before it's too late

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penúltimo a

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  — Onde você esteve? — Kihyun esticou as mãos e pegou as moedas do troco das duas casquinhas de sorvete de baunilha — Me fez mentir para a sua mãe que estava almoçando lá em casa.

Minhyuk não sabia como responder aquela pergunta, nem ao menos queria. As lembranças estavam assombrando-o em sua mente, se repetindo inúmeras vezes. Não sabia se estava certo em abandonar Jooheon, mas estava assustado demais para ajudá-lo. Nem sabia mais se queria mesmo ajudá-lo.

— Você está com um cara péssima, se quer tomou um banho? — Kihyun dizia com uma careta no rosto, deu uma lambida em seu sorvete— Coma logo o seu antes que derreta. Fui eu quem paguei então não jogue fora!

Mas o Lee não estava com fome, na verdade sentia uma enorme ânsia se formando dentro de si. Com esforço deu uma lambida no seu sorvete e suspirou, era tão gelado quanto as mãos de Jooheon. As mãos as quais ele entrelaçou as suas também, sem saber o motivo. Sentia falta daquele toque, mas não queria precisar buscá-lo.

Minhyuk se perguntou se era sua culpa, se estava errado em chupar Jooheon tentando fazê-lo sentir-se bem quando o efeito foi contrário. Ele havia ficado excitado, tinha de querer aquilo e não chorado desesperado feito uma criança.

Feito a criança que era seu irmão quando o deixou para morrer sozinho.

Pareciam haver mais pontos negativos do que positivos naquele caso. Minhyuk não era formado em psicologia para entender como resolver as coisas, e se repreendeu por ter tentado. Tinha medo de ter piorado deixando Jooheon sozinho em casa naquele estado, mas também se preocupava com a própria sanidade mental.

— Minhyuk, você se quer prestou atenção em alguma coisa do que eu acabei de falar?  — Kihyun estava com o rosto vermelho de irritação, já havia terminado o seu sorvete enquanto o de Minhyuk derretia em suas mãos — Você é um imbecil, mesmo. Eu te levo para festas, eu te faço favores e você nem se quer é capaz de me responder as coisas. Não sei por que vim aqui, sinceramente.

— Espera, por favor!— Minhyuk gritou assustado segurando no pulso do amigo, havia finalmente acordado dos seus pensamentos e estava a beira de lágrimas— Eu... estou assustado com umas coisas, preciso de você. Preciso da sua ajuda. Sou eu quem precisa de ajuda agora.

Kihyun deu meia volta e abraçou o amigo ainda sentado. Sentiu-o enfiar o rosto em seu abdômen e abraçar seu torso firmemente. Nunca havia visto Minhyuk tão assustado como naquele dia, o amigo sempre fora um poço de alegria e motivação para todos a sua volta. Aquela cena dava medo em Kihyun.

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Minhyuk havia contado tudo para o amigo, desde os beijos e o boquete até as lágrimas desesperadas com a confissão. Não sabia se havia feito certo em revelar os segredos de Jooheon para outra pessoa sem permissão, mas achava que precisava da opinião do amigo em relação a o que deveria fazer.

Havia implorado para que Kihyun não contasse aquilo para ninguém. A reputação de Lee Jooheon como badboy e todo o resto poderiam ser prejudicadas profundamente, e Minhyuk acreditava não ter direito de interferir na vida do garoto daquele jeito.

Kihyun escutou tudo em silêncio. Normalmente iria questionar a cada vez diferente que Minhyuk parasse de falar para tomar ar, mas aquilo era sério e sentia que não deveria brincar como sempre fazia. No final, precisou de alguns minutos para pensar no que deveria responder ao amigo.

— Você acha que gosta dele? 

Minhyuk reagiu assustado e surpreso com a pergunta de Kihyun. Não achava que era capaz de responder aquilo. Será que ele havia feito tudo aquilo pois amava Lee Jooheon? Parecida cedo demais para dizer, mas era possível. Minhyuk acreditava que o amor poderia surgir de supetão assim, só não esperava que acontecesse com ele também.

Aquilo explicava sua vontade de protegê-lo desde de a vez em que Jooheon havia levado socos de Hyunwoo. Poderia muito bem não ter interferido naquele dia, deixá-lo caído no chão sozinho enquanto sangrava. Seria como qualquer outra pessoa que estava no ferro-velho aquele dia, apenas observando.

Minhyuk percebeu que havia ido contra seus princípios, pois quando Jooheon precisava de sua ajuda de verdade ele tinha fugido. Quando Jooheon deixou seus cortes no pulso serem beijados por Minhyuk, quando deixou irem além dos beijos, quando contou seu segredo para o loiro sem imaginar as consequências. Minhyuk havia falhado com ele.

— Eu acho que amo ele, Kihyun— Minhyuk levantou-se desesperado do chão, espalhando as almofadas que segurava — Eu acho que amo Lee Jooheon.

O loiro desesperado saiu as pressas do quarto de Kihyun, indo até o hall calçar seus sapatos novamente. Se arrependia de ter escolhido usar tênis naquele dia, pois amarrar os cadarços era mais demorado do que ele queria. Minhyuk estava com muita pressa e medo das consequências dos seus atos.

— Espera, aonde você 'tá indo?  —Kihyun correu atrás do amigo, parando de pé atrás de si enquanto via-o amarrar os sapatos.

— Deixei ele sozinho — Minhyuk disse finalmente terminando de amarrar o cadarços e se levantando apoiado nas paredes. Seu cabelo loiro estava bagunçado em seu rosto — Eu preciso ir salvá-lo antes que seja tarde demais. Para ele, para mim, para nós dois!

Minhyuk bateu a porta deixando Kihyun com um semblante confuso. O de cabelos rosados correu até a janela e puxou a cortina, observando o loiro pegar as chaves do carro com dificuldade até girá-las na porta e abrir o carro.

Lee Minhyuk pisou fundo no acelerador e saiu cantando pneus na frente da casa de Yoo Kihyun. Não achava que podia dirigir tão bem quando estava desesperado. Mesmo estando acima do limite de velocidade permitido dentro da cidade, Lee Minhyuk dirigiu até aquela casa cinzenta de janelas brancas novamente. Precisava salvar seu amado, precisava salvar Lee Jooheon antes que fosse tarde demais.

i wanna die | joohyukOnde histórias criam vida. Descubra agora