Capim Dourado

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Clara sempre colocou a missão de recuperar seu filho e se vingar dos que lhe trancafiaram no hospício como prioridade na sua vida. Devido a isso, o seu coração acabou ficando em segundo plano por muito tempo e seus sentimentos amorosos só eram reavivados quando estavam associados a gratidão. E gratidão nunca foi um bom sentimento para ficar com alguém, como ela comprovou na prática ao quase se casar com Renato.

Só recentemente que o coração de Clara se tornou livre para amar, uma vez que estava livre das vinganças, mas ela não soube o que fazer. Ela não tinha certeza do que sentia por Patrick e por Gael. O primeiro, o maior advogado criminalista do país, que praticamente abdicou da sua vida pessoal e profissional no Rio Janeiro para viver e proteger a vida de Clara. O segundo, o ex-marido que a agredia e a estuprou na noite de núpcias, e que por amor, regenerou-se e ficou contra a mãe para ajudar Clara na sua vingança final. Gratidão era o que ela inevitavelmente sentia por esses dois. Mas amor?

Foi preciso Patrick dizer que ia embora para Clara, enfim, tomar a decisão que mudaria sua vida definitivamente. Ela escolheu o advogado, se declarou e se entregou por inteiro para o homem que sempre esteve ao seu lado. Mas como avisar a Gael, que tinha mudado por amor a ela? E foi muito duro para Clara dizer para o ex-marido que tinha escolhido Patrick. Ela não tinha certeza de que era isso mesmo que queria. A única verdade que existia no seu coração era a que não conseguia ficar longe de Patrick. O advogado dizer que ia embora foi muito mais assustador que a despedida do ex-marido quando este foi dispensado. Foi uma sensação incomparável. Foi muito significativo para Clara a presença que Patrick teve na sua vida principalmente quando comparado a relevância de Gael.

O ex-marido foi embora, Clara casou e viveu cinco meses maravilhosos com Patrick. Eles viveram sensações, situações e sentimentos que inegavelmente ficaram guardados no coração da vingativa. Ela não tinha mais dúvidas e o ex-marido não lhe fazia falta. Ela acreditou que no seu coração tudo estava resolvido até rever Gael e perceber que era preciso entender de uma vez por todas o que realmente sentia por esses dois homens. Clara encarou, enfim, a última barreira que faltava para sua felicidade: os seus sentimentos.

***

- Patrick!!!

Clara falou exultante ao celular quando seu marido, enfim, atendeu a ligação. Era a sexta vez que ela tentava ligar para contar-lhe sobre a alta de Tomaz.

- Preciso te contar uma novidade.

- Boa? – Patrick falou num misto de simpatia e cansaço.

- Tomaz recebeu alta... – A excitação na voz de Clara era absolutamente perceptível.

- Olha aí...

- Amanhã ele vai para casa.

- Que notícia boa. Eu te falei que ele se recuperaria bem.

- É verdade, você falou...

- Ele é forte, Clara. Certamente puxou a mãe.

- Eu estou tão feliz.

- Eu também.

Eles passaram alguns segundos em silêncio numa expectativa que não sabiam explicar porque. Clara caminhou pelo quarto, mordendo os lábios, como se quisesse fazer um pedido. Ela ignorou completamente o seu filho e o ex-marido, que acompanhavam atentamente seu diálogo com Patrick ao celular.

- Você pode vir me buscar? Já quero preparar o quarto do Tomaz...

- Eu adoraria, mas acho que vou madrugar aqui na delegacia.

- Na delegacia? Está tudo bem? – O semblante de Clara ficou sério.

- Está sim.

- Está acontecendo algo que você não quer me contar, Patrick?

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⏰ Última atualização: Sep 07, 2019 ⏰

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