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Embora estivesse impactada pelo que aconteceu entre Rodrigo e eu, consegui ser uma excelente atriz diante das minhas amigas, mas sabia que precisava ingerir nem que fosse uma quantidade mínima de álcool como desculpa para me afastar das companhias e refletir sobre o que tinha acabado de acontecer. Infelizmente, após alguns minutos no bar, o irmão da minha aluna sentou ao meu lado e, sem que nos falássemos, começou a tomar uma dose de uísque atrás da outra.

Ele bagunçou o seu cabelo, desmanchando a franja de um jeito que fez com que ele ficasse... Sedutor. Merda! Por que eu estava reparando isso? Por que usei o adjetivo "sedutor" para me referir a Rodrigo? Havia uma tensão grande e angustiante entre nós, mas eu não consegui desgrudar os olhos dele no restante da festa. Quando minhas amigas começaram a se despedir, encontrei a desculpa para também deixar aquele lugar sem dizerem que estava cedo demais e finalmente tirar os olhos de Rodrigo.

Quando fui me despedir da aniversariante e sua mãe, encontrei-a falando com o irmão da minha aluna. Camila e Viviane pareciam preocupadas com um Rodrigo que mal estava se segurando em pé. Muita gente já havia ido embora ou estava quase indo e fiquei preocupada com o estado de embriaguez de Rodrigo. Será que ele iria dirigir? Ou ia pegar carona com alguém? Aproximando-me dos três, anunciei a minha despedida.

Sem conseguir fingir indiferença, questionei se Rodrigo estava bem. Camila disse que ele estava embriagado, mas iria ligar para um táxi vir buscá-lo, embora não soubesse como ele conseguiria entrar no seu apartamento naquele estado. Eu sabia onde Rodrigo morava e teria que passar próximo do seu bairro para ir à minha casa. Antes que pudesse controlar a minha boca, ofereci uma carona e disse que me responsabilizaria por ele, pois era o mínimo que eu poderia fazer pelo irmão de uma aluna querida.

Somente após estar dentro do meu carro ao lado de Rodrigo foi que percebi que estava cometendo mais um erro. Não era a primeira vez que dava carona para ele, mas era a primeira vez que fazia isso com ele embriagado e depois de termos nos beijado. A prova do erro foi que, chegando ao condomínio em que morava, Rodrigo acariciou minha coxa. Droga. Ele era só um garoto e eu estava ficando excitada novamente!

Na verdade, Rodrigo sempre foi apenas um garoto que era muito inteligente e o qual eu me orgulharia muito se tivesse sido sua professora. Aos vinte e três anos, ele estava próximo de se formar em Medicina e como o melhor de sua turma. Com certeza ele seria laureado. Nunca iria lhe faltar emprego, ainda mais com o investimento do seu pai, que era um empresário bem sucedido.

Na portaria do condomínio, nossa entrada foi autorizada e estacionei o carro em uma das vagas destinada aos visitantes. Saímos do veículo e ajudei Rodrigo na sua caminhada trôpega até o terceiro andar. Não dizíamos uma só palavra, mas eu percebia como ele me olhava com segundas intenções.

Quando Rodrigo saiu do elevador, tropeçou e quase caímos os dois no chão, o que lhe rendeu altas gargalhadas enquanto eu fazia "shiiiiii" para ele não fazer barulho, afinal já passava de duas horas da manhã. Ele tirou as chaves do bolso e tentou acertar a fechadura, em vão. Peguei a chave e eu mesma abri a porta, empurrando-o para dentro de casa.

— Se continuar fazendo esse barulho todo vai acordar a Rafaela. Acho que não é um bom exemplo para ela se você chegar bêbado em casa no meio da madrugada.

— A Rafa não está. Foi dormir na casa do Diógenes.

Rodrigo é emancipado há muitos anos e a irmã mora com ele. Diógenes é o pai de ambos, mas pai e filho não se dão muito bem, o que interfere às vezes na forma como Rafaela enxerga o genitor. A mãe deles... Infelizmente ela já não habitava entre nós.

— Nesse caso, faça silêncio para não acordar os vizinhos.

— Meus vizinhos devem estar na rua essa hora. Bando de festeiros! – gritou.

O IRMÃO DA MINHA ALUNA (VOL. 3 - SÉRIE OS IRMÃOS)Onde histórias criam vida. Descubra agora