Howl [ 2jae ]

Noite de Lua Nova

Jinyoung sentia o cheiro de orvalho. Sentia o cheiro da terra molhada. E sentia o cheiro férreo que sabia que era de sangue, já havia sentido esse cheiro muitas vezes em sua vida, era médico afinal. E o seu conhecimento, tanto quanto a dor, lhe diziam que ele havia quebrado um braço. Dor. Ele até sorriu, não que fosse viciado em dor ou qualquer tipo de masoquista, mas aquela dor lhe dava a sensação de "você mereceu", pois ele sabia que merecia aquela dor por ser tão estúpido.

Era quase um suicida por ter saído da casa quando claramente Jackson já havia lhe alertado que não deveria sair da casa tendo um sinalizador em sua cabeça, uma mira em sua vida. Eles sabiam que ele era o último pilar entre eles e a liderança do bando, mas mesmo assim deu a sua vida de bandeja. A sua respiração estava pesada e a visão turva, quase não conseguindo enxergar o topo das árvores de onde estava estirado. Queria fechar os olhos e dormir um pouco. Esquecer completamente de tudo, mesmo aquilo fosse explicar Jackson e Mark.

Cerrou os punhos. Jackson e Mark. Não, não queria esquecer deles. Tentou se levantar, mas só estava tonto e as estrelas da noite giravam ao seu redor, o deixando confuso quanto a sua localização. Ele era um líder precisava ser mais forte.

― Jinyoung!

Uma voz chamava ao fundo, a sua cabeça ainda estava pesada e cheia, provavelmente havia perdido muito sangue. Ele tentou procurar pelo dono da voz, mas não o encontrava. Queria gritar, mas a sua voz já não se encontrava.

― Jackson...

Ele não sabia se era Jackson ou não, mas queria acreditar que era. Como ele fora um completo idiota de ter deixado Jackson sair do seu lado. Ele o amava, céus ele o amava muito, se pudesse jamais sairia do lado de Jackson, mas sentia que só o restringia com a sua existência. O privava de ser livre e encontrar alguém que de fato o merecia, ao invés disso só lhe entregava a sua frieza. Devia morrer naquela poça de sangue, pois Jaebum iria ser um líder muito melhor do que ele, e ainda livraria Jackson do fardo de protege-lo sempre. Seus olhos ardiam, mais do que a torção em seu braço.

― Jackson... – a sua voz o chamou baixinha.

― Shhh... Jinyoung, eu estou aqui... – a voz lhe respondeu, mas a onda de preocupação cresceu em seu coração. Ainda não enxergava o seu rosto.

A falta de sangue o deixou confuso. Era mesmo Jackson ali? Sua vista era uma névoa ofuscante, a falta de luminosidade não ajudava em nada.

Ouviu novamente um uivo cortar a floresta. Eles o encontraram. Ele iria morrer, e a voz iria consigo.

― Jackson... Fuja.

Jackson jamais iria fugir, ele sabia disso. Chinês estúpido. Ele jamais iria se perdoar se ele morresse por sua causa, mesmo que ele tenha prometido que iria protege-lo do que quer que fosse. Mesmo que aquela promessa não tenha sido feita sob a autoridade de seu pai na imponente sala de madeira da mansão, aquela promessa fora feita a muitos anos atrás, de baixo de um carvalho onde se escondiam da chuva. O seu coração sempre fora de Jackson, assim como seu coração também pertencia à Mark depois da tarde naquele lago.

Um rosnado cortou a clareira, e não havia nada que pudesse fazer quando os passos pesados se aproximaram de si.