no matter how bad it is

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Jooheon estava incomodado com a presença repentina de Minhyuk em sua casa, o garoto analisava tudo o que via e aquilo assustava. Na verdade, tinha medo de que Minhyuk tivesse mesmo visto os cortes no seu braço — aquilo poderia representar o fim da farsa em que vivia.

Observou o garoto atentamente, ele tinha um semblante animado como Jooheon sonhara sempre em poder ter. Seu cabelo claro caía muito bem e o loiro era bem feito, quase parecia natural. Suas roupas também eram interessantes, vintage mas ainda com cores agradáveis ao olhar. 

Jooheon se sentiu invejoso. Sempre vestia roupas escuras ou rasgadas devido a personalidade que havia criado para o personagem que deveria representar ele. Pois o Lee Jooheon de verdade também queria viver de cores, de estilos, de sorrisos e boas histórias para contar.

— Onde seus pais estão? — Minhyuk perguntou, fazendo o outro acordar de seus pensamentos — Estão almoçando fora?

—  Eles foram viajar por alguns dias — Jooheon disse sentando-se no sofá, com o olhar fixo em seus pés. Se arrependeu de ter dado detalhes.

—  O quê? Te deixaram sozinho? — Minhyuk parou de observar a cozinha e foi até a sala, sentou-se ao lado de Jooheon quem se incomodou com a proximidade e se afastou um pouco. Cada um estava sentado em uma beira do sofá, deixando o meio vazio — E o que você vai comer?

—  E o que isso tem haver com você, garoto? — Jooheon apoiou o cotovelo no braço do sofá, ainda olhando longe.

— Grosso...  — Minhyuk disse baixinho, chateado. 

Minhyuk estava arrependido por não ter ensaiado um discurso sobre o que diria a Jooheon assim que chegasse. Não fazia ideia de como puxar assunto, e nem de como tiraria informações daquele garoto grosseiro e emburrado. Então lembrou-se das estranhas marcas em seus pulsos.

Ele rapidamente sentou na almofada vazia ao lado de Jooheon, fazendo-os ficar bem perto um do outro. Minhyuk se perdeu por um momento enquanto os dois se encaravam nos olhos, ambos surpresos com a grande proximidade prenderam a respiração. Até que lentamente Minhyuk foi baixando o olhar, mas sem parar de encará-lo, e com uma das mãos segurou a dele.

Jooheon estava assustado e confuso com o toque repentino do outro. Os dedos de Minhyuk encostavam nos seus, enquanto ele podia sentir seus lábios tremerem. Tomado pela sensação estranha, lentamente foi fechando a mão junto a Minhyuk até que suas mãos estivessem entrelaçadas. Jooheon não conhecia a sensação de fazer aquilo com a mão de outra pessoa, e se sentiu ansioso com o toque quente e macio.

Minhyuk aproveitou o momento, vendo que o outro de certa forma havia baixado a guarda, e esticou sua mão livre. Seus dedos foram caminhando lentamente até a barra da manga do roupão de Jooheon, onde puxou em um movimento só revelando o que estava ali. O braço com cortes despadronizados.

 — J-Jooheon-Ah... — Minhyuk disse percebendo que estava tremendo, ele não imaginava ver aquilo — O que está acontecendo com você? Por favor, e-eu quero o seu bem. Quero te ajudar.

— E-eu não preciso da sua ajuda! — Jooheon puxou seu braço com força até soltá-lo da mão de Minhyuk, também soltou a outra mão dele que segurava a sua. Fungou, virando-se para o outro lado tentando esconder seu rosto— M-Me deixe sozinho... V-Vai embora... Por favor...

Minhyuk sentiu um nó formar-se em seu peito, aquilo era mais sério do que ele imaginava. Sentia-se zonzo ao captar a energia pesada que vinha do garoto, podia escutar ele fungando tentando evitar chorar na frente dele.

—  Ei, você não precisa passar por isso sozinho — Minhyuk esticou uma de suas mãos até segurar o queixo de Jooheon, pode sentir que ele tremia. Lentamente foi puxando seu rosto pelo queixo até que virasse e o olhasse nos olhos. Lágrimas escorriam nas bochechas avermelhadas — Eu estou com você, Jooheon. Não importa o quão ruim for, eu vou te ajudar. Está me ouvindo? Não importa o que for, eu irei continuar aqui com você. Ao seu lado, por favor. Aceite minha ajuda.

Minhyuk sentiu as lágrimas se formarem nos cantos de seus olhos, estava emocionado e assustado. Não sabia o tamanho da dor ou do problema de Jooheon, mas sabia que precisava salvá-lo antes que algo mais sério fosse acontecer. Sentia que se algo acontecesse com Jooheon, seu coração se partiria imediatamente.

Jooheon nunca havia ouvido aquilo. Em toda a sua vida nunca alguém havia parecido se importar verdadeiramente com ele, tudo ali era novo. Estava tomado pelo medo e pela emoção de estar sendo desmascarado quando jogou seu corpo contra o de Minhyuk, escondendo o rosto que chorava desesperado na curva do pescoço dele.

Mesmo assustado, Minhyuk abraçou Jooheon. Abraçou forte para não deixar ele escapar, para deixá-lo salvo de todo o mal do mundo. Estando em meio aos seus braços, ao seu abraço, Minhyuk queria garantir a Jooheon que ele estaria sempre salvo ali não importa o quão difícil fosse.

Minhyuk percebeu enfim a razão de estar ali naquele dia. Ele finalmente entendeu o que era aquela sensação de medo após deixar Jooheon em casa sozinho naquela noite, após deixá-lo ir na conversa atrás do colégio. Minhyuk entendeu a razão de toda aquela preocupação.

Deixou-se levar pelo sentimento. Afastou-se lentamente de Jooheon, ainda com ele em seus braços. Arrumou-os de uma forma em que suas testas estavam encostadas, o outro ainda chorava silenciosa mas dolorosamente. Minhyuk com uma das mãos tocou sua bochecha, a acariciando com o polegar. Com a outra mão alcançou seu pulso cortado, sorriu e beijou seu primeiro corte.

Jooheon sentiu o carinho que Minhyuk passava dando o beijo em seu corte. Não ardia agora, era uma sensação de paz que ele nunca havia presenciado. Desejou poder nunca mais parar de sentir aquilo, pois parecia que suas dores haviam desaparecido por aquele momento incrível.

Até que aquela sensação foi multiplicada quando Minhyuk o puxou para frente pela bochecha e selou seus lábios. Jooheon lentamente, parando de chorar, fechou seus olhos deixando se levar pela sensação calma de ser beijado por Lee Minhyuk.

i wanna die | joohyukOnde histórias criam vida. Descubra agora