Entardecendo

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Jinyoung atravessou os corredores da casa à passos largos, um pouco irritado por ter sido interrompido no almoço, ele precisava admitir; Jackson quase chegava a ter dificuldade em alcança-lo. O quarto que era o seu destino ficava na parte mais afastada da mansão, o que poderia ser ruim caso tivesse alguma emergência, mas ao mesmo tempo o tranquilizava se manter o mais afastado possível de sua presença.

Quando chegou na ante sala do quarto, já começou a se preparar. Jackson se aproximou estendendo o seu jaleco branco para que o vestisse. Jinyoung agradeceu, permitindo que o chinês o preparasse enquanto ele tentava acalmar os nervos. O chinês mais baixo passou o estetoscópio pelo pescoço de Jinyoung, e terminou de abotoar o seu jaleco, o fitando nos olhos o quanto fazia. Jackson estava preocupado, mas mais que isso, ele tentava lhe passar tranquilidade, que era o que estava faltando na vida de Jinyoung ultimamente. O mais novo suspirou, respondendo com o olhar que não havia nada que pudesse fazer, já que o estresse era o seu melhor amigo agora. Ele quase sorriu sem graça, e Jackson finalmente se afastou para que Jinyoung pudesse lavar as mãos.

Um empregado abriu a pesada porta de madeira e ele finalmente entrou no quarto, que cheirava a remédio, um vapor salino e a sabonetes. Jinyoung ergueu a cabeça e se aproximou da enorme cama, com um dossel e repleto de travesseiros e lençóis caríssimos, onde estava um homem cuja qual a idade era impossível de adivinhar, devido à sua aparência debilitada.

Ele fez uma careta quando Jinyoung se aproximou com Jackson ao seu encalço.

― Como se sente? – Jinyoung perguntou.

― Pedi para falar com o meu filho, e não com o médico. – ao dizer essas palavras o homem começara a tossir, fazendo um barulho alto ecoar pelo quarto.

Jinyoung, que já não estava para conversa, virou-se para a enfermeira que se prostrava ao lado da cama. A mulher não era nada jovem, já tinha sua idade, e felizmente não parecia ter medo do homem enfermo que teoricamente ainda era o seu líder.

― Ele acordou pior hoje de manhã, estava com falta de ar. As crises de tosse pioraram e ele se recusou a comer.

Jinyoung o olhou com uma cara feia, e o homem fez a mesmíssima expressão para a enfermeira, que parecia não se importar muito. O médico, então, sentou-se na cama tirando o estetoscópio do pescoço para por em seu ouvido.

― Vou examiná-lo.

― Pare com isso, Jinyoung.

― Pai. – ele o olhou severo, como se mostrando ao homem quem era a autoridade naquele momento – Primeiro deixe-me ver isso, depois podemos conversar.

O homem resmungou mas acabou cedendo ao filho que se pôs a examinar os seus batimentos cardíacos, pulmões, sopro, e outras coisas. A pressão baixa já era prevista, mas ouvir os pulmões não fora nada bom. Park Jinyoung, o seu pai, estava cada vez mais fraco a cada dia que passava. Ele se recusava a ir para um hospital, onde poderiam fazer mais exames, pois acreditava que estaria expondo o seu organismo diferenciado de licantropo. Ao mesmo tempo Jinyoung se preocupava pois não acreditava que o homem tinha alguma doença comum dos humanos, os remédios não o tratava e ele cada dia mais se aproximava do abismo da morte.

Jinyoung somente se virou para a enfermeira, dizendo:

― Coloque-o na nebulização o remédio e depois no cilindro de oxigênio. Se piorar, fazemos uma traqueosquemia. Como ele se recusava a comer vou coloca-lo no intravenoso. – deu as instruções para a mulher enquanto anotava tudo que precisava numa prancheta.

― Pare de falar essas baboseiras, Jinyoung, e deixe o seu pai morrer em paz. – o homem disse, rabugento.

Suspirando, ele terminou de anotar o que precisava e finalmente se virou para o seu pai sem a postura profissional de seu médico, para tomar a postura de seu filho e sucessor que ouviria o tom de autoridade do pai e se preocuparia com o seu estado.

Howl [ 2jae ]Onde histórias criam vida. Descubra agora