—Se precisar, me liga.— ele me entrega um papelzinho— Aí também está meu endereço, caso mude de ideia. Eu adoraria que mantivéssemos contato, Jolie. Vou estar te esperando.Ele me dá um abraço e sobe no barco que o espera no porto. Seu olhar é apreensivo, quase como um medo... Mas não existe motivo pra ele sentir medo, eu acho. Na verdade, se é pra alguém estar sentindo medo esse alguém deveria ser eu.
Mas eu não estou.
Eu o observo ir embora. Esse homem. Meu suposto passado. Desaparecendo na linha do oceano, o mesmo que me segurou até ser encontrada.
Olho para a água azul e brilhante e percebo que eu fui parte dessa imensidão por um momento. O lugar que abriga as criaturas mais misteriosas do mundo também me abrigou, e, pela primeira vez desde que cheguei nessa ilha, me sinto aliviada. Talvez até feliz. Apenas por estar aqui, contemplando a beleza do oceano, entendendo a maravilhosidade desse pedaço do mundo. E por estar certa da decisão que tomei.
Agora entendo que meu passado não vem pronto, na forma de um homem. Eu preciso busca-lo e entende-lo como meu. Eu sou suficiente e talvez fosse isso que Nonahir quisesse me mostrar, desde sempre.
— Eu vou andar um pouco pela ilha. Volto até o almoço.— percebo a preocupação no rosto de Perol e a abraço. Ela sabe que não pode me prender e fico feliz por confiar em mim.
Começo a fazer o caminho contrário ao que fazia para ir pra casa. Vou caminhando na beira da estrada de pedra, ao lado da praia. Sigo na areia até avistar um pequeno bosque e, talvez seja loucura da minha cabeça, uma luz muito parecida com a de Nonahir. Mas como, se não vem do mar?
Sigo a luz, entrando no bosque. Existe uma pequena trilha marcada por grama pisada e a sigo. Caminho um pouco, percebendo a mudança da vegetação conforme me distancio da praia. Não demora muito para ver um riacho, me levando diretamente pra uma pequena cachoeira.
Ali.
Ali está o brilho que me chamou pra cá, atrás da caída da água. Tento me aproximar um pouco mais e percebo-o tomando a forma de uma mulher, que desaparece em poucos instantes.
— Olá? Tem alguém aí?— pergunto para o nada.
É impossível que eu realmente tenha visto uma mulher ali. Mas, ultimamente, percebi que o impossível beira muito o possível.
Sento nas pedras, colocando meus pés na água da cachoeira e levando um choque com a frieza.
Não demoram muitos segundos e logo vejo ela novamente. Dessa vez, está perto de mim, quase do meu lado. A maior parte do seu corpo está debaixo d'água e só consigo ver seu rosto, coberto por longos cabelos negros.
Ela tira sua mão da água, segurando a minha e me incentivando a mergulhar na água. Sem pensar duas vezes, jogo meu corpo para dentro da cachoeira.
Eu, definitivamente, estou encantada.
A mulher me leva até a caída de água e não consigo avançar. Ela não larga a minha mão e sinto que, se largar, eu posso me afogar com a mesma rapidez que entrei na água.
— Eu não sei se... — minhas palavras são interrompidas quando sinto um puxão na minha mão e água, muita água. Sequer tenho tempo pra assimilar o que está acontecendo.
Mas logo estou de volta na superfície. Abro meus olhos e busco algo para me apoiar. Eu acabei de passar pela caída de água?
— Foi divertido, né? — ouço uma voz atrás de mim e me viro, me deparando com a estranha mulher da água. Dessa vez, seu corpo todo está visível.
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ALONE
Fantasyo que você faria se acordasse no mar? sem nome e sem lembranças, Sol tenta se adaptar à nova vida depois de acordar no oceano e ser resgatada por pescadores, mas não é tão fácil quanto pensam. started in may copyright © 2018, brunasunshine and agus...