Acordo com uma movimentação inquieta ao meu lado.
– Juniper, o que cê tá fazendo? – digo, ainda sem abrir os olhos.
– Escrevendo. – ela diz e, antes que eu pudesse voltar a dormir, ela cutuca meu ombro. – Não volta a dormir. To curiosa.
– Curiosa com o que? – pergunto, finalmente abrindo os olhos e me arrependendo logo em seguida pela claridade.
– Que que houve ontem, afinal? – ela disse e enterrei minha cabeça no travesseiro, deixando claro que não queria responder. – Anda, me fala. Você sabe que eu não te julgo por nada!
Me levantei da cama, tentando organizar meus pensamentos.
– Então... Eu só não... Não sei porque beijei o amigo de vocês. Não deveria nem ter ido na festa. – digo, tapando meu rosto com as minhas mãos – Que vergonha.
– Por que você tá se reprovando tanto, Sol? – ela perguntou – Já te contei que na Grécia beijei várias meninas desconhecidas em uma festa? E sabe o pior? Eu caí na piscina. Isso sim foi vergonhoso.
Soltei uma risada ao imaginar a situação.
– Você só tá se conhecendo e tá tudo bem com isso. Não tem nada de errado em se divertir e fazer o que tem vontade, tá bom? – ela se levantou da cama e me deu um abraço aconchegante. – Você já não é mais aquela menina perdida que apareceu na ilha. Agora você tem um nome. Uma família. Só falta descobrir quem você é, lá no fundo.
– Ah Juniper, eu adoraria funcionar tão bem como você! – digo e ela solta uma risada. – Mas, de verdade, vou levar essas palavras comigo. E eu te juro que vocês são a melhor nova família que eu poderia pedir.
Ela sorri e me abraça novamente. Apesar de sempre me perguntar sobre meu pai e minha mãe, eu nunca cheguei a considerar a ideia de que eu poderia ter tido uma irmã. Mas, sem nem perceber, eu acabei ganhando uma quase irmã maravilhosa.
E ela também sempre tinha razão. Por isso eu sabia que aquela menina inocente perdida em uma ilha já não existia mais.
Eu não estava perdida, de forma alguma, mas ainda procurava me achar. Porque a ideia de que eu era uma pessoa completamente diferente com uma vida completamente diferente me assustava. Porque eu tinha medo de descobrir esse alguém que implorava pra sair de mim.E porque eu tinha medo de me desprender totalmente do meu passado, seja lá qual fosse. Uma parte de mim ainda ansiava com todas as forças descobrir sobre quem eu era, sobre meus pais e sobre minha vida antes de tudo isso acontecer.
Outra parte queria não pensar nisso e esquecer que um dia fui outro alguém. Mas era impossível, porque eu sabia que em alguém lugar do mundo alguém sentia minha falta. Meus pais? Minha família?
– Mamãe disse que quer sair com a gente. – Juniper disse, me tirando dos meus pensamentos. – É uma viagem rápida de barco pra uma ilha vizinha.
– De barco?– pergunto, tentando me imaginar em um barco outra vez. Eu já estive no mar que era um dos maiores medos mas mesmo assim estar novamente em um barco iria me lembrar daquele momento, daquele dia.
– É, mas se você não quiser nós podemos ficar aqui. – ela disse, se sentando ao meu lado na cama– A minha mãe disse que seria legal experimentar novos ares, já que essa ilha é meio restrita às vezes... Mas você que sabe.
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ALONE
Fantasyo que você faria se acordasse no mar? sem nome e sem lembranças, Sol tenta se adaptar à nova vida depois de acordar no oceano e ser resgatada por pescadores, mas não é tão fácil quanto pensam. started in may copyright © 2018, brunasunshine and agus...