Primeira Vista

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Era mais um dia de caçada comum. O céu estava nublado e floresta estava em um estranho silêncio, o que me atormentava. Aquele lugar me era tão familiar quanto meu lar. Cada galho e tronco áspero fazia parte de mim, apesar de sua imensidão vasta a conhecia tão bem, mas sabia que algo perigoso me esperava. Minha mão suava enquanto segurava uma enorme arma que não me fazia sentir menos vulnerável. Há cada passo respirava profundamente, me esgueirava entre as árvores para não ser visto. Já havia feito aquilo inúmeras vezes, porém sabia que nenhuma havia sido fácil. Barulho de folhas secas sendo pisadas fez com que me concentrasse de novo, olhei rapidamente e não havia nada, no entanto sentia a presença de alguém. Posicionei a arma para um possível ataque. Ser Caçador de bruxa não era nada fácil.

Olhei para cima também, mas sentia que ela não estava em nenhuma vassoura, pois o som de passos se tornavam constante. Olhei rapidamente para baixo e vi seu vulto passando, atirei, sabia que tinha que começar a atacar. O som do tiro se tornou vago, geralmente elas atacam no momento que nós caçadores atiramos. Talvez fosse tudo um truque. Bruxas costumavam ser traiçoeiras. Esperei para ouvir algum barulho e algo me atingiu de repente, ela estava ao meu lado, cai batendo a cabeça em uma árvore e arma escapou de minhas mãos. Me levantei devagar, ela andou em minha direção, sua aparência não era nem um pouco com uma bruxa negra das caçadas que fazia, pelo contrário, ao invés de características asquerosas seu rosto era jovial, seus cabelos loiros quase brancos caiam por entre os ombros eram longos, sua pele era branca como neve e seus olhos radiavam um dourado, não acreditava estar lidando com uma bruxa afinal, era linda. Ela chegou bem perto, me senti tão surpreso que não soube como reagir, balancei a cabeça bruscamente afastando a ilusão que se iniciava. Sua expressão parecia perdida, ela chegou bem perto e agarrei rapidamente seu pescoço. Assustada, com um movimento rápido se desfez das minhas mãos e me jogou no chão novamente, dei uma rasteira que a fez cair no chão. Peguei a pequena faca que trazia comigo e a aproximei de seu pescoço. Aquela era a caçada mais estranha de todas, pois a tal bruxa parecia tão indefesa, como se não soubesse o que fazer. Aproximei a faca de seu pescoço, ela não reagiu, mas parecia assustada o bastante.

- Você precisa me ajudar- a loira disse em um tom fraco.

- Você é uma bruxa?- perguntei ainda com dúvidas.

- Sim, mas por favor não me mate - nossos olhos se encontraram e podia ver a verdade em suas palavras. Não me desvencilhei, meus ensinamentos vieram a mente:"não confiar em bruxas", era a principal frase da Ordem dos Caçadores.

- Você precisa confiar em mim.

- Como posso confiar em você?

- Só confie - balancei a cabeça, não ia entrar no joguinho dela.

- Cale a boca, bruxa! - gritei. Fui jogado contra uma árvore e lá fiquei preso, ela esticava os braços e as mãos, a garota me mantinha ali. Mexi minhas pernas, mas permaneciam no mesmo lugar, ela se aproximou.

- Por favor, me escute, eu preciso da sua ajuda - seu rosto estava em desespero, ela suplicava por ajuda na qual eu não sabia se acreditava. De repente ela caiu no chão ao mesmo tempo que eu. Kate, uma garota ruiva caminhava em nossa direção com uma fina arma. Ela era uma das caçadoras mais respeitadas.

-John Klemann, quantas vezes eu disse para não desvencilhar com uma bruxa?- ela parecia furiosa. Olhei para o corpo inerte no chão. Me aproximei, não havia vestígio de sangue.

- Foi só um tranquilizante - disse parecendo ler meus pensamentos- precisamos da vadia. Leve-a para o Jipe, hoje não é um dia de sorte, menos uma cabeça para cortar- disse com desdém - Vou atrás do restante do grupo, me espere no carro.

Mexi no cabelo da garota ao chão e o ajeitei, levantei-a com cuidado e a coloquei nos ombros, andei até encontrar o Jipe.

Ajeitei-a no banco traseiro, não conseguia tratá-la como um lixo como geralmente tratamos as bruxas, porque ela simplesmente não parecia uma, mas do jeito que ela me pôs contra a árvore sabia o poder que ela tinha.

Fui para o banco da frente e esperei Kate, os outros Jipes estavam estacionados ao redor.

Depois de um tempo ela apareceu, entrou no carro e o ligou, nem me olhou, parecia irritada como sempre.

-Não existe mais Caçadores bons? Metade não estaria vivo se não estivesse chegado a tempo - ela manobrou o carro e foi em grande velocidade - Eu sempre digo, sem piedade!- bateu fortemente no volante - Não conseguimos pegar mais nenhuma - pelo resto do caminho continuou calada guardando seus pensamentos para si, odiava se sentir vencida, ainda mais pelo seu inimigo.

- O que ela estava falando para você?- disse quebrando o silêncio.

- Pedia ajuda.

- Você não acreditou, não é?- fiquei calado, sabia que ficara com dúvida na hora.

- Claro que não - disse num tom confiante.

- Não se engane com um rostinho bonito- ela sorriu.

Depois de um longo caminho chegamos em frente um tipo de portal, feito pelas árvores, os galhos abriram quando chegamos. Paramos em frente à um imenso castelo. Lá se encontrava a Ordem dos Caçadores, onde se treinava milhares de Caçadores de Criaturas Sobrenaturais, fosse bruxas, vampiros, lobisomens e qualquer criatura que ameaçasse os humanos eram caçados por nós diariamente.

Os portões se abriram, Kate dirigiu até um lugar  onde chão se abriu e expôs um rampa que levava a uma extensa garagem com carros, motos e até aviões de vários tipos. Ela estacionou juntamente com o restante dos caçadores. Fui até o banco traseiro e peguei a garota. Não sabia o que queriam com ela, mas era algo importante, ou a teriam matado.

A DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora