Dois corações quebrados

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Deitada na cama com a cabeça em cima do ombro esquerdo do marido, Clara vestia uma minúscula camisola rosa clara. Ela acariciava o peito de Patrick com sua mão esquerda bem destacada pelas unhas pintadas em vermelho. Já o advogado acariciava o cabelo e os braços dela. Ele vestia uma cueca boxer azul escuro que já denunciava sua excitação. Eles conversavam sobre o dia que tiveram enquanto ainda digeriam a ceia de fim de noite.

O advogado falou do início dos trabalhos no caso da Chacina do Vereador. Clara temia pela segurança do seu marido, mas entendia que esse era o trabalho dele. Além disso, Patrick jamais negaria ajuda ao promotor Abel.

- Fico tão preocupada com esse processo e com as pessoas que você vai se meter. Eu estou com coração na mão, Patrick. De verdade! – Confessou Clara com bastante preocupação.

- Eu sei, meu amor, mas já estou acostumado a pegar processos dessa natureza. Isso não é novidade para mim. Você tem que confiar e além disso, eu devo essa ajuda ao promotor Abel que já fez muito por nós.

- Eu sei, eu sei – Falou a vingativa com resignação – Mas esse pessoal é barra pesada e eu tenho medo de te perder – Clara abraçou forte e beijou o rosto do marido.

- Vai ficar tudo bem – Patrick forneceu seu sorriso mais cativante – Eu te prometo, viu? Confia em mim, só isso que te peço. Eu sei onde estou me metendo. Eu sei como proceder.

Durante um bom tempo, Patrick contou sobre alguns dos casos mais intrigantes e perigosos que já participou ao longo de sua carreira como advogado criminalista, sobretudo no Rio de Janeiro e em Curitiba. Clara escutou com atenção, mas tentando disfarçar certa inquietação com os perigos pelo qual seu marido já passou.

- Bom, falei demais... – Patrick interrompeu subitamente – Você não me falou nada do seu dia. Como foi na sorveteria com o Gael e a Taís?

Clara esperava por essa pergunta mais cedo ou mais tarde. Ela sabia que Patrick ainda tinha cisma da sua relação com Gael, por mais que o advogado tivesse sido o escolhido dela. Patrick, por sua vez, sabia que Taís não tinha ido a sorveteira, mas falou dela para parecer desinteressado.

- Foi bom. O Tomaz ficou muito feliz de ver o pai... – Clara esperou um pouco antes continuar – O Gael foi sozinho. A Taís sentiu a mudança de clima e por isso ficou na casa da Lívia.

- Taís não foi? Curioso! – Patrick tentou demonstrar surpresa, embora já soubesse disso.

- Não. Gael me disse isso... que ela sentiu.

Patrick deu um sorriso irônico, mas permaneceu em silêncio. Clara sabia que o marido tinha ficado com ciúmes, mais uma vez. Naquele momento, porém, ela se sentia bem e feliz por não lembrar dos questionamentos amorosos que teve ao longo do dia, pois estar ao lado do seu marido lhe trazia uma paz e uma segurança que nunca tivera experimentado antes. E isso lhe completava. Ela definitivamente não sentia falta de Gael quando estava com Patrick.

- Amanhã vou deixar o Tomaz na casa da Lívia – Informou Clara – Ele vai passar a tarde com o pai, e à noite a Lívia vai trazê-lo de volta.

Patrick deu de ombros e continuou em silencio, acariciando e beijando a amada.

- Acho que vou dá uma passada na mina e depois vou visitar meu avô – Clara continuou.

- Faz algumas semanas que você não visita a mina, não é?

- Pois é – Clara confessou – O Doutor Amaral e a Elenita estão exigindo minha presença para definir algumas coisas relativas a distribuição de lucros com os garimpeiros. Bem que você poderia me ajudar quando tiver uma folguinha no seu trabalho, não é?

Clara e Patrick - #clarickOnde histórias criam vida. Descubra agora