Decisão

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Narrado por Sakura Haruno:

Não me lembro muito bem do que aconteceu depois, as lembranças estavam em minha mente como um borrão. Eu havia começado a chorar descontroladamente e lembro de Sasuke tentar me acalmar, sem sucesso.

Quando retomei à consciência eu não estava mais em meu escritório, mas sim em uma cama, a minha cama. Não sabia como havia chegado em minha casa, mas ao tentar abrir meus olhos e notar que estavam bem inchados eu tinha uma certeza, havia passado por um ataque de pânico extremamente forte.

"Um passo para a frente, dez para trás. O que mais precisa ser tirado de você, Sakura?"

Ainda estava me situando do que havia acontecido quando ouvi uma movimentação no andar debaixo da casa. Saí do quarto e comecei a descer as escadas.

Chegando ao andar debaixo de deparei com uma cena inusitada: Sasuke estava com uma camisa branca, com as mangas enroladas até os cotovelos. Ele estava de costas, preparando algo no fogão.

Sasuke? - chamei.

Hm? - ele virou para trás com a frigideira nas mãos. - Ah, está melhor?

É... sim. - " Meu Deus, que vergonha". - O-oque aconteceu?

Você teve uma crise. Shizune me explicou que era um ataque de pânico e que você os tinha com bastante frequência há alguns meses. - ele colocava o que pareciam ser panquecas em dois pratos. - Então eu pedi a ela o endereço de sua casa e a trouxe para cá.

O-obrigada - coloquei as mãos no rosto. - Com a decisão judicial eu não poderia ficar lá por muito tempo mesmo, não é? - Sasuke confirmou com a cabeça e ficou me encarando. - O que foi?

Não é nada, eu só me pergunto o que mais deve ter acontecido enquanto estive fora...

Foram sete anos, muita coisa aconteceu. - Eu não teria aquela conversa com ele ainda.

Certo. - respondeu enquanto levava os pratos até a mesa e se sentando em uma das cadeiras. - Como não almoçamos, pensei em fazer algo para comermos. Desculpe pelas panquecas, mas eu as comia quase todos os dias em Boston, então é a única coisa que tenho a certeza de quem sei fazer bem.

Está tudo bem, obrigada. - disse ao me sentar também.

Comemos em silêncio e Sasuke lavou a louça depois, não me deixando chegar perto. Logo após, ele recebeu uma ligação da empresa, estavam com problemas e pediram para que ele fosse até lá com urgência.

Você acha que tem algo a ver com o processo de Hana? - perguntei.

Não sei, provavelmente sim...

Ele se despediu de mim, deixou seu telefone e pediu para que eu ligasse para Naruto para dar notícias. Depois foi embora, me deixando sozinha com meus pensamentos.

Observei um pouco aquela casa, eu a tinha planejado com tanto carinho, cada canto dela era pensado para ser perfeito para uma família. Entretanto, ao estar ali sozinha, como todos os dias, eu percebi que era grande demais para um pessoa só. Aquela casa era perfeita para a vida que eu tinha sonhado, não para a vida que eu tinha naquele momento.

Fui para o meu escritório e notei que passavam das duas horas da tarde, passei o restante do dia tentando me lembrar de onde eu conhecia aquele homem loiro. Procurei em redes sociais, refiz lugares que eu tinha frequentado, mas não consegui me lembrar de absolutamente nada.

"Talvez eu não tenha nascido para ter uma vida boa e feliz. Céus, o que eu fiz para merecer perder tudo, exatamente tudo o que tinha?"

Primeiro havia sido Itachi, quando eu tinha 12 anos. Depois, Sasuke foi embora, me deixando desesperada e com o coração partido aos 16. O acidente dos meus pais quando eu tinha 21, que levou meu pai de mim e deixou minha mãe no coma em que se encontra até hoje. Há seis meses atrás, perdi Sasori e Taiyõ e agora, estava na iminência de perder a minha profissão.

Epifania de SakuraWhere stories live. Discover now