Uma família de verdade

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O coração de Clara estava batendo forte. Sua mente explodiu em pensamentos a medida que descia as escadas. Mesmo depois de cinco meses, era inegável que o ex-marido ainda mexia com ela. Não era algo que ela queria estar sentindo ali, mas não conseguia evitar. Gael deixava seu coração em dúvidas, principalmente porque ela acreditava na mudança dele. E ele provou que mudou. Coração? Ou será que as dúvidas estariam na desordem dos pensamentos? Clara não sabia e pior, preferia nem se aprofundar nisso. Ela tinha medo das respostas que poderia encontrar. Magoar mais ainda os homens que amava estava fora de cogitação. Para ela, tudo ia continuar como estava.

Sua escolha tinha sido Patrick e seria assim para sempre. Ela não tinha dúvidas de que o amava. Ela deixou esse pensamento firme, sem muito esforço, mesmo sabendo que não foi por achar que amava mais o Patrick que o Gael que ela acabou escolhendo o primeiro. Até porque seu amor por Gael também era grande e pelo feeling dela, comparável ao que sentia pelo Patrick. Na realidade, foi por algo bem mais sutil que o advogado acabou sendo o escolhido. Foi assustador para Clara pensar na ideia de não ter mais Patrick por perto. Ela tinha uma dependência - que os experts diriam ser doentia - pela presença dele, por ele ser o porto seguro dela, e procurava acreditar e aceitar que isso era a própria definição de amor. Enquanto foi desesperador escutar Patrick dizendo que ia embora, por outro lado, com Gael, ela só conseguiu desejar, com toda sinceridade do mundo, que ele fosse muito feliz no Rio de Janeiro e nada mais

- Tudo bem, Clara? - Perguntou Gael assim que Clara desceu o último degrau - Onde está o Patrick?

- Ele foi trabalhar. Não entendi bem o que você veio fazer aqui - Clara tentou parecer seca.

- Bom, eu... - Gael riu parecendo envergonhado, como se seus planos tivessem sido descobertos pela ex-mulher - Você sabe... vim para ver o Tomaz...

- Você sabe, Gael, que o Tomaz ainda tem mais meia hora de aula.

- Hum, é verdade, eu tinha esquecido disso... - Gael tentou parecer surpreso, mas não conseguiu convencer - Bom, gostaria de saber como ele está. Antes de ver meu filho, quero saber o que me espera.

- Ele está bem, cada vez mais independente.

- Ele tem visto a Lívia?

- Você sabe que sim. Ele vive aqui e lá.

- Ele precisa entender que você é a verdadeira mãe dele, Clara.

- Nosso relacionamento tem melhorado diariamente. Ele é um menino muito amoroso. Ele já me chama de mãe - Clara deu um sorriso tímido de satisfação.

- Muito bom! - Gael também demonstrou satisfação - Fico emocionado por saber disso. Meu filho agora chama seus pais verdadeiros de... pai e mãe. Sempre sonhei com isso, Clara.

- É maravilhoso mesmo - Respondeu Clara emocionada.

- Poderíamos buscá-lo na escola, o que acha? Não sei quem vai pegá-lo hoje, se é você, mas eu gostaria de ir também. Você se incomoda?

- Sou eu mesma que vou - Clara se incomodou com o pedido, mas não poderia negar isso ao pai do seu filho - Podemos ir sim, mas vou no meu carro. A gente se encontra lá.

- Você vai com o Tomaz a algum lugar?

- Não, voltaremos para casa. Ele precisa almoçar.

- Vamos comigo, então. No meu carro. Quero muito vê-lo. É só buscá-lo, Clara. Pegamos ele e trago vocês de volta.

- Olha, Gael, não sei se seria uma boa...

- Por que não? Somos amigos, não? Para sempre - Clara desviou o olhar. Gael conhecia esse gesto, sabia que tinha quebrado a postura robótica da ex-mulher - Vamos, Clara. O Tomaz vai ficar feliz com a surpresa de me ver.... de nos ver juntos. Pense comigo, imagine como ele vai gostar. Eu tenho certeza, afinal somos o pai e a mãe dele.

Clara e Patrick - #clarickOnde histórias criam vida. Descubra agora