Novo Membro

17 4 0
                                    

Narrado por Sakura Haruno:

Existem momentos cruciais durante nossas vidas, onde o modo como agimos dita o rumo dos acontecimentos que virão a seguir. No momento em que vi o meio sorriso de Sasuke, entendi que ele havia notado que ainda exercia algum tipo de influência sobre mim.

"Merda!"

Fingir que ele não existia ou que não fazia diferença não seria mais uma opção. Então, decidi que, para mantê-lo o mais afastado possível, agiria como se a influência dele sobre mim fosse um simples efeito da raiva que sentia por tudo que ele havia me feito.

"Mas não é exatamente isso que está acontecendo? Claro que sim..."

- Sakura? - a voz de Fugaku me arrancou dos meus pensamentos. - Está tudo bem? Como foi a reunião?

- Está sim. - reassumi minha postura profissional. - A reunião correu como esperado. Mas, precisarei ir até Nagoya nos próximos dias. - respondi enquanto caminhava até minha cadeira, sem esquecer de direcionar um olhar mortal ao meu irmão idiota antes de me sentar ao seu lado.

- O-ola Saky - disse o loiro.

- Conversamos depois, baka! - fiquei satisfeita ao vê-lo se encolher em seu assento.

- Preciso me preocupar com o motivo de sua viagem à Nagoya? - Fugaku quis saber.

- Por enquanto não, vou apenas verificar alguns pontos levantados por Log durante a reunião.

- Certo. Mantenha-me informado. - disse ele.

- Fique tranquila querida, eu cuidarei do hospital em sua ausência.

Tsunade, minha madrinha e praticamente uma segunda mãe para mim. Loira, de olhos castanhos, a mulher com quase 50 anos de idade não aparentava ter mais de 30. A melhor médica de sua geração, me ensinou tudo o que sabia. Foram seus ensinamentos que me permitiram chegar onde estava hoje.

- Tenho certeza que sim, Tsunade-sama.

- Agora que todos os membros do conselho estão aqui, eu gostaria de fazer um anúncio. - Começou Fugaku. - Como vocês sabem, Sasuke é meu filho mais novo e seu retorno é motivo de imensa alegria para mim. - o Uchiha mais velho direcionou um olhar de afeto para o filho, o que me fez sentir falta do meu próprio pai. - Durante esses anos que Sasuke passou nos Estados Unidos, ele cursou direito em Harvard e fez pós-graduação em Direito Corporativo, além de ter trabalhado por quase 3 anos como apoio jurídico no Distrito Policial de Boston. - "Impressionante". - E, diante deste currículo, gostaria de indicá-lo para a vaga de Chefe do Setor Jurídico da Incorporação Konoha.

"Eu deveria ter imaginado algo assim"

- Com o recente pedido de demissão de Shino, teríamos que cotar um nome para seu lugar de qualquer forma, gostaria de saber a opinião de vocês. - concluiu Fugaku

- EU VOTO SIM! - Gritou Naruto, fazendo sinal de positivo na direção de Sasuke, que apenas anuiu com a cabeça.

- Arigato Naruto. Sakura?

Todos os olhos da sala estavam voltados para mim, eu precisava dar uma resposta e precisava ser imediatamente. Percebi que Sasuke voltou a mostrar seu meio sorriso e soube exatamente o que fazer.

- Meu voto é não. - disse encarando-o e vi seu sorriso morrer.

"Eu sabia que seu ego não ficaria satisfeito. Toma essa, baka!"

- Mas Saky, porque? - quis saber Naruto.

- Pelo fato de que existem funcionários no Setor Jurídico que trabalham duro há anos, Kurenai é um grande exemplo disso. Um simples currículo não fundamenta que um cargo de chefia seja entregue para alguém que chegou literalmente hoje. - respondi.

Quando terminei a justificativa de meu voto, Sasuke e Fugaku estavam com a face impassível, não demonstravam qualquer emoção, mas a surpresa de Naruto estava evidente em suas orbes azuis arregaladas.

- Certo. Shikamaru? - Fugaku deu continuidade à votação.

