The Light Of Hope 》KTH/ PJM

A childhood love

Algumas pessoas acreditam que bebidas calmantes ajudem na hora de dormir, outras acreditam que seja uma boa forma de aquecer o corpo na mesma proporção que tranquiliza os nervos.

Porém para HyeMin bebidas quentes como chá por exemplo, eram a única forma de manter sua vontade de chorar escondida, pois a cada gole ingerido era uma forma de retardar cada gotinha de mágoa, que viria a transbordar de seus olhos castanhos.

A morena já estava calada naquele sofá há quase uma hora, e por mais que JiMin soubesse o quanto devia estar sendo difícil para ela falar sobre o que aconteceu, o loiro já estava aflito por ver a mais nova naquele estado.

Suas mãos seguravam aquela xícara branca com tanta força, que ele temia que suas palmas estivessem queimadas por conta do calor da bebida contida ali.

- Hye, você não quer dormir um pouco? - o mais velho perguntou indo até ela, podendo notar que seus pés batiam constantemente no chão.

- Eu perdi o sono. - a resposta saiu baixinha, quase como se sua voz não quisesse sair.

- Você já tomou 4 xícaras de chá de camomila, acho pouco provável que tenha perdido o sono. - ele então retirou a xícara das mãos dela, e segurou elas com delicadeza.

JiMin sentiu o quão quentes elas estavam, e estranhou a morena não ter sequer reclamado de dor por conta da pele agora sensível. O loiro buscou o olhar dela e viu um brilho opaco em seus pequenos olhinhos castanhos, quase como se não soubessem mais como brilhar.

HyeMin podia sentir o jeito preocupado que o mais velho a olhava, mas não conseguia olhar diretamente para ele. Não era fácil para ela encarar a vergonha que estava sentindo diante dele, não somente por ter sido ele quem a consolou após ver Yoongi com outra pessoa. Mas havia sido ele a primeira pessoa a ver o seu pai lhe agredir, e mesmo que não tenha sido a primeira vez que aquilo ocorreu, ela não queria que mais ninguém tivesse visto.

Afinal de contas, ninguém deseja ser visto após apanhar de seus pais. Nem mesmo quando se é criança.

- Foi mesmo a primeira vez que ele te bateu? - JiMin perguntou cauteloso, podendo sentir a mais nova apertar suas mãos um pouco forte.

- Ele ameaçava me bater... ainda no colegial.. - ela declarou com a voz presa - Uma vez ele me deu um...

- Um? - JiMin a incentivou.

HyeMin precisou respirar fundo para poder dizer o que achou que jamais contaria para alguém, não apenas por não querer manchar a imagem de bom pai que o senhor Park tinha, mas porque ela entendia que ele não havia feito em seu juízo perfeito.

- Melhor deixar isso pra lá. - ela tentou seguir para a cozinha, mas JiMin não a deixou sair do lugar.

- Você não pode ficar guardando essas coisas pra sempre Hye, uma hora você vai acabar explodindo. - a voz dele saiu calma, quase um sussurro - Fala comigo, eu prometo que vou só ouvir, sem te interromper.

A morena pareceu pensar por nada mais que dois minutos, até que afirmou num suspiro longo e aparentemente necessário. Ela não conseguia fazer contato visual com o Park, mas ainda assim ela deixou seus olhos focarem nas mãos dele sobre as suas, como se aquele fosse o máximo de contato que conseguiria fazer naquele momento.

- Eu tinha 15 anos, e meus pais não me deixavam ir pra casa sozinha. Me lembro que meu pai ficou responsável por me buscar na escola no segundo semestre, mas no caminho pra a escola ele acabou parando em um bar. - ela começou seu relato um pouco nervosa, e sentiu JiMin lhe deixar um carinho sutil nas mãos - Ele não me avisou que estaria lá, então eu só segui o caminho de casa sozinha. Eu não tinha culpa dele não estar em um lugar visível.