Epifania de Sakura

Sasori Akasuna

Narrado por Sakura Haruno:

Eu estava realmente esgotada. O cansaço e a culpa me afligiam da maneira mais impiedosa que se possa imaginar. Após toda aquela confusão, o único momento em que consegui descansar um pouco, foi de madrugada, quando me permiti dormir um pouco em um colchão posicionado de forma improvisada no meio do meu consultório.

Mesmo assim, ao cair no sono, tive um pesadelo onde primeiro ouvia o choro de Hana, como se estivesse dentro da minha mente, profundo e ensurdecedor, eu tentava seguir o barulho do choro, mas caía em um mar de sangue tão profundo e denso que era simplesmente impossível nada e, então, eu me afogava no sangue da menina.

Tudo o que eu queria era ir para casa, tomar um banho quente e demorado e dormir um pouco em minha própria cama, mas não poderia sair do hospital até Tsunade voltar. Minha equipe não se mostrou digna de confiança e como resultado disso, uma garotinha de 5 anos perdeu a vida. Minha madrinha era, definitivamente, a única médica em quem eu confiava naquele momento.

Por volta de uma hora da tarde, eu estava com tanta fome que tive a impressão que os ruídos do meu estômago poderiam ser ouvidos do outro lado de Tóquio. Então decidi ir ao restaurante de comidas caseiras que ficava logo em frente ao hospital.

"Tudo que eu preciso é de um almoço tranquilo para recuperar as energias".

Já dentro do restaurante, me sentei na mesma mesa de sempre, em um canto um pouco afastado da porta e passei a olhar o cardápio, embora sempre fizesse o mesmo pedido, um tempura (vegetais em pedaços, frutos do mar e carne frita), seguido de um shiratama anmitsu (bolinho com cobertura de xarope).

Quando estava prestes a fazer o mesmo pedido de sempre, percebi alguém parado ao meu lado. Por pouco não o confundi com um dos garçons, afinal, não é todo dia que Sasuke Uchiha fica parado feito uma estátua ao lado de minha mesa.

Deixei bem claro para ele que não tinha tempo, só comeria algo e voltaria o mais rápido possível para o hospital. A verdade é que, além disso, eu me sentia desconfortável em tê-lo por perto. Sasuke me deixava insegura, nervosa, como se minhas ações fossem totalmente controladas por sentimentos desenfreados e essa sensação não me agradava, eu odiava perder o controle.

Entretanto, quando o moreno informou se tratar do que havia descoberto através das filmagens, coneseguiu prender minha atenção e enfim, quando informou que aquela confusão toda se tratava de alguém infiltrado em minha equipe, as principais perguntas que rondavam minha mente eram: "Quem era essa pessoa e o que ganharia com isso?"

Além das informações trazidas por Sasuke, havia outra coisa totalmente nova, o modo como ele estava agindo. O Uchiha parecia muito mais aberto e amistoso do que sempre fora, era como se de alguma forma o muro que ele colocava entre ele e qualquer outra pessoa estivesse um pouco mais fino.

Estavamos indagando sobre quem poderia ser o tal intruso quando notei que a expessão de Sasuke, antes pensativa mas relaxada, tornou-se um tanto quanto fechada e a sobrancelhas juntaram-se em aparente confusão.

Abri a boca para perguntá-lo o que estava acontecendo mas, antes que eu dissesse qualquer coisa, senti uma mão em meu ombro direito e os pelos da minha nuca se eriçaram antes mesmo de ouvir sua voz. Sasori, a pessoa que eu mais odiava em toda a minha vida, estava ali.

- Olá Sakura. - disse Sasori e sorriu.

Sua voz me atingiu como uma lança, não consegui disfarçar a tempo minha reação. Minha respiração ficou falha e pude sentir meu rosto contorcer-se bem diante dos olhos ônix de Sasuke, que parecia me avaliar minuciosamente.