai era assim comigo e achei que estaria certo o educando da mesma forma. Acabo esquecendo que o modo de educar os filhos agora é diferente de uns anos atrás. - fecha a porta e abraça sua esposa.

- Tudo bem, meu amor. Te desculpo. - fala ainda o abraçando. - Agora vá deitar e descanse, pois ao amanhecer terá mais um dia cansativo de trabalho e amanhã você pega mais cedo, não é?

- Sim, sim. Vou me deitar, então. Boa noite, querida! - dá um selinho carinhoso em sua esposa.

Continua...


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