Descobrir

123 6 0
                                    

  Naquela manhã acordar foi um sacrifício doloroso, afinal meu sono resolveu que de madrugada tiraria umas férias, o teto foi meu melhor amigo com quem conversei mentalmente. Meu colega de quarto Stan não estava muito afim de saber sobre Anne. Agora eu estava sentado na penúltima cadeira de uma sala de aula, com um livro aberto em minha frente sem fazer ideia do que uma mulher de idade usando óculos e roupas escuras explicava.
Ah,
Ela devia ser a professora, parecia fazer sentido agora, porque eu nem sabia como havia chegado até aquela sala. Todos os alunos também com seus uniformes pretos olhavam- alguns - atenciosamente a explicação.

- Como vocês devem saber, a Ordem inicialmente surgiu na Idade Média, quando os vampiros deram suas primeiras aparições. Os irmãos Maggioni que nasceram na Itália deram o primeiro passo para acabar com o caos que os vampiros estavam fazendo. Inicialmente juntaram pessoas comuns para treiná-las a matar vampiros. E com um tempo souberam da existência de outras criaturais sobrenaturais e mais e mais pessoas se juntaram e assim nascia a Ordem dos Caçadores- meu pai sempre me contava aquela mesma história Rick, Jason, Stefan e Lauren Maggioni eram descendentes de uma família italiana e expandiram a Ordem por muitos países, por isso se mantém até hoje a liderança por quatro pessoas. Se você não vê a aparição de nenhum ser sobrenatural por aí, nos agradeça, porque não é nada fácil tirá-los de circulação. Nos infiltramos no meio da polícia principalmente para acabar com qualquer vestígio estranho que possa mostrar que essas criaturas existem. Uns escapam, mas nada muito grave. Melhor que os humanos vivam em paz sem saber de nada e nos deixe fazer nosso trabalho.

- John, você parece bastante interessado na matéria- a professora me olhava assim como todos da sala, Kate dava uma risadinha próxima- Então pode me dizer qual foi o segundo país no qual a Ordem se instalou?- ouvir as baboseiras que meu pai dizia às vezes servia para alguma coisa.

- França- disse seco. A professora sorriu com um olhar de "escapou por pouco" e voltou a falar, apenas abaixei a cabeça e encostei-a na mesa. Pelo menos em História eu não estava tão ruim.

  Às 15:00 eu caminhava até a cela de Anne, cumprimentei o guarda da frente com um aceno de cabeça ele abriu a grade. O local se encontrava do mesmo jeito, parecia que Anne não havia movido um músculo desde que a vi. Seus olhos se concentravam no nada, ela estava mais branca do que antes, seu cabelo desarrumado e sua expressão de tédio permaneciam o mesmo. Andei até ela que não mostrou nenhuma ação, sentei ao seu lado encostado à parede.

- Olá- o silêncio permaneceu, suspirei, não havia preparado nada para falar- eles deram o jantar a você ontem a noite?- lembrei que tinha pensado nisso na noite passada. Seu olhar se encontrou com o meu, ela estava séria.

- Você faz perguntas idiotas assim pra todo mundo?

- Geralmente.

- Não.

- Não o quê?

- Não me trouxeram o jantar- imaginei.

- Vocês bruxas comem comida normal?

- Você ta zoando, não é? Acha que comemos asa de morcego ou perna de aranha?- disse indignada.

- Acho que eu não me contentaria com perna de aranha, é tão pequena- sorri, ela balaçou a cabeça e sorriu também, a vida das bruxas era um tanto curiosa para mim- Você pode fazer qualquer coisa? Quer dizer, em relação aos poderes de bruxa?- ela levantou os braços mostrando as algemas.

- Você acha que estaria aqui se tivesse todos os poderes?

- Nada de caldeirões?

- Opcional- afirmou.

- Vassouras?

- Sim- sua expressão parecia mais tranquila.

- Feitiços?- ela me olhou incrédula.

- Sou um bruxa!-  riu baixinho. Aquelas perguntas idiotas estavam servindo de alguma coisa.

- Salém?

- Antescendentes.

- Humanos?

- Complexos- nós dois rimos, minha experiência com humanos era limitada e estranha.

- Família?- continuei, ela se calou e olhou para o chão e não disse nada ficamos assim por um tempo- Bom, a minha mora na Ordem da Espanha- só meu pai e eu viviamos aqui atualmente.

- Você viveu lá?

- Não, meus pais foram transferidos para cá antes de eu nascer.

- Vocês tem férias aqui?- Anne sorriu como se aquilo fosse uma piada.

- Vocês bruxas tiram férias?- sorri também, ela suspirou, olhou para o chão e se calou.

- Como é o castelo?- indagou depois de um tempo.

- Enorme, nasci aqui e ainda me perco. Acredito que não conheço tudo.

- Queria poder um dia conhecer- nós dois suspiramos, sabiamos que aquilo era impossível.

- Não é tão interessante, só um lugar com assassinos andando por aí. A não ser que queira ser morta- o silêncio predominou e olhavamos atentamente a parede. O que será que aconteceria com ela se eu obtivesse as respostas que queriam? A probabilidade de ela ser morta era alta.

  Não passei muito tempo na cela depois da última conversa. Anne era uma incógnita para mim, por um momento ela parecia acessível e amigável enquanto em outra se calava e se fechava para mim, tentei conversar por um breve momento, mas Anne se calou e não disse mais nada. Estava na aula de defesa, havia perdido uma luta e ganhado outra. Todos sentavam em forma de círculo em uma sala sem cadeiras. Uma mulher alta loira de meia idade falava sobre estratégias.

- E por último, nunca percam o foco. Se vocês não se concentrarem na missão a cumprir serã facilmente mortos- todos ao redor olhavam, talvez eu devesse seguir essa dica. Kate sentava alguns alunos distante de mim, ela não falava comigo desde o jantar da noite passada.

  No fim da aula todos saíam da sala, esperei todos passarem, a professora me chamou e fui até ela.

- Olá John, você foi ótimo hoje.

- Obrigado professora.

- Bom, te chamei aqui porque soube que está tendo que lidar com uma bruxa no momento, não é?- assenti- Sei que isso é uma grande responsabilidade para você, porque não deixariam um aluno da Ordem a sós com uma bruxa. Eu te chamei aqui pra te alertar John não confie nela, sei que já devem ter dito isso à você e espero que siga. Ela pode se fazer de boa e que é sua amiga, mas bruxas são perigosas e sabem emganar para conseguirem o que querem- havia ouvido aquele discurso a vida inteira- e que qualquer coisa que precisar pode contar comigo, você é uma boa pessoa não quero que se machuque- seu olhar era sincero.

- Obrigado, tomarei os devidos cuidados. Prometo- ela sorriu carinhosamente.

- Está dispensado- sai da sala e caminhei pelos corredores da Ordem que estava cheio, vários alunos passavam por mim, seus rostos era familiares, nunca consegui fazer amizades entre os caçadores, a maioria era como robôs que ouviam e repetiam o que os mais experientes diziam e viviam pra caça e isso para mim sempre foi muito vago, a única pessoa com quem falava era a Kate porque ela sempre foi minha parceira de caçada, mas sua mente já tinha sido tomada pela influência dos caçadores que a fazia vaga como o restante. Fui até a biblioteca, tinha meia hora até a próxima aula, estava decidido a aprender ainda mais sobre as bruxas.

A DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora