o chá esfriou, e as palavras também.

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Eu organizo um batalhão de clichês para te ver sorrir, despejo em ti meus versos afim de te impressionar.
Mas quanto mais eu me ponho a recitar, mais você se distancia.

No começo eram versos por prosas, eu te mostrava minha alma e tu me dizia o que via.
Agora eu insisto em te afogar em palavras, mas você dominou a arte do alheismo.

O pior é que quando resolve dizer, é para tentar alterar, mas meu bem, nos versos que sou só eu encosto.

Você está convidado a entrar, tomar xícaras de chá, ouvir o que sou e comentar. Mas não tente alterar minha essência, pois então eu te convidarei a nunca mais voltar.

Saudades dos tempos em que tudo era novo e você amava me desvendar, aproveitando nossa prosa sem se importar com a xícara já fria em suas mãos.

Eu como poeta já devia ter aprendido que assim como os chás as palavras também esfriam.

Então você enjoou do chá, da minha voz, dos meus versos, de quem sou e se irritou ao perceber que não abandonaria meus princípios por suas simples palavras.

Deixou a xícara na mesa, pegou seu casaco de inverno e saiu pela porta antes do fim da poesia.

Amargas Poesias De Um Doce CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora