A valsa da vida e da morte

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A vida é só um grito no vazio, um tiro no escuro. Acho que uma das maiores graças de viver é não saber o que vem a seguir, o que vem depois do agora.

Mas tudo acaba, a graça acaba, a insanidade toma o lugar de tudo de bom que eu achava que era inato em mim.

Vivo perdida, cansada de estar cheia de nada. Almejo a morte como alguém que necessita de água no deserto.

Eu a vejo todos as dias, ela me ronda e me persegue, ansiando pelo meu deslize. Aguardando a hora em que eu vou cair da corda bamba que é viver.

Cada criatura vive seu inferno particular da sua maneira, cada pessoa convive com seus demônios como consegue. O peso de ter de viver afunda os mais fracos.

Eu sinto minha vida escorrer por entre meus dedos.

Hoje eu achei que ela me daria as mãos.

Sobrevivendo segundo após segundo, eu sonho com o beijo dela. O beijo que vai acabar com essa estadia sôfrega nesse plano. O beijo da morte.

Eu sonhei que tinha morrido.

A morte não doía, e não existia nada lá. Não tinha um paraíso, nem um inferno, apenas nada.

Eu não precisava mais respirar, e nem sentir. Não existia cantos, a morte era como uma fenda no tempo e entre os mundos.

Um pedaço esquecido, e você era deixado lá para que os vivos te esquecessem. Um limbo de escuridão onde o silêncio reinava.

Descobri que Deus é só um cargo, designado áquele que te manda para as sombras. Se existe uma entidade, ela não fazia questão de aparecer ali.

Sombras. As sombras eram a minha única companhia, não sei o que elas eram. Mas eram as únicas ali comigo.

Depois que a pequena parcela de confusão passa, você acaba aceitando muito bem. Afinal vc não consegue sentir, não pode fazer nada pq vc está preso no nada. Pela eternidade.

Amargas Poesias De Um Doce CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora