Be Mine, Make Me Yours

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- Vocês pousam a mão uma sobre a outra e andem lentamente pela sala, como se estivessem em uma passarela, só que usem a suavidade. – a moça de traços finos nos dava as diretrizes e tentávamos obedecer. Naquela manhã de uma sexta ensolarada, estávamos no galpão 2 fazendo a preparação para O Tempo Não Para com diversos preparadores. Passamos pelo haras, por uma fonoaudióloga e por último, essa professora de etiqueta.

- Eu não sei se consigo ficar tanto tempo na mesma posição – comentou Rosi quando finalmente paramos – Nunca pensei que uma mulher do século retrasado desse tanto trabalho. – ela brincou.

- Eu já estou deveras cansada – a pequena menina que interpretaria uma das minhas irmãs arrancou risada dos poucos presentes ali.

Encenar alguém como Maria Marcolina dava trabalho. Aquele roteiro me tirou sono, passei boas noites sentada na mesa de minha casa com aquelas palavras tentando balbuciá-las na entonação perfeita, não eram sílabas fáceis, mas me sentia desafiada a cumprir uma história tão bonita. Ela mal havia começado e já me trazia bons frutos. Eu e Nicolas mantínhamos uma relação que sinceramente, não sabia bem onde ia parar. Não era namoro, ninguém havia feito o pedido, mas também eu não conseguia imaginar estar em quaisquer braços que não fossem os dele. Ele me conquistava todos os dias, seja por mensagem ou uma ligação "sem querer" em que ficávamos horas falando. Seus olhos me faziam sorrir, sua pele na minha me arrepiava. Se aquilo era loucura, me considerava completamente insana.

- Ju, porque você faz a preparação longe do Nicolas se ele é seu par romântico? – antes que eu pudesse responder, nosso diretor se aproximou de Natth e falou.

- Porque precisamos ter impacto, sabe pequena? Eles não têm muito contato na vida real, então vai ficar uma cena bonita de se ver.

Engoli seco minha vontade de rir e beberiquei um gole da minha água. O calor assolava o Rio de Janeiro e apesar do forte ar condicionado, eu me sentia cansada. Saímos para o almoço e depois voltamos para as aulas, agora aprendíamos como usar talheres e nos portarmos em uma mesa posta. Edson chegou para completar o time e tivemos um começo de tarde entre muitas parcerias, risadas e aprendizado.

Por fim, Léo nos juntou com a outra parte do elenco e entre eles, Nicolas. Nossos olhares explodiam sintonia, ele tinha um pequeno sorriso nos lábios e parecia bem-disposto. Em suas mãos, uma garrafa de água quase idêntica à minha e a explicação era simples: comprou um kit com duas para que eu bebesse mais água após uma breve discussão sobre minha hidratação em um de nossos passeios em São Paulo.

- Como foi seu dia? – perguntou sentando sorrateiramente ao meu lado. O elenco se misturava na própria conversa, eu podia ouvir algumas gargalhadas.

- Cheio. Andamos como modelos, só faltou o livro na cabeça – sorri e ele me acompanhou. – E o seu?

- Hoje passei o dia com a Cris! Fiquei meio nervoso, é uma atrizona né?

- Eu me sentia assim com a Lilia também! – falei cumplice para ele – Acabou que até hoje mantemos contato.

- O que fará agora a tarde? – passei o olho pelo grande salão antes de fixar em seus olhos, eles pareciam esperançosos.

- Bom, eu vou para casa – cruzei as pernas e o olhei divertidamente – Eu teria outro lugar para ir?

- Quero te apresentar uma amiga. – fechei meu sorriso e me mexi desconfortável. Como assim uma amiga? - E quem seria essa menina? – procurei algo que não existia em minha bolsa para evitar algum contato para ele.

- Você vai ver! – ele se levantou – Ela tem sido uma ótima companheira há tempos. Que horas posso passar para te pegar? Coloque roupa de banho.

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