***

- Ok, todos votaram e deram justificativas às suas respostas. Por 8 votos a 6, Sasuke é nosso novo Chefe do Setor Jurídico e, consequentemente, 16º membro do conselho da Incorporação Konoha.

Com este anúncio, todos nos levantamos e aplaudimos nosso novo membro.

- Gostaria de agradecer a todos pelo voto de confiança que estão me dando. Prometo que não vou decepcioná-los. - Disse Sasuke.

"Será que ele sempre vai conseguir tudo o que quiser?"

Com Sasuke devidamente aceito em nosso conselho, outras questões da empresa puderam ser discutidas na reunião e eu, em momento algum, baixei minha guarda ou saí de minha postura profissional. Mesmo quando Naruto começou a me enviar bilhetinhos, o que fazia toda vez que estava entediado com as reuniões.

BILHETE 1: "Saky, tenho achado meu cabelo muito amarelo ultimamente, o que você acha?"

BILHETE 2: "Como é o nome daquilo que Ino faz no cabelo dela para ficar mais claro?"

BILHETE 3: "MATIZAR. Saky, preciso que você faça isso no meu cabelo para o casamento!"

Eu estava prestes a gritar com Naruto para que ficasse quieto, pois seu cabelo era da mesma cor há 25 anos e para que me deixasse prestar atenção no que estava sendo dito, quando Fugaku encerrou a reunião.

"Ah, graças a Deus!"

Todos levantaram-se e foram até Sasuke para parabenizá-lo e dar boas vindas. Alguns pareciam tão descontentes quanto eu, mas sabíamos que o que fosse decidido pelo conselho teria de ser acatado por todos.

"Mas nem a pau que eu vou chegar perto daquele cretino e dar parabéns. Não Mesmo!"

- Sakura? Já está indo? Eu estava pensando de irmos almoçar no Ichiraku para comemorar a volta do teme, como nos velhos tempos - Naruto disse, chamando minha atenção.

Dei alguns passos na direção de Naruto e vi que Sasuke estava ao seu lado. Naquele momento senti minhas veias esquentarem, tamanho era o ódio que estava sentindo.

"Eles querem mesmo agir como se nada tivesse acontecido nos últimos sete anos?

Pois eu vou dar uma lição nesses dois paspalhos."

Dirigi-me primeiro à Sasuke, que estava parado como se fosse o dono da sala, e nós seus convidados. Me aproximei de seu ouvido o máximo que consegui devido a nossa diferença de altura e disse:

- Você deve saber que todos aqui trabalharam muito para chegar onde estamos agora, o que não foi o seu caso. Então, por gentileza, trabalhe duro e faça por merecer. - Dei o sorriso mais falso que consegui e continuei. - Seja bem-vindo Sasuke e não se esqueça de ir à merda.

Depois, fiz o mesmo com Naruto, chegando bem pertinho de seu ouvido.

- Não adianta fingir que nada aconteceu. Eu não conseguirei ficar brava com você por muito tempo, mas quero que saiba que me decepcionou de uma forma que não tenho palavras para descrever e seus bilhetinhos idiotas não vão mudar isso.

Estrago feito, saí da sala de reunião e fui até o elevador a passos firmes e seguros, com a consciência de que havia deixado um Sasuke possesso e um Naruto com cara de choro para trás.

***

Após sair do andar da sala de reuniões, fui até meu escritório e peguei minha bolsa, avisando à Shizune que iria almoçar.

Comi algo rápido numa lanchonete que ficava ao lado do prédio da incorporação que, por sua vez, ficava logo à frente do hospital Konoha. Após comer, visitaria minha mãe e iria para o setor de emergência do hospital, onde atenderia pacientes até 22 horas.

Ao entrar no hospital, fui até o 6º andar, onde ficavam os pacientes em coma induzido. Entrei no quarto de número 25 e lá estava ela. Numa cama posicionada no meio do quarto, ligadas a diversos aparelhos que possibilitavam a continuidade de sua vida, seus cabelos estavam soltos e os olhos verdes fechados a quase dois anos.

"Olá mamãe."

Epifania de SakuraWhere stories live. Discover now