Capítulo 2

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Subi as escadas correndo e fui para meu quarto, liguei a luz, larguei meu skate no suporte da parede e fui tomar meu banho, coloquei minha camiseta larga que cabiam três de mim dentro dela, desci até a cozinha fiz uma xícara de café e voltei para meu quarto, peguei meu caderno de desenho um lápis com borracha na ponta, e fui para minha espreguiçadeira da varanda, onde eu tinha uma visão privilegiada tirando a casa da frente, mas era só olhar para além dela e dava para ver as luzes coloridas da cidade, tinha dias que as luzes verdes predominavam, dias as roxas e dias azuis hoje o rosa predominava entre essas cores, os faixos de luz do farol do canto norte piscava para mim ao longe, suspirei ao tomar um gole de café.

-Café é vida!-falei.

As luzes da casa vizinha se apagaram, fiz alguns rascunhos.

Narrado por Froy

Voltei para minha terra natal para descansar a cabeça, não aguento mais ser holofotes, a fama não é um presente para mim, está sendo uma cruz no momento, encerrar a carreira aos 18 anos é algo incomum, mas se eu não o fizesse eu certamente enlouqueceria, fui visitar meu primo antes da mudança chegar, contratei um serviço para limparem e organizarem a casa que aluguei.

-E ai David!

-Froy como vai!

Nos abraçamos, ele é o único que ainda me chama pelo meu nome de batismo, o resto da minha família parece que esqueceu meu verdadeiro nome, me chamam pelo nome artístico, todos ficaram contra mim menos ele, a vó dele não é nada minha, pois é vó por parte de pai e eu sou primo dele por parte de mãe.

-Como está se sentindo de volta?

-Ainda estou me sentindo perdido, agradeço pelo emprego!

-Que isso, sei que dinheiro não é problema pra você, mas imagino que ocupar a cabeça é mais importante, estou certo?!

-Certíssimo!

-Viu, você ainda é o mesmo!

-E você também, me conhece como ninguém, senti sua falta primo!

-Eu também!

Saímos para conversar um pouco, falamos do afastamento dos meus pais, lembramos das coisas de quando eramos crianças.

-E namorada?-perguntei a ele.

-Tenho um enrosco ai, mas ela é muito ciumenta e mandona, mas e você?

-Só curtição mesmo, mas o foda é o interesse, elas ficam comigo porque sou famoso e tals, mas não é o que quero, vou dar um tempo pra minha cabeça agora!

-Bom já está na hora de eu trocar de turno com a vó, vem que vou te mostrar o que tem que fazer!

Chegamos ao mercado, o estoque é três vezes maior que toda a frente do mercado, cumprimentei a dna Greta, conversamos um pouco e depois fomos pros fundos pra conhecer o lugar e ver o que eu tinha que fazer, estávamos concentrados conversando quando dna Greta chama o David.

-Está é Penny a moça que contratei para o próximo turno!

-Finalmente!-disse ele estendendo a mão para ela.

Enquanto eles falavam eu não conseguia pensar direito, meu coração acelerou ao ver aquela moça, de moletom cinza cheio de estrelinhas, shorts jeans rasgados, os joelhos arranhados, tênis de skatista, maquiagem se tinha era em seus lábios pois eram mais escuros, o lábio inferior era mais cheio que o superior, suas sobrancelhas eram perfeitas mesmo tendo alguns fios fora do lugar, vaidade era algo que passava longe dela, mas sua beleza era rara, talvez ela não enxerga-se com clareza... Neste momento meu primo nos apresenta.

-Oi!-disse ela estendendo a mão.

-Ola Penny! -falei me aproximando rapidamente, levei um pequeno choque com o contato inicial de nossas mãos, ela apertou minha mão firmemente enquanto meu coração disparava em meu peito, logo em seguida ela me ignorou por completo. Ao terminarmos nosso horário ela pegou um skate atrás do balcão e saiu sem me esperar, corri até meu carro, lhe ofereci uma carona.

-Não valeu!

-Tem certeza, já está tarde, pode ser perigoso!

-Já estou acostumada, boa noite Froy!

-Boa noite Penny, foi um prazer te conhecer!

Ela me dispensou sem nem olhar pra mim, mas pelo menos ganhei um sorriso, acelerei para fazer a volta na quadra eu não iria deixa-la sozinha, ela é rápida e não posso acreditar em como uma garota como ela consegue fazer tantas manobras sequenciais em cima de um skate, ela parece estar se divertindo, caralho ela caiu, mal parei o carro e ela já estava de pé, passou a mão no joelho resmungou algo e seguiu andando, gostei dela, é persistente, ela caiu mais duas vezes na última vez achei que tinha quebrado o braço, mas seguiu seu caminho, eu parava o carro e quando ela estava em uma distância grande eu andava mais um pouco.

-O que ela ta fazendo?

Ela começou a correr a ladeira.

-Inacreditável, faz mais de uma hora que estou a seguindo e ela não cansa!

Era a direção da minha casa então não me preocupei em ir na lentidão que eu estava, estava quase chegando na minha casa quando ela olha para o carro e corre pra casa da frente da minha.

-Ta de brincadeira comigo!

Entrei em casa usando os controles, corri para dentro de casa fiquei olhando da cozinha, no último andar se acendeu uma luz, só pode ser ela, corri pro segundo andar, nem liguei a luz da sala para não ser pego, dava para ver uma parte do quarto dela, ela deve ter ido tomar banho, vou aproveitar para fazer o mesmo. Corri no banho coloquei uma bermuda que encontrei numa mala e corri para a sala, nada dela ainda, puxei o sofá para perto da vidraça, me sentei no escuro, ela apareceu com uma camiseta enorme que cobria até o meio de suas coxas, ela sentou em uma espreguiçadeira, tomou um gole de alguma bebida em uma xícara e ficou rabiscando em um caderno eu acho, amanhã preciso comprar um binóculos, não quero que ela saiba que moro aqui, vou ver qual é que é a dela. Tenho tantas perguntas para lhe fazer como por exemplo pra que tanto trabalho se mora numa mansão maior que a minha?. Adormeci no sofá a olhando.

Baixei a persiana e Penny sai na varanda se espreguiçando, seu cabelo ondulado está de pé, ela abaixa a cabeça pra frente e junta o cabelo nas mãos, faz um coque bem alto mostrando seu pescoço, ela começa a se alongar entra pro quarto dela e de vez em quando a vejo fazendo movimentos de artes marciais.

-Essa garota é demais!

O melhor abraço do mundo!Onde histórias criam vida. Descubra agora